Un Cuento Chino é um filme argentino de 2011 que possui um
dos temas que considero ser um dos mais legais para contar uma história dramática, que é
entre outras coisas, a solidariedade. Conhecemos esse filme aqui no Brasil como
Um Conto Chinês, que foi dirigido por
Sebastián Borensztein e é protagonizado por Ricardo Darín, Muriel Santa e
Ignacio Huang. Esse filme foi um tremendo sucesso nos cinemas argentinos
chegando a vencer vários prêmios. Ao chegar aqui no Brasil, o longa conquistou
o público, principalmente por conta do carisma dos personagens e a simplicidade
pelo qual é abordada com tamanha precisão, que nos diverte e emociona.
O filme conta a história de um veterano das Guerras Malvinas, Roberto
(Ricardo Darín), que teve sua vida paralisada há vinte anos por causa de um
duro golpe do destino e desde então vive entocado dentro de casa, sem contato com
ninguém, apenas ao atender clientes em sua loja de ferragens. Sua vida muda
completamente quando ele vê um chinês sendo jogado de um carro, após ser
assaltado pelo motorista. Esse chinês chamado Jun (Ignacio Huang) cruza a vida
de Roberto, pois ele estava à procura do único parente que mora em Buenos
Aires, e sem nenhuma ajuda, Roberto mesmo a contragosto tenta ajudar o pobre
rapaz, lhe dando abrigo. Apesar dos métodos de tentar se livrar dele, o argentino
não tem coragem de larga-lo na rua.
O filme conduz essa trama mostrando a estranha convivência de Jun e
Roberto que nos direciona a vários momentos engraçados. Jun não sabe falar
espanhol e Roberto não sabe falar chinês, assim a convivência de ambos passa a
se tornar um incômodo, mas a empatia e solidariedade consegue barrar qualquer
atitude drástica, que prevemos que poderia acontecer. E mesmo sem entenderem
nada um do outro, uma típica amizade vai se desenvolvendo.
O que nos surpreende é que tanto Jun quanto Roberto tem coisas em comum.
Ambos sofreram perdas e vivem praticamente isolados do mundo. Roberto desde que
sofreu no passado vem questionando o destino, por isso ele coleciona jornais
que noticiavam tragédias, uma diferente da outra. Por outro lado, Jun morava na
China e estava prestes a se casar, mas um acidente envolvendo uma vaca havia
matado sua noiva, e por isso que ele havia saído da China para procurar seu tio
que morava em Buenos Aires, o que ele não esperava, é o que já sabemos, ele se
perde na capital argentina e se encontra agora na casa de um estranho.
É incrível como o roteiro consegue encaixar as peças e mostra que
Roberto e Jun não se encontraram por mero acaso. Tecnicamente, o filme é impecável!
Mas o melhor de tudo é a performance de Ricardo Darín, que mesmo interpretando
um velho rabugento, é o seu carisma diante das câmeras que torna o filme mais
agradável. E isso não é a primeira vez, em outros filmes do ator isso é muito
claro de se notar. Lembramos do vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro O Segredo dos Seus Olhos (2009), outro
filme em que ele participa de uma das histórias, o impecável Relatos Selvagens, e também o
mediano Sétimo (2014), em todos estes
Darín impressiona com sua atuação, e não nos admira que ele seja uma das
maiores referências do cinema da Argentina.
Já o chinês Ignacio Huang reflete muita inocência e tristeza nos olhos.
O filme mostra o que aconteceu com o personagem dele, algo muito triste que é
até mesmo capaz de amolecer o coração do rabugento Roberto. Por fim, Um Conto Chinês é um ótimo filme! Uma
produção simples, mas com uma história emocionante e muito bem interpretada e
conduzida pela direção que trabalhou com delicadeza, sem perder o foco da vida
dos dois personagens principais. Eu o recomendo bastante, tenho quase certeza
que a maioria pode facilmente ser conquistada principalmente pelo carisma
apresentado pelos personagens.
Pânico em Alto Mar lançado em 2006 é uma coprodução da
Inglaterra com a Alemanha, dirigido por Hans Horn e protagonizado por Susan May
Pratt, Eric Dane, Richard Speight Jr e Cameron Richardson. O filme conta sobre
um grupo de amigos que vão passear em um Iate de luxo e ao mergulharem na água,
se esquecem de instalar a escada para retornar à embarcação. E por ser muito
alto, é impossível escalar, deixando o grupo à deriva no meio do mar submetido
a qualquer tipo de perigo, além de enfrentar terríveis torturas psicológicas.
É um bom filme com um enredo clichê. Mas isso não compromete a tensão e agonia
repassada pelo grupo após seu passeio divertido se tornar um pesadelo. O maior
problema que consegui ver foi a falta de inteligência do grupo, principalmente
do dono da embarcação que além de ser chato, é esnobe demais quando um dos
membros do grupo resolve furar a parede do Iate para ter como escalar até em
cima, e o dono tenta impedir por que o barco custou muito dinheiro. Nessas
horas, é natural que pensemos: “Foda-se o
dinheiro! A vida é mais importante!”! Infelizmente nem todos querem pensar
assim.
Eu imaginava que iria aparecer algum tubarão no local para devorá-los,
pois eles estavam completamente vulneráveis e alguns deles se ferem, e o sangue
na água poderia atrair os predadores, mas felizmente isso não acontece. Por que
felizmente? Por que se aparecesse algum animal que os devorasse, o filme
acabaria ali mesmo, não teria a alta dose de tortura psicológica sofrida pelos
personagens quando tenta de todas as formas subir no Iate. E para complementar,
dentro da embarcação estava um bebê, que era filha da protagonista, que havia
ficado sozinha, sem ninguém para vigiá-la, e isso durante muitas horas. Portanto,
não apelar para tubarões foi um acerto do roteiro, o filme aposta mais no desespero
dos personagens, e foi isso que tornou a produção bem mais interessante.
No entanto, o ato final ficou muito vago e sem explicações. Não se sabe
se alguém mais sobrevive ou em que circunstâncias se encontram após todo o
pesadelo que passaram. Acho que o filme deveria ter tido mais alguns minutos
para desenrolar melhor tudo aquilo. Mas, de modo geral, Pânico em Alto Mar teve seus bons momentos, em especial durante o
tempo em que os personagens lutam para voltar para o barco.
E falando nisso, o espectador pensa nas possibilidades de retorno e
torcem para que alguém tenha a inteligência de fazer. Mas, como estão no meio
do mar, há as dificuldades envolvidas que além de misturar com todo o desespero
e sensação de pânico, acabam por fazer com que o grupo sofra mais. Sem contar
na constante revolta contra o dono da embarcação e responsável pela principal
burrice. Sim, nesses momentos há clima de disputa e motivação para sobreviver.
O que acaba estragando tudo, é que nem todos estão dispostos a colaborar.
Pânico em Alto Mar não é um filme excepcional, teve seus
exageros, atuações forçadas e clichês atrás de clichês. Mas como filme de
terror psicológico, o longa conseguiu se sobressair diante de sua premissa
inicial. A direção erra a acerta ao mesmo tempo, o que pode inclusive não ser
agradável para a maioria, mas no fim de tudo, esse filme é um bom passatempo e
vale a pena assistir, principalmente se você gosta de ver agonia na tela.
De vez em quando, é sempre bom passar o tempo assistindo aqueles filmes
típicos de Sessão da Tarde, principalmente quando se trata de um que pode nos
divertir. E acabei de assistir a um filme alemão intitulado Encolhi a Professora que foi lançado
aqui no Brasil em janeiro de 2018 e foi dirigido por Sven Unterwaldt. É um
filme simples, mas que deu para se entreter. Como o filme não é muito conhecido
e acho difícil se tornar, o elenco dar uma força, embora as atuações não passem
de medianas. No filme temos os nomes de Oskar Keymer e Anja Kling, que são os
personagens que mais aparecem, ou seja, os protagonistas.
O enredo do filme é bem clichê, se centraliza em um garoto chamado Felix
Vorndran (Keymer), que estuda em uma escola cuja diretora, Frau Dr. Schmitt-Gössenwein
(Anja Kling), é uma verdadeira peste. Certo dia, Feliz, determinado a se vingar
desta professora, arma um esquema maluco que tem consequências complicadas: a
diretora acaba encolhendo, se tornando uma miniatura de si mesma.
Além da comédia apresentada, o filme apela muito para fantasia logo no
começo, onde monumentos na escola se movem como se estivessem vivos. A
princípio se pode imaginar que poderia ser uma escola mal assombrada, mas passa
muito longe disso. O filme se justifica em relação ao que acontece com a
professora, a um espírito de um homem que pelo que pude entender, domina o
ambiente escolar, e a cada decisão errada por parte dos dirigentes, haveria
consequências que os motivariam a mudar.
No começo, antes da professora encolher, o filme parece um pouco meloso
onde o jovem protagonista se vê meio perdido em uma escola nova. Sua família é
pouco desenvolvida e não há maiores explicações sobre seu passado ou como é a
convivência com o pai, pois a mãe trabalhava fora. Então, no meio desse
ambiente típico de filmes da Sessão da Tarde, a coisa só começa a ficar
interessante quando acontece o evento que dá o título ao filme. Embora após
isso, a voz da mini professora seja tão irritante.
Felix após saber do que houve, carrega a professora consigo até
conseguir um jeito de fazê-la voltar ao normal, mas haverá barreiras pela
frente, principalmente quando aparece a ameaça de fechar a escola. Achei interessante
poder ver a professora que antes só mandava e era extremamente dura, passa
agora a ficar vulnerável nas mãos de um aluno, sendo obrigada a depender
totalmente dele. Ainda por cima, em vista de tudo isso, Felix é zombado por
seus colegas por aparentemente brincar e conversar com uma boneca. No geral, o
filme caminha nesse rumo: a aventura de Felix e sua mini professora em busca de
um meio para fazê-la voltar ao normal, e no meio disso, eles obtém a ajuda de
uma colega da classe de Felix.
Mesmo com alguns furos, atuações um tanto exageradas e uma história que
acaba se perdendo do meio para o fim, Encolhi
a Professora teve bons efeitos especiais e se manteve em uma simplicidade
bacana e singular, embora sua história seja clichê. Como eu disse antes, o
filme deu para passar o tempo e diverte sim em alguns momentos. Sendo
direcionado ao público infanto-juvenil, é bem provável que essas pessoas se
divirtam e gostem do filme, e é muito provável também que um dia ele seja
exibido na Sessão da Tarde, já que ainda ele é um filme recente.
Cast Away conhecido como Náufrago,
é um daqueles filmes em que apenas uma pessoa atua na maior parte dele. E
nada melhor que Tom Hanks para desenvolver esse tipo de papel. O filme foi
lançado em 2000 e foi dirigido por Robert Zemeckis. Tom Hanks impressiona muito
com sua atuação, e não é pra menos, pois ele venceu o Globo de Ouro e foi
indicado ao Oscar de Melhor Ator, e quase conquistou o seu terceiro Oscar dessa
categoria, foi vencido por Russel Crowe por sua também brilhante atuação no
impecável Gladiador.
ATENÇÃO! Em vista
do conteúdo do filme ser bem vasto em relação às situações retratadas na ilha,
esse texto terá alguns Spoilers. Por isso, se você ainda não viu “Náufrago”,
não siga a leitura. Estão avisados!
A história de Náufrago é bem montada, dividida em três segmentos que
retratam situações distintas. Tom Hanks interpreta Chuck Noland, um engenheiro
de sistemas da empresa FedEx, que é obcecado pela pontualidade e trabalho. Isso
acaba afetando um pouco seus compromissos sociais, em especial o relacionamento
com Kelly Frears (Helen Hunt), que mesmo estando prestes a se casarem, a agenda
lotada de Chuck sempre interfere. Em uma ocasião natalina, Chuck interrompe a
festa para resolver um problema na Malásia, deixando tudo para trás, mas
prometendo à sua amada que logo voltará.
Durante o voo em uma violenta tempestade, o avião onde Chuck está cai no
meio do Oceano Pacífico, sendo que ele é o único sobrevivente por ter
conseguido antes da colisão com a água, improvisar uma balsa inflável, mas que
perde todo e qualquer equipamento eletrônico. As ondas do Oceano, o levam para
uma ilha deserta, onde não há nada, apenas a natureza. E é nessa parte que o
filme caminha através de uma narrativa conduzida com perfeição, onde apenas o
ator principal fica em cena, e isso dura mais de uma hora e meia, e esse tempo
equivalem no filme a quatro longos anos em que o personagem se encontra perdido
e isolado naquele local, sem qualquer contato com ninguém. Mas essa uma hora e
meia no filme irá mostrar como Chuck se adapta à natureza.
É como se o filme quisesse retratar a relação humana no meio de muita
solidão. Na ilha, Chuck luta para sobreviver, e o motivo que o leva a isso é
uma foto de sua namorada que ele carrega consigo. No começo, ele enfrenta
muitas dificuldades para conseguir se adaptar. Ele tem de aprender a fazer
fogo, conseguir água potável e comida. Em algumas ocasiões, ele tenta sair da
ilha, mas sempre é barrado por ondas marítimas que o detonam.
Depois de alguns anos, Chuck é visto como alguém selvagem e que já se
adaptou à natureza, não tendo as mesmas dificuldades para conseguir comida e
água, parecia um “homem das cavernas”. Mas, ele calculava a sua provável
localização e o tempo que o permitiria se arriscar no oceano em busca de ajuda
sem que ondas fortes o tragam de volta, e também vários pacotes da empresa onde
ele trabalha vai chegando à ilha, sendo trazidos pela água, e Chuck vai
utilizando aquilo que lhe é necessário.
De modo simples, o personagem é um verdadeiro sobrevivente. E com tanta
solidão que o rodeia, sem qualquer possibilidade de contato, ele cria um amigo
imaginário em uma bola de vôlei, que estava em um dos pacotes que estavam no
avião e que foram trazidos pela água, ele batiza a bola de “Wilson” que era o
nome da marca, e assim ele passa a conversar com “Wilson” a todo o momento,
tentando aliviar um pouco a solidão que o rodeia.
Essa parte da ilha é o segundo ato do filme, e sem dúvida a mais
interessante, pois é nela que Tom Hanks carrega o peso do filme nas costas, e
que devido ao seu grande talento e carisma, ele consegue se sobressair muito
bem, sem ter que apelar para diálogos e expressões forçadas. Como nessa parte
não vemos nenhuma conversa, os monólogos do personagem são também dignos de
serem citados, pois todos devem imaginar ou sabem que criar monólogos não é
assim tão fácil, ainda mais quando isso acontece por mais de uma hora. A
fotografia do filme é belíssima, o longa explora a natureza de uma maneira
formidável e surpreendente, a direção teve cuidado para não deixar nenhum
exagero ou ideia má apresentada.
É incrível como Tom Hanks consegue fazer com que o espectador se
emocione por causa da sua separação de Wilson, que acontece após tentarem sair definitivamente
da ilha, quando a bola se perde no mar. O ator cai em prantos, lamentando por
seu amigo imaginário, repassando muita emoção e tristeza. Ainda nesse segundo
ato, há algumas cenas bem fortes onde o protagonista se machuca quando tenta
fugir ou quando vai fazer o fogo, ainda tem uma cena onde ele vai extrair um
dente que é de doer na alma. Há filmes com cenas parecidas que não repassam
muito a dor, mas em Náufrago, sentimos
cada dor que o personagem sente ao longo filme, é como se nós estivéssemos no
lugar dele. E acredito que isso acontece quando o ator sabe atuar de verdade, e
com Hanks isso não é nem novidade.
Por fim, o terceiro ato do filme é um pouco corrido e não teve um
desfecho que todos esperavam. Mas termina de uma forma digna e plausível, e que
retratou muito bem a relação do homem com a natureza, e a força do instinto de
sobrevivência. Náufrago tem sim a sua
mensagem por detrás do conteúdo, a força dramática é poderosa e não peca quando
sua intenção é nos repassar emoção e agonia, principalmente no segundo ato. É
um filme que não me decepcionou, e claro merece elogios e considerações
positivas.
Um dos maiores filmes da história do cinema, seja pelo sucesso de
bilheteria quanto à recepção do público e também a imortalidade que leva os
mesmos efeitos por várias gerações, vencedor de dez Oscar e uma aclamação geral
da crítica especializada, E o Vento Levou, título original Gone
With the Wind, é um filme que foi lançado em 1939 dirigido por Victor Fleming e é uma adaptação homônima de escrita por
Margaret Mitchell. O filme se ambienta no sul estadunidense no século XIX, na
época da Guerra de Secessão. O filme é estrelado por Viven Leigh (1913-1967),
Clark Gable (1901-1960), Leslie Howard (1893-1943), Hattie McDaniel (1895-1952)
e Olivia de Havilland. É um elenco de peso, e por isso devido ao bom desempenho
deles, a aclamação do filme se tornou ainda maior.
Acredito que para assistir esse filme, a pessoa tem que estar bem
preparada. Por que não é só simplesmente assistir o filme, entender o que ali
se passa e pronto, bem longe disso, E o Vento Levouvai muito além do que uma simples história. O filme é uma
verdadeira aula de cinema e adaptação. Também
a longa duração pode parecer cansativa, me refiro há 238 minutos, é mole? E
falando nisso, foi esse aspecto que me fez adiar tanto esse filme, assim como
também por achar que seria um “novelão”. Mas não é nada disso.
O longa tem uma duração bastante longa por que é necessário, a história
de romance é tão completa que é quase impossível encurta-la, e pra quem admira
as maravilhas da sétima arte, isso não é problema nenhum, sem falar que esses
238 minutos passa que você não percebe. E sobre ser um “novelão”, há quem diga
que as novelas se originaram aqui, por que em quase todas elas abordam temas
românticos em meio a muitos conflitos, que são parecidíssimos com o que vemos
em E
o Vento Levou, mas achar que
por parecer uma novela, não é um filme digno de ser assistido, é uma tolice
muito grande.
Depois que vi o filme, tal suposição foi totalmente esquecida, e
considero mais importante é ver o quão fantástica é essa adaptação e depois de
analisar cada segmento, atuações, cenários, figurinos, levar em conta a época
histórica em que se passa, é praticamente impossível não ficar maravilhado com
esta obra. Por outro lado, sei que há pessoas que não gostaram tanto, o acharam
muito superestimado. E nesse caso, cada um com sua opinião e devemos respeitar.
Todavia, por experiência própria e como admirador desse filme, só eu sei como
foi a sensação que tive depois de ter conferido, assim como todos aqueles que
aclamam esse clássico com muito entusiasmo.
Em primeiro lugar, me encantei ao ver Viven Leigh em cena, afinal quem
também não a admira? O filme gira completamente em torno de sua personagem, a
famosíssima Scarlett O’Hara, que é uma jovem de temperamento forte e o centro
das atenções dos marmanjos (óbvio né), e que nutre secretamente uma paixão pelo
noivo de sua prima. A história caminha nessa linha narrativa sobre uma mulher
apaixonada por alguém que não a corresponde dos mesmos sentimentos, enfrentando
a partir disso, conflitos amorosos e desilusões. O que além de gerar desconforto,
também culmina em possíveis relações amorosas com outros homens, mesmo quando
não se considera apaixonada por nenhum, a não ser aquele que já está
comprometido.
Em segundo lugar, o filme faz contraste desse clima romântico com uma
guerra civil devastadora, que afeta todos naquela região. Quando o filme começa
a mostrar as mudanças que a guerra causa, dividindo os maridos das esposas, é aí
que começa a acelerar o ritmo, porém, sem perder o drama romântico que perdura
entre os personagens, mesmo diante de tanta violência. Entretanto, quando
tragédias passam a acontecer, as disputas amorosas vão ficando de lado, fazendo
com que um cuide do outro.
O filme é dividido em duas partes, onde na primeira narra os eventos que
antecedem a guerra e o inicio dela, e a segunda narra os eventos que sucedem
após várias tragédias causadas no confronto. E mesmo que Scarlett seja a
protagonista mais explorada, há também outro personagem que divide quase que
igualmente a tela; estou falando também do famoso Rhett Butler, que é
interpretado magistralmente por Clark Gable. Ele também é um protagonista, e
sua participação na trama ocorre quase que por acaso após cruzar o caminho de
Scarlett, mesmo sem intenção. O seu desenvolvimento, embora seja diferente de
Scarlett, é bastante útil no que se refere a sua personalidade, ele é um
personagem que servirá como provação em diversas situações retratadas no filme.
Por isso que agora eu entendo que a dupla Gable e Leigh é muito lembrada e em
alguns casos, são citados como exemplo. Butler como o galanteador que não perde
uma, e Scarlett a mulher que hipnotiza qualquer homem.
Falando mais um pouco da personagem de Vivien Leigh, embora seu
temperamento apresentado no filme possa parecer um tanto feminista, é justo
levar em conta que sua maneira de enxergar as coisas em sua volta e por dar
importância à família em momentos de desespero, torna a sua personagem bastante
profunda e carismática. Entendemos também que a personagem Scarlett O’Hara é
bastante complicada e que exigia o máximo da atriz, tanto pelas emoções quanto
pela personalidade rude. Ao pesquisar mais sobre ela, constatei que houve mais
de 1400 atrizes que foram entrevistadas e muitas delas fizeram testes para o
papel, deve ter sido difícil ter escolhido, pois havia tantas atrizes de muito
talento naquela época que sem dúvida fariam uma Scarlett tão bem quanto Leigh,
mas depois de ver o filme, fica difícil imaginar outra atriz interpretando-a.
E o Vento Levou é um
clássico épico e histórico, e que deve ser visto por todo cinéfilo pelo menos
uma vez. A importância desse filme é tão grande, que mesmo hoje 79 anos depois
continua tendo o mesmo efeito. Literalmente, é um filme que não envelhece, não
importa o tempo que passe. Algumas pessoas o consideram como o “melhor filme de
todos os tempos”, eu não posso partilhar dessa opinião por que não me sinto bem
em exaltar filmes que são de fato obras-primas, em relação a outros que também
são obras-primas, mas entendo perfeitamente a aclamação maior por este filme
que marcou época.
Filmes de terror que tem em especial a finalidade de dar sustos, nem
sempre é bem recebido, em alguns casos, se a história for boa o suficiente,
pode arrancar elogios do público. Mas, em filmes que são refilmagens, parece
que não há perdão. O Olho do Mal, título
original The Eye, lançado em 2008 e
com a direção David Moreau, foi uma das refilmagens de filmes de terror que
apenas assustam, e obteve muitas críticas negativas. O filme é estrelado por
Jessica Alba, Alessandro Nivola e Parker Posey.
Sinopse: Sydney Well, interpretada por Jessica Alba, é uma jovem
cega que recebe um transplante de córneas. Depois da operação, ela descobre que
adquiriu o dom de ver pessoas mortas. Para tentar desvendar algo sobre esse
poder indesejado, ela sai em busca da verdade sobre seu doador.
Em opinião particular, eu até que gostei desse filme, mesmo com sua
simplicidade em algumas cenas de mortos meio clichê. A narrativa propõe um
pouco de drama relacionado à vida da protagonista, que é cega desde que sofreu
um acidente quando era criança. Durante boa parte do filme, esse acontecimento
na vida da jovem é abordado, e após sua cirurgia parece que todo aquele
sofrimento havia ficado no passado, e que agora era aproveitar a nova vida.
Nesse ponto, eu concordo que o filme é lento em pegar o ritmo, mas quando pega,
o clima começa a ganhar uma boa dose de tensão, que mistura aparições sombrias
e misteriosas atormentando a protagonista, essa parte do filme é ótima para
acompanhar.
Jessica Alba faz o que pode para manter sua personagem no devido espaço
que tem, ainda que vários acontecimentos como enxergar vultos, alguns deles dão
um susto bem grande no espectador. Sem levar muito para o lado sobrenatural, o
filme passa a explorar bem essas aparições que começam a ocorrer após a
cirurgia.
No entanto, eu achei mais interessante, e acredito que a maioria também
achou, foi o momento em que Sidney não a reconhece em uma foto, e sim ao se
olhar no espelho, ela vê outra pessoa. O longa vai aos poucos caminhando nesse
mistério, o que motiva a protagonista a ir até o fim para saber mais sobre a
vida da doadora e consequentemente descobrir o que são aquelas aparições que
somente ela enxerga.
E é aí que a tensão perde o ritmo. Pois como agora tais vultos não mais
assustam, e o filme passa a partir daí se importar em apenas desvendar um
mistério envolvendo a pessoa que doou as córneas, o terror vai literalmente por
água abaixo, e o desfecho foi muito previsível. Eu ainda não assisti a produção
original e, portanto, não posso fazer comparações entre ambos. Mas ainda com
todos os defeitos, O Olho do Mal dá
para passar o tempo sem ficar depois chateado, mas não esperem um terror de
verdade, pois as chances de se decepcionar serão muito grandes.
Eu sempre costumo fazer listas de filmes que vou assistir em uma semana
ou no mês, mas por conta de alguns imprevistos, fatores habituais no meu dia-a-dia
ou o costume de dar preferência a alguns lançamentos; muitos filmes acabam
sendo adiados. Isso acontece muito, e um dos filmes que sofreu com isso foi Lua de Papel, título original Paper Moon, lançado em 1973 e dirigido
por Peter Bogdanovich. Fazia tempo que eu pretendia ver esse filme, nem lembro
ao certo que ano eu o havia selecionado. E como é inevitável, o arrependimento
é grande por tê-lo deixado de lado, por que o filme é uma obra-prima daquelas
que dificilmente você se esquece.
Lua de Papel é uma comédia dramática simples, porém,
divertida o suficiente para nos cativar e entreter bastante. Estrelado por Ryan
O’Neal e Tatum O’Neal, e vale dizer que não é mera coincidência o sobrenome de
ambos, pois são pai e filha atuando juntos. Lua
de Papel tem um marco memorável na história da sétima arte, pois através
desse filme que o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante foi entregue para a
garotinha Tatum O’Neal que tinha apenas dez anos, se tornando a pessoa mais
jovem a conquistar um Oscar dessa categoria.
A história do filme se passa durante a Grande Depressão nos anos 30, e
por isso foi filmado em preto e branco, nos trazendo através disso uma
fotografia maravilhosa. O enredo do filme gira em torno do vigarista Moses Pray
(Ryan) que costuma aplicar golpes em viúvas, e a garotinha Addie Loggins
(Tatum) que havia ficado órfã e cabe a Moses, a responsabilidade de levar a
garota para a casa de seus parentes, ignorando qualquer possibilidade de que
Addie seja sua filha. No caminho, os dois acabam ficando parceiros, aplicando
juntos golpes para ganhar dinheiro, que juntando a lábia de Moses e a simpatia
de Aggie, a dupla é até hoje conhecida por muitos como a dupla de vigaristas
mais famosa do cinema.
É impossível não se encantar com a química entre os protagonistas, claro
que o fato de serem pai e filha tem contribuído bastante nesse sentido. O filme
te prende de uma forma impressionante! Rimos de várias cenas, as atitudes da
menina para com seu tutor temporário, e vale mencionar que Aggie tem uma
mentalidade bem madura para uma criança da idade dela, isso acaba se tornando
um grande motivo para Moses se aproveitar dela para aplicar golpes diferentes.
Mas, nem por isso ele pode fugir da esperteza da garota que não quer trabalhar
de graça.
Em várias situações em que os dois golpistas se veem inseridos, chega
uma hora em que a missão de levar a garota para a casa dos parentes é
praticamente esquecida. Por que a maneira como eles ganham dinheiro com muita
facilidade juntos, na mente deles sem dúvida, o que importa é isso. Aliás, a
garota não conhece nenhum parente, e por ela se identificar melhor com aquele
que pode ser seu pai, não há alternativa a não ser viver com ele, mesmo que em
vários momentos, seja contra a vontade dele.
E pelo o fato do filme ser um pouco ousado na questão do politicamente
correto, por conter uma criança que fuma e mente de maneira descarada, alguns
podem não aprovar essa ousadia. Por outro lado, se levamos em conta a situação
da época em que é retratada, a vida da garota e sua família como a mãe falecida
e o provável pai, que tendência o filme poderia trazer em relação à menina? Em
minha humilde opinião, isso não foi um fator desnecessário, e sim teve um grau
bem realista envolvido.
Como eu disse no inicio, Lua de
Papel foi um filme que eu adiei bastante, no entanto, eu sabia que o filme
poderia ser bom, mas não imaginava a grandeza estabelecida por um roteiro
bacana, a fotografia impecável e as atuações principais dignas de serem
admiradas, se eu soubesse disso, jamais teria demorado tanto para ver o filme. Mas,
isso é uma coisa que não dar para adivinharmos, às vezes por levar em conta o
que a maioria diz, nem sempre irá ser a mesma coisa com a gente, por isso eu
evito levar em conta a opinião de terceiros.
Mas, após assistir o filme, tenho certeza que pode agradar muita gente
que ainda não viu ou que tem a curiosidade de ver. Como já é evidente, se trata
de uma comédia bem diferente e original, não importando as circunstâncias pelo
qual o filme irá nos retratar. Lua de
Papel é um passatempo saudável que remete também aos sentimentos de perda
ou decepção, seja por meios financeiros ou familiares.
Ao explorar o cinema da
década de 30, posso afirmar que aquela época foi uma das mais marcantes da
história da sétima arte, por que existem grandes feitos de quase todos os
gêneros, citando alguns deles temos o drama, suspense, romance e terror. Além
disso, a comédia é bem vasta e possui grandes obras divertidas e que nos
conquistam facilmente. O que tem me conquistado em especial, foram algumas
comédias românticas da década de 30, inclusive já falei sobre uma delas aqui no
blog (clique aqui). E outro filme do gênero tem sido pra mim um grande motivo
para admirar cada vez mais o cinema daquela década, esse filme é A Oitava Esposa do Barba Azul, título
original Bluebeard’s Eighth Wife,
lançado em 1938, e dirigido por Ernst Lubitsch (1892-1947).
O filme é baseado em uma
peça teatral, e seu título faz referência ao personagem do conto infantil "Barba Azul", embora esse personagem não tenha nenhuma relação com o filme, exceto na
sua personalidade que no filme é refletida em um dos protagonistas. A Oitava Esposa do Barba Azul é estrelado
por Gary Cooper (1901-1961) e Claudette Colbert (1903-1996) esta inclusive foi
a protagonista do filme citado no link acima. Esses dois protagonizam essa
comédia romântica de uma forma bem superficial, que mesmo não indo muito a
fundo na essência de cada personagem, eles conseguem prender a atenção do
espectador devido a excelente química entre ambos no meio de diversas situações
um tanto inusitadas, que nos diverte bastante durante 85 minutos de filme.
Sinopse:
Michael
Brandon (Gary Cooper) é um americano milionário que já se divorciou sete vezes.
Pronto para casar-se de novo, ele encontra a bela e simpática Nicole (Claudette
Colbert) de Loiselle na Riviera Francesa. Apaixonado, pede sua mão. Ela resiste
porque o achou meio arrogante, mas acaba convencida pelo pai, o Marquês de
Loiselle, que está sem nenhum tostão. Na festa de noivado, ela descobre tudo
sobre Michael e, furiosa, consegue um vantajoso acordo pré-nupcial. Depois do
casamento, entretanto, além de recusar-se a consumá-lo, Nicole ainda finge um
romance com um amigo, e tudo isso faz com que Michael vá à loucura.
O filme como um todo gira em
torno dos dois. Inicialmente, vemos um pouco de cada um, suas personalidades e o
comportamento diante das pessoas. Vale frisar a cena do começo onde Michael
entra em uma loja de roupas onde planeja comprar um pijama e logo de cara se vê
incomodado com um vendedor chato que fica falando o tempo todo. Essa cena serve
como uma pequena amostra de como o filme vai caminhar em direção ao humor, sem
extrapolar o romance que é prometido no pôster e sinopse. Na verdade, eu achei
que essa abordagem inicial é uma forma bacana de ver que rumo o filme irá
tomar, e é por isso que nesse exato momento, a personagem Nicole aparece e
cruza o caminho de Michael. Então, o clima do filme passa a ser bem típico, o
homem apaixonado persegue a mulher aonde quer que ela vá.
No entanto, o filme nos dar um
forte indício logo no começo que Michael é um homem que não entende dos princípios
relacionados ao amor. Sua personalidade reflete muito bem as pessoas que se
aproveitam dos bens que tem para comprar o que quiser, o que inclui comprar uma
futura esposa. E isso é claro quando ele conhece o pai de Nicole, que mesmo
antes de ter uma conversa com a moça, ele já acerta tudo para o noivado. Achei
interessante esse aspecto, por que antigamente as mulheres não tinham liberdade
de escolher seu marido, quem fazia isso eram seus pais. No caso do filme isso
não é diferente, mas o legal aqui, é que o pai de Nicole louco por dinheiro age
de maneira extremamente cômica a cada vez que se mencionava dinheiro envolvido
no casamento. As cenas dele são hilárias demais, e esse foi um dos pontos
fortes na comédia apresentada.
O filme pode ser dividido em
duas partes, onde a primeira conta os eventos que antecedem o casamento de
Michael Brandon e Nicole, e a segunda após esse evento. As duas partes possuem
cenas pra lá de engraçadas, conforme já foi mencionado, o pai de Nicole é um
dos personagens principais, no que diz respeito a roubar a cena em situações
engraçadas. Mas depois do casamento da filha, o foco passará a ser ela e seu
marido. Como foi mencionado na sinopse, Nicole faz um acordo onde ela seria a
detentora de vários bens, e para piorar a situação de Michael Brandon, que fica
em uma espécie de beco sem saída, sem poder se divorciar para não perder metade
dos seus bens, ainda tem de enfrentar a rigidez de sua esposa que dorme em
outro quarto, e nem sequer lhe da um beijo. (Exceto nessa cena abaixo, só que
se tratou de um beijo com gosto de cebola, e por sinal é uma cena muito hilária).
Poderíamos até mesmo imaginar
que essa oitava esposa pretendia roubar tudo de seu marido, mas esse não é o
caso. A intenção de Nicole que chega a afirmar que ama seu marido, é dar uma
lição nele, para que ele deixe de ser egoísta e respeite os direitos que uma
esposa deve ter, mesmo que para isso tenha que magoá-lo muito. E durante esse
festival de torturas emocionais e psicológicas, acontecem muitas cenas
divertidas, onde na maioria delas o milionário Michael Brandon age como uma
criança, tentando aprender a como dominar sua esposa, e claro sempre se dando mal
em tudo. A química entre Claudette e Gary é sensacional, e na minha humilde
opinião foi isso que tornou o filme bem eficaz em seu objetivo. O final talvez
não seja previsível para algumas pessoas, mas terminou muito bem e deixou uma
mensagem que eu particularmente considero muito importante, principalmente para
os casais que enfrentam problemas no relacionamento.
Por isso, recomendo que
assistam A Oitava Esposa do Barba Azul, que
é mais uma das grandes relíquias da década de 30, uma comédia romântica de alto
nível que além de nos divertir a cada instante, nos traz uma mensagem peculiar
em relação a atitudes machistas e egoístas motivadas em especial por interesse
e prazer próprio. De acordo com as leis brasileiras, esse filme se encontra em
domínio público, o que significa que você pode assisti-lo à vontade. E em
respeito a isso, recomendo que assistam no site VK, acessando este link.
Lembrando que se você ainda não tem um cadastro no site, que o faça de forma
gratuita para poder conferir o filme.
Essa semana, eu resolvi dar uma conferida em um dos piores filmes da
história. Sim, eu já conhecia a fama desse filme, e por mera curiosidade me dei
ao luxo de apreciar essa “maravilha”. Essa postagem será um pouco irônica,
então não estranhem caso se deparem com alguma parte em que eu faço algum tipo
de sarcasmo. Mas por que irei fazer uma postagem assim? Bem, ás vezes é preciso
desabafar quando assistimos coisas ruins, nesse caso, não será um desabafo,
pois como eu disse, eu estava ciente da porcaria que é esse filme. Portanto, o
que eu quero mesmo é soltar o verbo (moderadamente claro) contra esse filme que
não é recomendável para nenhum ser humano.
O nome dessa “obra-prima” é Birdemic:
Shock and Terror, lançado em 2008 e dirigido por James Nguyen, que segundo
ele, tentou fazer algo parecido com o clássico Os Pássarosde Alfred Hitchcock, mas por favor, não comparem o mito
Hitchcock e seu brilhante filme de pássaros com essa caganeira que apareceu em
pleno século 21, e também não adianta dizer que a má qualidade se deve ao baixo
orçamento que não cola, pois conheço muitos filmes com orçamento muito mais
baixo que são infinitamente melhores do que esse. Pra ser bem sincero, eu não
sei se o diretor resolveu fazer uma “bomba” de forma proposital, por que realmente
quando começa o filme, logo nos momentos iniciais, é como se o diretor tivesse
falando: “para de assistir, enquanto há
tempo.” O começo é muito chato! São 3 minutos acompanhando um carro na
estrada, enquanto toca uma música de fundo tão irritante que dá nos nervos. Eu
vou soltar spoilers, por que eu sei
que a maioria das pessoas não se importam em saber coisas desse filme, mas se
não quiser saber algumas revelações, não siga a leitura.
Bem, dividimos o filme em duas partes, em que a primeira mostra um
romance muito chato, entre um vendedor de Software chamado Rod (Alan Bagh), que
logo “nos cativa” com sua “brilhante” atuação, e uma jovem chamada Nathalie
(Whitney Moore), que com certeza nunca pisou em uma sala de teatro na vida. O
filme acompanha o envolvimento dos dois nos primeiros 45 minutos de filme, onde
não acontece absolutamente nada, nada de ataque de pássaros e nem mesmo uma
cena de sexo entre os pombinhos, só tem blá, blá, blá. Se você está achando que
só foram apenas a falta de clima romântico e tensão no filme, você não viu foi
nada. Nessa primeira parte, assim como toda a produção, o filme é repleto de
erros, como por exemplo, cortes mal feitos, falas mecânicas, fotografia
ridícula, música de fundo de quintal, cenas aleatórias que nada contribuem no
filme, roteiro mequetrefe e principalmente as atuações toscas e medonhas, no
sentido extremo mesmo! São 45 minutos de pura enrolação, sem conteúdo, um
enredo fraquíssimo, cenas mal feitas, aliás, parece que foi gravado com uma
câmera de celular, em que mal dá pra captar o som, e como se não bastasse em
várias ocasiões que a câmera acompanha os personagens de longe. Se já estava ruim,
eles ainda fazem questão de deixar a coisa pior.
Quando chega o momento em que Rod e Nathalie vão para um motel de quinta
categoria, a gente pensa: agora sim a coisa vai ficar boa! E então o que
acontece? Nada! O cara não faz nada com a mina, a não ser esfregar seus pés nos
pés dela. Quando começa o ataque dos pássaros na cidade, lá nos 47 minutos, a
cena vem do nada, não há contexto pra ela. E o ataque? É as mil maravilhas!
Juro pra vocês que mesmo sabendo como seriam as cenas, eu caí na gargalhada.
Pra quem não sabe, os pássaros desse filme “maravilhoso” fazem barulhos de
avião e os pios são terríveis, doem os tímpanos de quem tá escutando, e ao se
chocarem nas casas e árvores, eles explodem, como se fossem pássaros kamikaze.
Putz... E os efeitos das explosões? Meu Deus do céu. Queria saber quem foi o
responsável pelos efeitos especiais, para poder dar os parabéns pelo excelente
trabalho!
Quando o casal sai do quarto, eles se juntam a outro casal ali, e saem
do motel armados para se protegerem das aves, e com que eles se armaram? Pasmem!
Eles saem do motel com cabides para se protegerem. Oh, meu Deus do céu. A cada
cena que passava a coisa ficava pior, não por causa do ataque dos animais, mas
pela bizarrice que filme fazia questão de mostrar. Quando os dois casais entram
em um carro depois de lutarem com seus cabides “mortais”, eles passam a usar
armas... (Por que não pegaram logo ao invés de usar cabides?) E quando atiram,
é munição que não acabava nunca, e para piorar eles atiravam para o nada, e sem
contar que os efeitos de tiro não combinavam com o som. Tudo mal feito e tosco!
Quando os pássaros atacam, as cenas são de deixar qualquer um
boquiaberto, por que simplesmente são gifs colados na tela, e os “atores”
lutando contra o vento. Além disso, o modo como as aves ficam fixas não tem a
menor lógica. Elas ficam com as asas abertas enquanto estão paradas. Que aves
são essas? São de outro mundo? Elas conseguem driblar as leis da física? Sério
pessoal, a gente tem que rir pra não chorar diante dessa ofensa ao cinema. E mais
absurdo ainda, quando eles saem de carro na estrada atirando pra tudo que é
lado eles encontram e salvam duas crianças e lá na frente fazem um piquenique a
céu aberto. Como isso é possível? Se as aves estão atacando tudo e todos, qual
a lógica de fazerem um piquenique a céu aberto? Ao invés de estarem lutando
para sobreviver, estão agora passeando se divertindo? É sério gente, não sei
como eu tive tanta paciência para aguentar isso, mas enfim, eu escolhi ver por
que sou curioso demais, então não posso culpar ninguém a não ser eu mesmo.
Agora eu quero compartilhar com vocês a melhor cena do filme. Após uma
garota ser morta, o namorado dela (não estou me referindo aos dois
protagonistas), tenta salvar pessoas presas dentro de um ônibus, onde os
pássaros estão atacando. O cara pega a sua arma, atira contra as aves, mas não
acerta o ônibus e muitos menos as pessoas que estão ali, é como se o ônibus
fosse à prova de balas, mas não à prova de pássaros... Vai entender. E o pior
não é nem isso, e sim quando esse cara metido a herói entra no ônibus e tira as
pessoas à força e note que elas não estavam a fim de sair, e assim que saíram
foram atacados pelas aves que atiraram uma coisa gosmenta que até agora estou
tentando entender se é vômito, cocô ou urina, e faz com que as vítimas morram,
em uma atuação pra lá de emocionante... E outra cena pra lá de absurda é quando
um velho tenta roubar a gasolina do protagonista que havia pagado caro por ela,
e quando esse velho é morto por um dos pássaros, ao invés do camarada recuperar
o galão de gasolina, ele entra no carro e abandona o combustível. E lá na
frente ele reclama quando a gasolina do carro acaba... “Pelas barbas do profeta,
como tu é burro cara!”
Então caros leitores, mesmo com toda a bizarrice vista em Birdemic: Shock and Terror, que chega a
ser algo inacreditável, o filme ficou muito famoso por justamente ser ruim. E a
Severin Films adquiriu os direitos de exibição e transformou Birdemic em um dos filmes mais
conhecidos na categoria dos piores filmes já feitos, e o sucesso acaba chegando
até mesmo a bancar uma continuação, pois mais incrível que possa parecer. O
filme Birdemic: Shock and Terror é
considerado um dos piores filmes da história. E como experiência pessoal, eu
não vejo onde posso elogiar essa produção, e sim comentar e criticar os
absurdos que somos submetidos a acompanhar, e é por isso que escrever esse
texto foi muito divertido para mim, ao invés de ser um desabafo, por que eu
sabia que o filme é tão ruim que chegaria a ser engraçado, todavia, eu não
recomendo o filme, a não ser que você seja uma pessoa muito paciente e que
tenha força de vontade em ter que aguentar noventa longos minutos de lixo puro.
Se conseguir isso, você é um(a) guerreiro(a).
NOTA: 1/10
O trailer do filme está no vídeo abaixo, como uma pequena amostra dessa “obra-prima”,
se quiserem assistir o filme completo, pesquisem no YouTube que você o encontra
para assistir com legendas em português. Divirtam-se!