Última Parada 174 é um filme brasileiro dirigido por Bruno
Barreto e lançado em 2008. O filme conta a história verídica de Sandro Barbosa
do Nascimento, um menino de rua que sobreviveu à chacina da Candelária que
ocorreu no ano 1993, e ele virou noticia no país inteiro após sequestrar o
ônibus 174, mantendo várias pessoas como reféns sob posse de uma arma de fogo.
O longa é estrelado por Michel Gomes, Marcello Melo Jr, Cris Vianna, Anna
Cotrim e André Ramiro. O filme chegou até mesmo a ser escolhido para
representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas não
recebeu a indicação.
Bem, o filme Última
Parada 174 retrata acontecimentos que giram em torno de dois jovens,
Alessandro (Marcello Melo Jr) que havia sido tirado dos braços de sua mãe
Marisa (Cris Vianna) que era viciada em drogas por traficantes. Assim sendo, o
garoto cresce no ambiente do tráfico, se tornando posteriormente um bandido. E
o outro garoto é o protagonista do longa, Sandro (Michel Gomes) que após sua
mãe ter sido assassinada, foi morar com os tios, mas que depois foge para
Copacabana, local dos sonhos de sua mãe. Mas como não tinha muito dinheiro, ele
se envolve com crianças de rua e cai no vício das drogas, foi até mesmo
apelidado de “Alê”.
Dois contextos sociais diferentes são abordados para
desenvolver os dois jovens que por acaso acabam se esbarrando um com o outro. Após
Sandro sobreviver à covarde chacina da Candelária, ele recebe abrigo de uma
ONG, mas acaba fugindo e continua a usar drogas, até que um dia foi preso por
porte de entorpecentes. E é na prisão que Sandro e Alessandro se conhecem, tornam-se
amigos, fogem e passam a conviver juntos. Sandro briga com seu companheiro e
pede ajuda a algumas pessoas que ele conhece, como por exemplo, uma jovem a
quem ele gostava e que trabalhava como garota de programa.
Paralelamente, Marisa agora recuperada das drogas é uma
mulher da igreja e é casada com o pastor local. Determinada a reencontrar o seu
filho, ela passa a acreditar que Sandro, por ter o apelido de “Alê” é o seu
filho, e dessa forma ela o acolhe na sua casa, mesmo a contragosto do marido.
Mas aos poucos ela percebe que “seu filho” não está determinado a mudar e o
expulsa de casa, e é nesse contexto que o jovem rouba uma arma do marido de
Marisa (pastor com porte de arma??), e sequestra o ônibus 174, que termina com
a morte de uma das reféns e Sandro é preso e morto asfixiado dentro da viatura.
O famoso sequestro virou notícia em todo o Brasil no ano 2000.
Bom, analisando os acontecimentos do filme, podemos
perceber que sua intenção principal é fazer de Sandro uma vítima da sociedade.
Ele não sabe ler, não teve oportunidades, foi jogado no submundo e sua morte é
uma consequência de tudo isso. Bruno Barreto obteve bom êxito na direção e os
atores foram ótimos, principalmente o jovem Michel Gomes. Mas senti que o clima
do filme perdeu um pouco do ritmo colocando Alessandro, o verdadeiro filho de
Marisa para escanteio, se bem que sua participação não era tão importante
quanto à de Sandro, afinal, a história do filme é dele.
Mas, mesmo assim
podemos notar que aquele que foi criado com traficantes, se torna traficante,
comete os mais bárbaros dos crimes e no final é visto como alguém com
sentimentos. Sério gente... é difícil engolir isso. Porém, se estamos a falar
de desenvolvimento de personagens, o filme cumpre seu papel, mas de importantes
acontecimentos como a Chacina da Candelária, não sabemos muito como o porquê
aquilo acontece, só sabemos que o protagonista do filme estava lá e que seria
um sobrevivente.
Mas, sinceramente acho muito tendencioso tentar culpar a
sociedade pela vida inútil e infeliz de Sandro Barbosa. O filme dar a entender
que a sociedade não o acolheu e não deu oportunidades grandiosas para que ele
vivesse como um cidadão comum. Mas, espera um pouco... Como assim a sociedade
não deu oportunidades? Pra que serviu a ONG na qual o garoto ingressa e foge de
lá por que quis? Por que ele fugiu quando foi morar com os tios e cair nas
drogas em Copacabana? Por que ele não teve atitude para mudar quando sua
suposta mãe, mesmo que erroneamente o acolhe acreditando ser seu filho, já que
ali ele teria uma chance de ouro para sair do mundo das drogas e do crime? Pra
que diabos ele recusa a aprender a ler e escrever quando alguém lhe oferece a
chance?
Muita gente diz que a sociedade influência na vida dos
jovens e o que eles irão se tornar. Nisso eu concordo. Mas, cá entre nós, não
foi o caso de Sandro Barbosa. Mesmo que ele tenha vivido em um contexto social,
onde é quase que inevitável cair no mundo do crime, as oportunidades para mudar
para um rumo melhor na vida foi o que não faltou para ele! Ele rejeitou tudo o
que talvez pudesse ajuda-lo na vida por que quis, por que foi um tremendo
idiota! Não se deve culpar apenas a sociedade e fazer do cara uma vítima. Isso não
cola. E que apesar dele não ter matado ninguém e sim fingindo matar durante o
sequestro, exceto a professora a quem ele usou como escudo ao sair do ônibus, não
faz dele de vítima coisa nenhuma.
A qualidade do filme Última
Parada 174 é boa, e as atuações conforme já mencionado também. Como uma
produção cinematográfica, o filme foi bem conduzido em sua narrativa, mas Bruno
Barreto infelizmente peca ao desenvolver mal algumas situações e alguns
personagens, e principalmente por trazer uma mensagem por trás altamente
tendenciosa, onde se prestarmos atenção, o próprio filme em si, irá contrariar
qualquer tendência de fazer do jovem protagonista uma vítima, e a sociedade a
vilã da história.
NOTA: 5,5/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
Analisando como cinema, o filme é até bem feito, apesar das falhas que você citou.
ResponderExcluirA questão de culpar a sociedade por crimes individuais é um grande absurdo e infelizmente o roteiro tenta utilizar esta desculpa nas entrelinhas.
O filme perde muitos pontos quando é comparado com o ótimo doc "Ônibus 174" dirigido por José Padilha.
Abraço
Puta critica de merda, forte abraço
ResponderExcluirexceto a professora a quem foi morta pelo despreparo da polcia,
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