sexta-feira, 30 de junho de 2017

ANACONDA



Se existe um bicho que mais aterroriza o ser humano, esse bicho sem dúvida é a cobra. Pensando nesse medo, temos o filme da Anaconda para comentarmos aqui. É um filme norte americano de 1997 dirigido por Luis Llosa. No seu elenco contamos com os nomes de Jennifer Lopez, Jon Voight e Ice Cube. Se ambientalizando na Amazônia, que é o lugar perfeito para um filme desse tipo, uma vez que as anacondas são mais encontradas nessa região. 

O filme aborda um grupo de documentaristas viajando pela bacia amazônica à procura de uma tribo indígena, conhecida como Shirishama. No meio do caminho, eles acabam encontrando Paul Sarone, interpretado por Jon Voight, que estava pedindo socorro, pois perdeu seu barco no meio da enchente. Aos poucos ele vai ganhando a confiança do grupo, principalmente quando ele salva a vida de um casal que quase foi atacado por um javali. Um dos acordos de Sarone com o grupo é ajudá-los a encontrar a tribo, já que sua vida fora salva. O filme tem uma história muito simples, que se resumida pode acabar revelando tudo o que acontece. Porém, vou destacar alguns pontos cruciais para vermos que embora o filme seja pequeno, ele é um dos clássicos de terror mais conhecidos da década de 90. 

Um dos principais motivos disso é uma inovação, pois ao abordar animais, mesmo quando sabemos muito bem que anacondas (ou sucuris) não costumam comer seres humanos. Mas aqui o que vale é o terror. Durante o filme, os documentaristas aos poucos vão percebendo que Paul Sarone tem segundas intenções, a principal delas é capturar viva uma gigante anaconda que vive naquela região. Ambicioso e calculista, Paul arquitetou todo o seu plano, o que ele realmente queria era um barco apropriado para capturar o animal. Assim, os documentaristas ficam como reféns, quando Sarone revela seu objetivo. Todavia, um deles fica do lado do caçador ambicioso, pois ao saber que a cobra viva vale muito dinheiro, rapidinho ele se une a Paul na captura. Vale dizer que essa parceria não terminou muito bem. 

Em meio a muitos conflitos entre os personagens, o que prevalece é o clima tenso em certas partes do longa. E não é só uma cobra não. Percebemos que existem duas no filme, mas poderia ter mais, quem sabe? Vale destacar as cenas onde um ser humano é devorado e até sendo cuspido pra fora, saindo do estômago da cobra repleto de meleca, uma cena pra lá de nojenta! Conheço pessoas que sentem náuseas sobre essa cena, o que é bem difícil ver e não fazer careta. Em termos de atuações, o filme é tosco. Se salvando apenas Jennifer Lopez e Jon Voight. 

Falando da cobra, o nosso principal personagem: os efeitos que a geram são super bem feitos, pra mim de todos os filmes de cobra que já tive a oportunidade de assistir, esse foi o que teve uma mais realista. Nos momentos, onde ela engole uma pessoa inteira é aterrorizante! Hoje não tem tanto impacto assim, mas antigamente, eu me lembro que a cena da cobra devorando uma pessoa viva era de rasgar o estômago!  Uma curiosidade interessante e que vale a pena dizer aqui é que cobras como as anacondas, não têm veneno. Sua arma contra suas presas é simplesmente o abraço mortal. Que é o movimento onde a cobra enrola seu corpo sobre a presa e aperta até matá-la sufocada, e o filme não foi além desse detalhe, em todas as cenas onde a anaconda agarra alguém, ela o sufoca. Característica única dessas cobras!  

Anaconda gerou sequências. Embora em minha opinião só se salva os dois primeiros, os seguintes devem ser vistos para perceber que as histórias estão interligadas uma com a outra. Mesmo que os recentes apelam mais para ficção do que apenas mostrar o terror que é um animal gigante, e ainda por cima o bicho mais temido pelas pessoas. Esse foi o caso desse primeiro filme, pra ele não interessa como surgiu aquela cobra, o que importa realmente é o que ela faz dentro do filme, na intenção de impressionar o público. 

Alguns indagam se existem realmente cobras de grande porte. Eu digo que sim. Já vi documentário onde mostram cobras de 6 a 9 metros de comprimento, e se trata exatamente da anaconda ou sucuri. Mas ela come pessoas? Eu só vi isso em filme. E segundo especialistas, anacondas não andam atrás de gente e sim de presas convencionais. Vale a pena dar uma conferida. Anaconda é um filme que além de terror é bastante divertido, tendo seus destaques nos efeitos especiais. 

NOTA: 6/10

Veja o trailer do filme abaixo: 

terça-feira, 27 de junho de 2017

O BEIJO DO DRAGÃO



Jet Li estava no auge de sua carreira ao estrelar o filme O Beijo do Dragão lançado em 2001, e teve a direção de Chris Nahon. Além de Li, o longa conta com as participações de Bridget Fonda e Tchéky Karyo. Em uma história simples, mas bem elaborada mostrando uma conspiração dentro da polícia francesa que detesta os estrangeiros, sobretudo os chineses. O Beijo do Dragão teve como um de seus produtores o próprio Jet Li, que também escreveu a história no qual o roteiro foi baseado. 

O filme de ação como esse tem sua estrutura que envolve conspiração, prostituição, corrupção e violência a pessoas de diferentes raças e nacionalidades. No longa, Lui Jian (Jet Li) é um especial agente do governo chinês que é enviado à Paris para uma missão que ele mesmo não conhece os detalhes. Ao chegar lá ele é apresentado ao inspetor da polícia, Richard (Tchéky Kayro), que será seu colega de trabalho. Sua missão é tentar capturar um gangster chinês que estava no país e levá-lo vivo para a China. No entanto, o ambicioso Richard que detesta os chineses, arma uma emboscada para Lui, usando suas prostitutas para seduzir e matar o gangster e depois incriminar Lui Jian, a quem ele passa a chamar de Jhonny. 

Entretanto, é muito interessante ver que o personagem de Li não é nem um pouco burro. Além de ser calculista, ele é duro na queda! Mesmo sem sua arma, ele luta contra os capangas de Richard sem muito esforço, e mesmo encurralado numa cena da lavanderia, ele consegue escapar e ainda roubar uma fita de gravação que prova sua inocência e derruba a reputação de Richard. Nas cenas de luta, Li usa ferro quente e até uma bola de sinuca, onde ele chuta no ar acertando a cabeça de um bandido, uma façanha que nem mesmo os craques do futebol fariam. São momentos eletrizantes para quem gosta de ver uma boa pancadaria! 

Também é bom lembrar um detalhe misterioso, Lui tem uma pulseira no braço cheia de agulhas, em alguns momentos ele enfia essas agulhas em certas parte do corpo da pessoa. Notamos que se ele colocar do lado do pescoço, a pessoa adormece. Em outro momento, há uma cena em que dois policiais tentam pegá-lo, ele usa novamente essas agulhas, mas não da pra ver exatamente onde ele põe, sabemos apenas que os dois policiais ficam paralisados. E no fim do filme ele usa novamente essas agulhas, dessa vez causando um efeito devastador na vítima. Então, isso é um mistério que até hoje não entendi no filme, só sei que o título do longa tem tudo haver com essas agulhas, mas que suas funções são meio surreais, isso é inegável.

O filme é como um jogo de gato e rato. Um precisando provar sua inocência e o outro preocupado com a gravação que depõe contra ele. Há momentos de tensão quando Lui é novamente encurralado numa embarcação, onde ele teria passado a fita para um representante da embaixada chinesa, que acabou sendo morto, pois os homens de Richard, os estavam vigiando. Mais cenas de luta acontecem, e novamente Lui escapando. Acho intrigante e ao mesmo tempo engraçado que o personagem Richard é aquele típico policial que não tá nem aí pra população e nem mesmo para seus ajudantes, matando-os quando se vê necessário e até mesmo de modo desnecessário, pois ele em vários momentos do filme dispara sua arma e foda-se aqueles que tiverem na frente! 

O ponto que inicia sua escapatória é quando Lui conhece Jéssica (Bridget Fonda), uma americana que foi obrigada por Richard a se prostituir, ela por sua vez flerta com Lui e este acaba desenvolvendo um afeto pela garota, em especial quando ela o ajuda a costurar seu braço, que foi ferido em uma das perseguições que sofreu de Richard e seus comparsas. Após defendê-la de seus "superiores" que estavam agredindo-a, ela não vê outra saída a não ser se juntar a ele nessa briga. Ela tem lá seus motivos, mas o medo por conta de que sua filha única está nas mãos do corrupto policial francês, acaba fazendo-a tentar retroceder. Mas é convencida pelo chinês que promete resgatar sua filha e pôr um fim nas maldades de Richard. 

Jet Li está em ótima performance! Em suas lutas, seus movimentos são espetaculares, e não era pra ser diferente, já que ele é um mestre em kung fu. Bridget Fonda cumpriu bem seu papel, embora esse filme tenha sido o último longa famoso dela, pois a partir daí ela aparece muito pouco em produções dos anos seguintes. Já Tchéky Kayro que é um ator francês já consagrado e com uma imensa filmografia no currículo, sua atuação neste filme foi épica, pois seu personagem era meio louco e obcecado, talvez um dos mais malvados vilões do ano de 2001. O Beijo do Dragão é considerado um dos melhores filmes do Jet Li, mesmo com uma história simples, e criada por Li, você pode ver facilmente um filme bem completo e fotografado, além de ter ótimas lutas e uns toques dramáticos!

NOTA: 8/10

Veja o trailer do filme no vídeo abaixo: 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

A CAÇA (2012)



Nos nossos dias, é comum que as pessoas desenvolvam ódio por certos tipos de gente. Em especial, quando se trata de pedófilos. Molestar uma criança inocente nos causa revolta. Já aconteceu em muitos casos da população linchar o criminoso, ou seja, fazer justiça com as próprias mãos. Muitas pessoas concordam com tal ato, mas já parou pra se perguntar se o acusado é mesmo pedófilo? Uma menina o acusou de ter mostrado suas partes íntimas, e ela não mentiria quanto a isso, portanto, ele é um molestador sexual e que merece pena. Na maioria das vezes, por haver uma acusação vinda de uma criança, dificilmente alguém irá discordar dela, não é mesmo? No entanto, um filme dinamarquês lançado em 2012, intitulado A Caça nos faz refletir sobre questões desse tipo.

O filme foi dirigido por Thomas Vinterberg e estrelado por Mads Mikkelsen. O filme se ambienta numa cidadezinha dinamarquesa em vésperas de Natal. Lucas (Mads Mikkelsen), professor do jardim-de-infância, é acusado de agressão sexual e passa a ser alvo de perseguição por toda a comunidade. O filme foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto (2012) e competiu no Festival de Cinema de Cannes daquele ano, em que o ator Mads Mikkelsen ganhou o prêmio de melhor ator. 

Para você se dar conta de como ás vezes agimos ou pensamos de maneira injusta. Eu particularmente gostei muito do longa, me fez refletir muito. Mostrando que um julgamento precipitado causa dor e sofrimento a todos os envolvidos. Também nos traz uma triste realidade da nossa sociedade hoje, nos dando assim a reflexão necessária para saber que as pessoas são ingênuas e em meio a situações onde não conhecemos bem os fatos, acabamos por julgar de maneira errada as pessoas, e muitas vezes apelando para a violência, como se isso fosse resolver a situação. De modo direto, A Caça é um drama bem elaborado e traz uma mensagem peculiar a certas situações que têm de ser tratadas com o devido cuidado. O cinema dinamarquês tem suas qualidades e que devem ser exploradas, e esse filme é um exemplo claro disso. 

No filme, Lucas é um homem recém-divorciado que tenta refazer a vida, ao conseguir trabalho numa creche, ele todos os dias tem contato com muitas crianças. A princípio, sua relação com os alunos é boa e saudável, uma colega de trabalho aproxima-se dele e acaba por tornar-se sua namorada. Porém sua vida é completamente arrasada quando ele é injustamente acusado de ter abusado de Klara (Annika Wedderkop), uma garotinha do jardim-de-infância, sob a alegação de ter-lhe mostrado sua genitália. Na verdade, Klara havia sido exposta a material pornográfico por seu irmão mais velho, que lhe mostrara a fotografia de um pênis ereto. O que embasou seu relato confuso envolvendo Lucas. 

Ao confessar para a diretora da escola sobre isso, ela contata um psicólogo para fazer perguntas meio embaraçosas para a garota. Nesse momento, notamos que a diretora e o psicólogo acreditam na menina, e suas perguntas apenas servem para dar respaldo à aquilo que eles querem ouvir. Percebemos que as perguntas são feitas de modo condicional, para que a garota em meio ao constrangimento, apenas afirme que Lucas a molestou. E é interessante que em vários momentos, Klara chega a negar sua acusação, mostrando que ela não tem certeza de nada do que falou. Ainda assim, as pessoas preferem acreditar na acusação. Não percebem que Klara é apenas uma menininha inocente que talvez ficasse afetada psicologicamente ao ver um pênis ereto, não de Lucas, mas de um material pornográfico usado por seu irmão mais velho. 

Falando do injustiçado Lucas, depois da acusação de abuso sexual sua vida vira um inferno, literalmente falando. Ele perde o emprego, a namorada, passa a ser odiado por todos na pequena cidade e até mesmo sendo agredido verbalmente e fisicamente. E os problemas não param por aí, antes de ser acusado, Lucas aguardava ansiosamente por seu filho Marcus para a véspera de Natal. O que ele não imaginava é que Marcus também seria alvo de críticas em relação ao seu pai e também sendo agredido por alguns homens da cidade. Sem se falar na cachorra de Lucas, que foi morta de modo brutal, causando a revolta de seu dono. A injustiça era tão grande, que eu já estava com raiva daquelas pessoas. 

Vale destacar também que o pai de Klara é o melhor amigo de Lucas, e a acusação de sua filha afetou a amizade entre ambos. Lucas chega a ser preso, mas é solto, pois a polícia havia encontrado contradições na história de Klara e de outras crianças que estavam espalhando a história no vilarejo. Esse foi um ponto de partida para as pessoas verem a inocência de Lucas, mas não acontece isso. Ao ir fazer compras num supermercado local, Lucas é brutalmente agredido pelos funcionários, em uma cena revoltante! 

Até mesmo o pai de Klara não havia enxergado a real situação de seu amigo, e durante uma missa, Lucas revoltado com tudo o que estava acontecendo acaba agredindo o homem dentro da igreja na frente de sua família. Embora nada justifique a ação tomada por Lucas, mas se nos colocarmos na situação dele, podemos compreender o motivo para tal ato extremo. Por outro lado, Lucas nunca destrata Klara mesmo após a acusação, pois ele sabe que a garotinha tem uma mente fértil e pode ter imaginado coisas, e de fato foi isso que aconteceu! 

A atuação de Mads Mikkelsen foi ótima, e a fotografia do filme é linda e chamativa! E o filme ensina uma importante lição! Não devemos julgar precipitadamente sem saber dos fatos envolvidos, mesmo que pedofilia seja um crime bárbaro e passível de punição severa, temos de ter cuidado para não injustiçar ninguém. E também o filme mostra que uma pessoa sendo uma vez marcada, será sempre marcada. Nem sempre as pessoas esquecem-se da fama de alguém, seja essa fama boa ou ruim, verdadeira ou não. É triste saber que mesmo injustiçadas, as pessoas nunca terão 100% do perdão geral. Em resumo: é um excelente filme dramático e reflexivo! Com boas atuações e uma direção cheia de talento! O cinema dinamarquês ganhando seu espaço no mundo. 


NOTA: 8,9/10

Veja o trailer do filme no vídeo abaixo:

sexta-feira, 23 de junho de 2017

QUE HORAS ELA VOLTA?


O Brasil é um país onde há desigualdade entre pessoas de classes sociais diferentes. Algumas vezes, isso gera conflitos em ambas as partes quando confrontadas com seus diferentes modos de vida. Acontece que a falta de convívio pleno e satisfatório entre pessoas de diferentes classes pode resultar em preconceito que uma tem com a outra. Por exemplo, um homem de negócios sempre é bem visto no mundo capitalista, ou seja ele é o máximo, o sucesso total e citado para todos como modelo para os demais integrantes da sociedade, a riqueza muitas vezes é mostrada como seu triunfo pelo seus esforços, diferente do principal fundamento da desigualdade que a pobreza é encarado como o fator principal do fracasso de alguém. 

O texto a seguir contém spoilers!


O longa-metragem brasileiro Que Horas Ela Volta? de Anna Muylaert que foi lançado em 2015 trata especificamente disso. Trazendo uma crítica a desigualdade social no Brasil. Estrelado por Regina Casé, Camila Márdila e Karine Teles, o filme conta a história de uma pernambucana que trabalha como empregada doméstica para uma família de classe média em São Paulo. Sendo tratada com "se fosse da família" por seus patrões, Val (Regina Casé) trabalha arduamente, além de morar no quarto dos fundos, que por sinal é bem pequeno.

Nesse início, notamos várias das grandes diferenças entre os ricos e os pobres. O filme retrata de maneira esplêndida as desigualdades da sociedade capitalista. Cada tipo de organização social estabelece as desigualdades, de privilégios e de desvantagens entre os indivíduos. Temos como exemplo, algumas cenas iniciais do filme, onde Val presenteia sua patroa com um conjunto de xícaras, e ela por sua vez a manda guardar para uma ocasião especial. Nessa ocasião especial, Bárbara (Karine Teles) dá uma bronca em Val, quando esta usa as xícaras para servir os convidados de mesma classe social que sua patroa. 


Outra cena, vemos a maneira como dona Bárbara ignora Val em vários momentos quando esta quer lhe falar algo, portanto, suas palavras depõem contra a mesma, quando diz que Val é alguém "da família". Mas não devemos encarar dona Bárbara como uma pessoa má, até por que ela trata Val muito bem, apesar de ser sua empregada, ela quase nunca a destrata ou fala de maneira rude, salvo na situação descrita antes. Uma situação interessante é quando percebemos que dona Bárbara é uma estilista bastante atarefada e por isso seu único filho, Fabinho (Michel Joelsas) tem sido criado desde pequeno por Val. Que de certo modo, é uma maneira de compensar o abandono de sua filha Jessica, após deixá-la junto com os avós em Pernambuco. 

Voltando a falar da vida de Val como empregada e babá do filho de sua patroa, ela por sua vez, recebe a notícia que sua filha Jéssica (Camila Márdila) está indo à São Paulo prestar vestibular. Ansiosa pra ver sua filha, Val pede permissão aos seus patrões para receber sua filha enquanto ela consegue alugar um apartamento. Nisso, Bárbara, seu Marido Carlos (Lourenço Mutarelli) e Fabinho ficam ansiosos para conhecer a filha de Val. No entanto, é a partir desse momento que o filme se alarga na mensagem que quer repassar para o público.


Jéssica ao saber que sua mãe mora na casa dos patrões começa a questioná-la. Sem entender as diferenças sociais em ambas as famílias, ela não consegue seguir algumas regras básicas, como por exemplo, não comer na mesma mesa dos patrões ou não usar o quarto de hóspedes. Por ser filha de uma empregada, de acordo com o "padrão" capitalista ele deveria ser tratada como tal. Não é por que não trabalha como doméstica, mas sua classe a deixa em uma posição "inferior", isso de acordo com os de classe mais alta. Val fica em um dilema sobre o comportamento de sua filha, que não aceita de nenhuma maneira as diferenças sociais.

Entretanto, existe um flerte entre Jéssica e Carlos, este a todo momento trata a filha da empregada como alguém da alta sociedade, inclusive duas das regras que Jéssica teria de seguir foram violadas por influência de Carlos em relação a moça. Já outra regra que Val pôs para sua filha seguir enquanto estivesse na casa de seus patrões era a respeito da piscina. Nenhum empregado (ou filho(a) de empregado) deve nadar na piscina de seus chefes, porém, Jéssica é de algum modo induzida a se divertir na piscina, para o desespero de sua mãe.


Além dos conflitos entre patrão e empregado, temos também entre mãe e filha. Porém, há um mistério envolvendo as duas que a medida que o longa caminha nos é revelado um segredo, digamos assim fatal! O que motivará Val a fazer uma difícil decisão, como consequência ao sentimento de culpa que esta carrega desde que deixou sua terra natal. Há momentos de revolta da parte de Jéssica, pois não se considera pior do que ninguém. E inconformada com a vida que sua mãe leva uma vida de "escrava"; ela causa conflitos entre Bárbara e Val. O que antes era um convívio amigável se tornou incômodo, pois uma das partes age como uma rebelde que não respeita as diferenças entre eles.

Que Horas Ela Volta? é um dos melhores (se não for o melhor) filme brasileiro dessa década. A direção de Anna Muylaert é impecável! O modo como ela deixa a câmera fixada num único lugar em vários momentos do filme, e deixando que os atores se manifestem de maneira natural. Vale destacar a brilhante atuação de Regina Casé. Confesso que não vou muito com a cara dela, mas interpretando uma pernambucana batalhadora e brilhando no sotaque nordestino, eu fiquei abismado na primeira vez que assisti essa obra e aplaudi seu desempenho. Sua atuação lhe rendeu prêmios como Melhor Atriz em vários festivais de cinema no Brasil e ao redor do mundo.


A personagem de Regina Casé é bastante sofrida, o que leva a ser um drama produzido com primor, por que o que impressiona é o seu carisma desde o início, isso já faz com que conquiste o público e o induz a assistir o filme até o fim. Já sobre Fabinho, não podemos deixar de destacar o seu modo de encarar as coisas. Ele trata Val como sua própria mãe, já que foi esta quem o criou, e quando está em busca de consolo, é nela a quem ele vai recorrer. Outro ponto que chama atenção é que a família de Bárbara quase não interage entre si, cada um no seu mundo, geralmente o mundo virtual. Enquanto Val pensa o tempo todo na sua filha e no bem estar da mesma, apesar dela ser muito rude com a mãe no filme, e que nem mesmo a chama de mãe, pois foi criada pela avó.

Esse filme merece ser visto e refletido com a mensagem que ele repassa sobre os acontecimentos que ocorrem nele. Uma mensagem criticando a desigualdade social no nosso país, sendo muitíssimo elogiada pelos amantes de cinema, muitos deles o considera o melhor longa-metragem brasileiro, outros como o melhor filme nacional da década. Em vista disso, é muito satisfatório ver que o cinema nacional evoluiu muito nos últimos anos. Chega de dar publicidade exagerada para comédias repetitivas! Uma arte como o cinema é perfeito para retratar o nosso modo de vida e a nossa sociedade sendo exposta de uma maneira linda para o mundo ver e admirar! 


NOTA: 10/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

quinta-feira, 22 de junho de 2017

A PROPOSTA



Imagine que você está trabalhando honestamente e sua chefa é enjoada pra caralho e que te coloca em uma enrascada de propósito só pra se safar de um problema dela, quando você não tem nada a ver com isso! Colocando assim o seu emprego em risco. Essa é a situação de Andrew Paxton (Ryan Reynolds), quando é obrigado a forjar um casamento com sua chefa Margareth Tate (Sandra Bullock), apenas para livrá-la de um problema. 

O filme A Proposta lançado em 2009 e dirigido por Anne Fletcher trata-se da situação descrita acima. Sandra Bullock e Ryan Reynolds protagonizam esta comédia romântica com muito estilo e, diga-se de passagem, os dois são atores brilhantes! Com momentos hilários e uma atuação brilhante de Sandra, o filme vale a pena ser visto. 

Como já mencionado, Sandra interpreta uma chefe dominadora que, de repente, se vê em vias de ser deportada para o Canadá. É quando lhe surge a brilhante ideia de propor casamento ao seu assistente e assim conseguir um visto de permanência nos Estados Unidos. Dando início a várias trapalhadas do falso casal, em especial quando estes vão passar uns dias na casa da família de Andrew, incluindo sua avó. Que deseja muito ver o casamento do Neto e juntamente com a mãe do mesmo, que se esforça em acelerar o processo, fazendo com que Margareth e Andrew vão à loucura temendo que alguém descubra o acordo deles. 

Margareth precisa provar perante todos que ama Andrew, senão sua carreira, empresa, tudo o que ela fez na vida, ia por água abaixo. Como é de se imaginar, depois de passar vários dias juntos, mesmo não dormindo na mesma cama, os dois acabariam se apaixonando. Isso acontece devido a vários ocorridos, como Andrew salvando a vida de Margareth após esta cair na água, abraços e beijos na boca mesmo disfarçados, e também o momento em que eles se esbarram um no outro, estando os dois completamente nus. O que era de se esperar que acontecesse? Já prevemos isso ao se dar conta da situação.

Sendo um filme engraçado, dramático e também romântico, o filme nos traz momentos que é pra serem lembrados após vê-lo. Imaginamos uma situação dessa na vida real, e perceber que fingir esta apaixonado por alguém é algo extremamente difícil, em especial quando ambas as partes não se dão um com o outro, o que gera inúmeros conflitos. Porém, há um detalhe interessante, e que convém para um filme com este tipo de tema: a convivência. Isso é capaz de unir preto com branco de uma maneira única. Para um filme onde conteria umas pitadas de romance, isso é mais do que evidente, notamos isso ao longo de A Proposta e como os personagens são envolvidos e são notórias algumas mudanças de comportamento.

Em poucas palavras, o filme A Proposta diverte seu público sem muito esforço. Pois com uma linda fotografia e montagem, a obra contém excelentes atores que conseguem formar um clima mais agradável de ver. O filme só seria ruim se não fosse bem executado, o que convenhamos não é o caso.


NOTA: 6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo: 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

OPERAÇÃO INVASÃO 2



É inegável o estouro que foi o filme Operação Invasão. O que era um filme simples com um roteiro fraco que fez muito sucesso? Um cinema que era até então desconhecido no Ocidente? Gareth Evans ficou mundialmente conhecido por dirigir essa saga, que por sinal já promete continuidade, pois se tornou um filme de grande sucesso, Evans dirigiu a segunda parte da história, que na verdade a história de Operação Invasão 2 foi escrita primeiro. Talvez por falta de recursos, uma história anterior foi feita e adaptada para o cinema, fazendo então essa ligação com o segundo filme.

O texto a seguir contém leves spoilers!
 
Operação Invasão 2 foi lançado no Brasil em 2014, novamente estrelado por Iko Uwais que encarna novamente o policial Rama. Nesse novo longa, acontece após os acontecimentos do primeiro filme, quando eles conseguem sair do prédio infernal invadido por 20 policiais, e que apenas três sobreviveram. Com um roteiro mais completo que o anterior, o filme conta como Rama se infiltra num sindicato do crime local, para poder acabar com a corrupção da sua própria unidade.

A história aqui é bem mais interessante e completa em relação ao primeiro filme, é claro que não o torna inferior, os dois filmes são de níveis altíssimos! O irmão de Rama, que o ajudou a sair do prédio no filme anterior, é morto por um gangster. E para poder proteger sua família, ele terá que se disfarçar, ajudando um grupo de policiais honestos que anseiam em acabar com a corrupção dentro da própria polícia. Fingindo ser alguém que não conhece nada, Rama passa três anos na prisão para poder se aproximar do filho de um dos chefões da cidade, e assim conseguir um trabalho com eles, além disso ele consegue fazer amizade com o filho do mesmo.

O roteiro completo em um filme com 150 minutos de duração. Parece longo, mas foi necessário para poder desenvolver os novos personagens. Temos a participação de Yayan Ruhian, o Mad Dog do primeiro filme, no entanto, aqui ele interpreta outro personagem e sua aparência é muito diferente. Muitas pessoas criticaram esse ponto, pois Mad Dog havia morrido no primeiro filme, e usar o mesmo ator para fazer outro personagem foi uma má ideia. Até concordo com isso, mas Ruhian é um lutador, e seu novo personagem também lutaria no filme. Sem contar que ele é um pouco desenvolvido, tomamos conhecimento até de sua família. Enfim, pra mim o fato de Ruhian voltar com outro personagem não estragou de maneira nenhuma o filmão que Operação Invasão 2 é.

É óbvio, no entanto, que sua história contém muitos diálogos, e a maioria deles sendo essencial para entender o que se passa no filme. O filme é bem realista na questão da violência, contém algumas cenas de mutilação bem fortes, o que motivou à censura a classifica-lo como inadequado para menores de 18 anos. 

Assim como o filme anterior, as lutas são maravilhosamente coreografadas! Uma sequência dentro da prisão em meio a um lamaçal chega a ser incrível! Também vale destacar a montagem perfeita das sequências onde um rapaz luta com um taco de beisebol, a garota do martelo e o assassino violento, bem montado e mostrou grande competência. Já as lutas finais lembram um pouco os jogos de vídeo game, onde os lutadores passam por fases, enfrentando um adversário mais difícil do que outro até chegar ao chefe. E ao contrário de alguns filmes de ação, nosso protagonista luta até o limite, ou seja, ele cansa mesmo quando o seu serviço ainda não está completo.

Não posso deixar de mencionar a luta na cozinha, onde acontece a pancadaria mais alucinante de todo o longa. Sendo um lugar todo branco quando a luta começa e quando ela termina, o lugar está banhado de sangue. Uma cena épica e que não será esquecida facilmente! Pra ser bem sincero, Operação Invasão 2 é o melhor filme de ação do século e um dos melhores do gênero que já assisti até hoje. O filme é isso: pancadaria, violência, sangue, máfia, espionagem e instinto de sobrevivência. Muito superior ao anterior levando em conta o roteiro super preparado. O filme não deixa a desejar em nenhum aspecto, e agrada sem dúvida alguma quem gosta de ação. 

NOTA: 9,2/10

Veja o trailer no vídeo abaixo: