quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O PROTETOR (2005)


Sabe aquele filme em que a violência nele contida é capaz de fazer cair o queixo? Pois é, O Protetor é um desses filmes. Título original Tom Yum Goong, é um filme tailandês lançado em 2005 e é estrelado por Tony Jaa, que havia ficado mundialmente conhecido com o filme Ong Bak. Novamente com a direção de Prachya Pinkaew, este filme traz uma história simples, porém, um pouco mais dramática. E mesmo que o filme contenha alguns furos, o seu maior impacto está no grau de violência, cenas de luta maravilhosamente coreografadas e grandes participações especiais, duas delas é a aparição de Nathan Jones, o gigante; e também temos a imensa honra de ver um brasileiro atuando no filme, mas especificamente em uma luta épica contra Tony Jaa, estou falando do capoeirista Lateef Crowder.

Sinopse: Kham (Tony Jaa), um jovem lutador, precisa ir para a Austrália recuperar seu elefante roubado. Com a ajuda de um detetive, Khan tem que lutar contra todos, incluindo uma gang liderada por uma mulher maligna e seus dois guarda-costas mortais.


No começo, poderíamos imaginar que o ambiente do filme se passaria na mata, pois o protagonista junto com seu pai vive em uma aldeia, onde criam elefantes. Um desses elefantes é muito apegado com Khan que ainda era criança, pois eles passeiam juntos, o acompanha até a escola, brinca e tudo mais. Depois que esse elefante tem um filhote, Khan passa a considera-lo como seu irmão mais novo. Mesmo que elefantes não sejam animais de estimação, vale mencionar que em alguns países do sul e sudeste asiático, existem pessoas que o criam assim como um cachorro ou um gato. Então, podemos concluir que a família do protagonista sejam uma dessas pessoas.

No entanto, o filme chega a abordar algumas lendas sobre um rei, que em uma guerra ele utilizava os ossos de seu elefante contra os inimigos. No começo não entendemos o que essas lendas querem dizer, mas aos poucos ela é mencionada depois que um grupo de mercadores roubam os dois elefantes de Khan sob as ordens de uma traficante que reside em Sidney na Austrália. O protagonista ao descobrir, viaja para o exterior à procura dos elefantes, que para ele são parentes. E é aí que o ambiente do filme muda completamente, pois o que antes eram as matas, agora se torna a bela e movimentada cidade de Sidney, onde será palco de uma guerra, por assim dizer.


O filme tem a participação do ator Petchtai Wongkamlao, que havia interpretado o Humlee em Ong Bak, aqui ele faz um papel de sargento da polícia chamado Mark, onde acaba por cometer alguns delitos na área onde reside, principalmente quando ele liberta um preso que era seu conhecido. Mas ele não é um vilão. Quando Khan chega a Sidney, ele logo entra em uma encrenca ao pegar um táxi que na verdade era roubado. Um jogo de perseguições se inicia, quando os bandidos descobrem que alguém está atrás dos elefantes roubados, mas eles se aproveitam da encrenca envolvendo o táxi e os delitos do sargento Mark para fazer a mídia perseguí-lo. Mas, Khan não está nem aí se a polícia está atrás dele ou não, seu único interesse é recuperar seu “parente”.

Como dito no inicio, a violência do filme é tão grande que é capaz de nos deixar de boca aberta. Tony Jaa no filme Ong Bak utilizava em suas lutas, especialmente técnicas de Muay Boran (Muay Thai antigo), aqui além de usar esse estilo, ele também apela para chaves de braço e nas pernas, que são capazes de quebrar os ossos das juntas. E isso acontece em todo o filme. Por isso, Tony Jaa ficou conhecido como o “esmagador de ossos”, uma denominação que caiu muito bem nele. Há inclusive uma cena em que Khan luta contra dezenas de homens, e que todos eles terminaram com os ossos quebrados, no entanto, é uma cena bem surreal, por que imagine: enfrentar diversos caras, em que na maioria deles estavam armados com faca e você sozinho, realmente é pra quem tem sangue no olho.


Sua luta contra o capoeirista acontece dentro de um templo que havia sido incendiado, uma cena histórica pra ser bem especifico! E o gigante Nathan Jones é um dos principais adversários do protagonista. No entanto, é durante a luta contra ele que o lance da lenda do rei vem à tona, e nos dá uma breve explicação sobre como aquilo poderia se cumprir naquele momento, pois parecia mais uma profecia, porém o filme não entra muito em detalhes a respeito disso, talvez isso fosse confundir muito o espectador.

Agora uma das principais façanhas do filme O Protetor dando todo crédito ao diretor é a cena que Khan invade um restaurante que ficava no quarto andar (se não me engano) de um prédio controlado pelos responsáveis pelo roubo dos elefantes. Nessa cena em que a câmera acompanha o protagonista subindo as escadas do local, lutando contra capangas durante mais de 4 minutos, sem nenhum corte e sem nenhum erro. Sim, essa é a principal façanha desse filme, claro que nada comparado com o brilhante plano de sequência visto no filme Festim Diabólico (1948), mas isso pode fazer com que os cinéfilos, principalmente aqueles que não são muitos fãs desse gênero a reconhecerem a qualidade dessa cena, que para mim é épica, uma das melhores que já vi.

No fim de tudo, O Protetor é um ótimo filme a ser assistido e reconhecido, não apenas pelas lutas, mas pela qualidade técnica. Tony Jaa realmente impressiona! Aqui ele não apenas se elevou mais ainda na carreira, como também inovou um novo estilo diferente para filmes de artes marciais. Um reconhecimento merecido e que nos agrada a ponto de acompanhar mais ainda a carreira do astro. 

NOTA: 8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

MENOS QUE NADA


Os dramas em que chamam atenção para o lado mental, em especial quando o assunto é uma doença se torna importante para aqueles que se interessa por temas assim, seja por curiosidade ou para fins acadêmicos. O filme Menos Que Nada lançado em 2012 e dirigido por Carlos Gerbase fala sobre esse tipo de assunto de uma maneira eficaz e muito bem feita. A história se centraliza em um caso de um paciente que sofre de esquizofrenia e o desenvolvimento do filme é feito a partir de depoimentos de pessoas que conviviam com a paciente antes de surtar e depois ser internado. O filme é estrelado por Felipe Kannenberg, Branca Messina, Maria Manoella e Rosanne Mulholland. A produção recebeu diversos elogios do público, em especial dos psicanalistas, que o consideraram uma excelente abordagem sobre o que se passa na mente de um esquizofrênico e também a maneira em como um tratamento diferente pode obter bons resultados na intenção de recuperar parcialmente a memória e trazer a pessoa de volta à realidade, mesmo que seja por um breve momento.

Sinopse: O drama nacional Menos Que Nada conta a história de Dante (Felipe Kannenberg), um homem que está internado em um hospital psiquiátrico com diagnóstico de esquizofrenia. Ele não fala com ninguém, nem recebe visitas, permanecendo indiferente ao mundo. Isso até a jovem psiquiatra Dra. Paula (Branca Messina) se interessar mais profundamente pelo caso, após ver Dante surtar no pátio do hospital. Disposta a desvendar as relações sociais do seu paciente, a médica faz uma série de entrevistas com pessoas que conviviam com ele antes do internamento, como o pai, a professora, uma amiga e um antigo amor.


Eu em particular, adorei o filme, não apenas pela interessante história, mas pelo ótimo desenvolvimento e as excelentes atuações principais. Dentro do contexto social, o filme faz uma imensa crítica sobre o modo em como os pacientes de um hospital psiquiátrico são tratados, sejam por métodos brutais ou condições horríveis de ambiente. Quando o filme começa a filmar o hospital onde o protagonista está internado, Gerbase faz questão de expor as condições deploráveis do lugar e a aparência dos pacientes. Também mostra a maneira em que as pessoas são esquecidas como se não houvesse nada a fazer para ajudar, e que embora a esquizofrenia, por exemplo, é uma doença incurável, os responsáveis pelo hospital deveriam se preocupar com as atualizações de medicação e os prontuários. Logo de cara, nos deparamos com uma triste realidade, e o que nos consola é saber que existem profissionais que realmente levam seu trabalho a sério, conforme acontece com uma das co-protagonistas do filme.

Dante não é mostrado no filme apenas como o doente mental. Antes de ser internado, ele vivia normalmente, embora seu comportamento seja visivelmente excêntrico. Quando criança, em uma das cenas iniciais, ele é repreendido pela mãe por apenas brincar com uma menina, alguns talvez possam concluir que a mãe de Dante não é normal, e dessa forma talvez possa ter passado a doença geneticamente para o filho, o que explica um comportamento diferente da parte do mesmo, e embora o filme não afirme isso em nenhum momento, tal conclusão pode ser plausível. O jovem Dante não teve uma infância e muito menos uma juventude feliz, isso por que ele sofre com grandes perdas, o que inclui a sua mãe. E por causa disso, ele passa a crescer junto com seu pai, que quase não dava a detida atenção para o filho, devido ao seu trabalho como policial. Isso pode muito bem significar que o isolamento do jovem Dante também contribuiu para o desenvolvimento de sua doença, e é interessante notar que ninguém suspeita que haja alguma errada com ele, mesmo diante de seu estranho comportamento, é aquela típica situação: se não aparenta estar doente, então não está. Isso infelizmente é comum, pois muitas pessoas carregam consigo uma doença que se desenvolve silenciosamente, mas ninguém se apercebe disso, até que ela se manifeste.


Quando o protagonista está internado, ele desperta a atenção da bela Dra. Paula, que ao ver o surto de Dante, ele fica cavando um buraco sem propósito algum, depois ele pressente um perigo, faz ato sexual com uma cadeira, e de repente alguma coisa o ataca e depois de uma briga ele cai morto, após horas ele acorda, volta a cavar e faz tudo de novo. A médica tenta procurar um significado para aquilo que ele sempre faz. Ou seja, a médica quer realmente saber como o paciente enxerga o mundo, o que produz a sua imaginação, seja real ou ilusão, isso tornaria mais fácil procurar um motivo para tais atos ou então a causa para a doença. E é isso que a Dra. Paula faz, por isso eu acho ela a melhor personagem do filme, por que é a única que se importa de verdade com o Dante, e que mesmo contra os conselhos do diretor do hospital, que relata que o paciente pode se tornar perigoso a ponto de feri-la, ela é firme na decisão de fazer seu estudo de caso com ele. E para isso, ela precisa investigar o passado do seu paciente, suas convivências e costumes, a fim de se aprofundar nitidamente na vida dele, e descobrir a real causa de seu surto.

É aí que o filme entra em um estilo de desenvolvimento extremamente interessante, que apela para flashbacks sobre o passado de Dante, que o vemos como um estudante universitário de arqueologia. Esses eventos são contados de acordo com a visão do depoente, no caso aqui se trata das pessoas que conviviam com Dante, e a Dra. Paula obteve inicialmente três nomes, o da professora, o pai e a amiga de infância, aquela por quem a mãe de Dante o repreendeu por apenas brincar com ela. Essas pessoas passam a contar como era a vida do rapaz, levando em conta seu próprio ponto de vista. E todos esses depoimentos são gravados com câmera de vídeo pela médica que depois mostra ao paciente, em uma tentativa de fazê-lo lembrar do passado.


No depoimento de Berenice (Maria Manoella), a amiga de Dante, ela conta que o reencontrou após muitos anos depois de vê-lo na tv em uma reportagem sobre arqueologia, onde realmente Dante estava presente junto com outros universitários. Um ponto de partida de extrema importância para a trama como um todo, está na descoberta de fósseis encontrados num barranco que pertence a Berenice e seu marido Ciro. E Berenice, ao entregar um fóssil a Dante, o que desperta o ciúme doentio de Ciro, ele acaba por mostrar o artefato para uma importante arqueóloga, a Dra. Renê (Rosanne Mulholland) a quem Dante passa a se apaixonar. E ela motivada pela ambição de uma grande descoberta, usa Dante para roubar mais fósseis, o que desencadeia uma perseguição da parte de Ciro, que se convence de que o roubo foi efetuado pelo amigo de sua esposa. Esses eventos, misturados com a ganância de Renê, a tristeza de Berenice e os acontecimentos que antes já tinham afetado o protagonista contribui para aquilo que já prevíamos. Um grande quebra-cabeça é montado aos poucos, e isso é em si, um grande feito do diretor Gerbase. Além disso, ele escolheu lindas locações no Rio Grande do Sul, que fez com que o filme tivesse uma fotografia memorável.

Vale destacar as atuações. Felipe Kannenberg arrancou grandes elogios com seu desempenho de um doente mental, que ficou a cargo das interpretações mais difíceis, que variam com olhares, expressões faciais e atitudes assustadoras. Branca Messina como a dedicada doutora Paula, é o ponto alto e forte, devido à maneira em como ela encara a realidade e o tamanho esforço que ela dedica com seu trabalho. Maria Manoella e Rosanne Mulholland se saem muito bem com seus papéis distintos um do outro, embora elas sejam as mulheres da vida de Dante, algo que acaba o tornando frágil, fazendo-o com que tome decisões precipitadas e depois não há como voltar.


“O amor alimenta a loucura ou seria o contrário?” Essa é a reflexão que Carlos Gerbase deixa a cargo do espectador, isso por que todas as peças do filme podem gerar múltiplas interpretações sobre a verdadeira causa da esquizofrenia de Dante, e também que ele passa a dar seu próprio depoimento, pois o novo tratamento da Dra. Paula fez com que ele voltasse um pouco à realidade. Todavia, fica a pergunta: devemos acreditar nas palavras de um esquizofrênico? Enfim, a reflexão fica a nosso cargo.

Entretanto, o filme não escapa de alguns defeitos, o principal deles é a atuação tosca e medíocre de Ciro, o marido de Berenice que foi interpretado por Alexandre Vargas, a atuação é tão ruim que chega até mesmo a irritar, outro ponto desnecessário são as cenas de sexo, embora um envolvimento entre os personagens tivesse de acontecer, os momentos da transa não contribui com nada, a não ser que cena de sexo é algo obrigatório para o cinema nacional, mas tudo bem, dar pra engolir essa falha, por que a narrativa do filme em sua totalidade agrada muito que esquecemos esses detalhes.

Menos Que Nada é um filme muito recomendável, mas infelizmente ele não é muito conhecido entre o público, seu pôster e sinopse pode não interessar a maioria das pessoas, no entanto, se você que estiver lendo esse texto e desejar dar uma conferida nesse filme, uma simples recomendação eu darei: assista com a mente aberta, pois como se trata de um drama psicológico, só assim você entenderá a essência que o filme pretende repassar, também não espere soluções para a doença do protagonista, tenha em mente que o problema dele não existe cura. A mensagem e crítica geral do filme se encontram em seu desenvolvimento e forma de lidar com situações extremas, porém, altamente delicadas. 

NOTA: 8/10


Veja o trailer no vídeo abaixo:


sábado, 25 de novembro de 2017

VELOZES E FURIOSOS: DESAFIO EM TÓQUIO


Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio foi o terceiro filme da franquia a ser lançado, focando-se em um novo grupo de personagens e um local diferente. Dirigido por Justin Lin e com roteiro de Chris Morgan, o filme teve seu lançamento em 2006 e obteve sucesso na bilheteria, embora tenha sido detonado pela maioria dos críticos. Em seu elenco contamos com Lucas Black, Bow Wow, Nathalie Kelley, Brian Tee, Sung Kang e uma participação especial de Vin Diesel, que retorna a franquia, pois ele tinha aparecido apenas no primeiro filme.

Sinopse: Sean Boswell (Lucas Black) é um adolescente superficial e infeliz, que usa as corridas de rua como válvula de escape. Seu envolvimento irresponsável nas corridas fez com que Sean tivesse problemas com a polícia anteriormente. Após bater com o carro, e como forma de evitar a prisão, Sean é enviado para Tóquio, onde passa a morar com seu pai. Em sua nova cidade, Sean fica inteiramente deslocado até conhecer Twinkie (Bow Wow), que lhe apresenta as corridas de drift. O drift é uma mistura de derrapagem e velocidade, que ocorre em circuitos bastante perigosos. Sean logo se empolga com a novidade, o que faz com que se envolva com os corredores locais.

O filme possui uma história bem simples, mas que não inova em nada, exceto o famoso estilo de derrapagem. Se bem que esse filme conseguiu ter mais adrenalina do que +Velozes +Furiosos, porém ele não consegue superar o primeiro filme. Quando só existiam os três, é compreensível que muitas pessoas não entendiam como que esse filme faz parte da franquia se ele não tem absolutamente nada a ver com a história do original? Houve realmente muitas dúvidas a respeito disso, e que embora Dominic Toretto tenha feito uma ponta neste, não há nenhuma explicação sobre como os filmes se interligam. E isso foi algo que acabou sendo muito criticado, mas não por muito tempo.

Quando foi lançado o quarto filme, o personagem Han (Sung Kang) aparece como um dos amigos de Toretto, então muitos concluíram que Desafio em Tóquio não é o terceiro filme se levar em conta a ordem cronológica. E de fato é isso mesmo. No decorrer da franquia, todos os filmes se encaixam perfeitamente, o que fizeram muitos passasse a apreciar ainda mais cada uma das produções. A história de Desafio em Tóquio se passa na verdade entre o sexto e o sétimo filme.

Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio nada mais é do que pura diversão, sem muitos mistérios e dramas. O intuito do filme é divertir, e isso ele consegue muito bem, em especial se gostamos de adrenalina em alta velocidade. Embora esteja muito longe de ser o melhor filme dessa franquia, é necessário assisti-lo para podermos ter uma noção da história dos corredores malucos, sedentos por velocidade. E mesmo que muitos não tenham gostado do filme por conter novos personagens, que em sua maioria não corrobora com nada nas sequências que vem após este, ele serve apenas para desenvolver a amizade entre Sean e Han, que são os únicos que tem uma participação melhor para a franquia como um todo, principalmente o japa.

E vale mencionar que o filme é repleto de clichês, tais como o protagonista que luta para impressionar a garota mais linda da turma dos corredores, e que ela namora justamente o vilão da história, e é aí onde passa a ocorrer àquela típica disputa pelo coração da garota. Os famosos rachas são do mesmo estilo dos filmes anteriores, apenas com a diferença nas derrapagens, o que o torna um estilo mais difícil de executar, e isso foi uma boa novidade. De maneira resumida, Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio é um bom filme, mas nem tanto assim, vale a pena mesmo para acompanhar um desenvolvimento maior na história que contribuirá muito para a história do sétimo filme. 

NOTA: 6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

CASO 39


Casos de violência à criança sempre será visto como algo repugnante. Porém, será que podem haver casos em que a criança não é a verdadeira vítima? No filme Caso 39 a resposta é sim. Dirigido por Christian Alvart e lançado em 2009, Caso 39 é um filme de suspense e terror que chama a atenção para casos envolvendo crianças, mas a surpresa do filme está no fato da criança envolvida não ter nada de inocente. Estrelado por Renée Zellweger, Jodelle Ferland, Ian McShane e Bradley Cooper, o filme mostrará como uma assistente social adota uma menina após salvá-la dos pais que queriam mata-la, só que aos poucos ela vai percebendo que a criança não é comum, e que seus pais tinham bons motivos para querer a menina morta.

Esse é mais um filme do subgênero “crianças malditas”, algo que o cinema já está recheado, por isso, não espere que Caso 39 irá inovar em alguma coisa, pois os clichês predominam. A história do filme é bem interessante: a assistente social idealista Emily Jerkins (Renée Zellweger) luta para salvar uma criança chamada Lilith Sullivan (Jodelle Ferland) das mãos de seus pais abusivos. No entanto, a mulher descobre mais tarde que a garota não é tão inocente quanto parece e a situação é mais perigosa do que ela poderia imaginar. Seus amigos e pessoas do trabalho são assassinados por seus próprios filhos, e a assistente social descobre que todas essas mortes foram obra de sua filha adotiva. A filha começa a praticar atos estranhos e o desespero começa a rondar à solta. Lilith começa a ameaçar Emily, e ela tenta matar a garota antes que seja tarde demais.


A princípio não suspeitamos de que havia algo errado na criança, por que seus pais só de olhar a cara deles já é suficiente para concluirmos que eles são loucos, principalmente durante a conversa que eles têm com a assistente social, que lhes faz uma visita depois de receberem uma denúncia de maus tratos a uma criança. Durante o desenrolar do filme, descobrimos que Lilith é na verdade um demônio, até o nome dela faz referência a isso. Mas uma coisa chata de acompanhar é que esse demônio é vulnerável quando dorme, sendo esta a única chance que as pessoas têm para mata-lo.

Caso 39 é um filme que começa bem, tem um bom desenvolvimento, mas erra feio no desfecho, causando decepção. Renée Zellweger consegue praticamente segurar o filme sozinha com sua boa atuação, mas nem isso consegue apagar um dos piores erros que já vi nos filmes. Sendo Emily uma assistente social dedicada com seu trabalho, é mais do que óbvio que ela não ficaria sem o seu celular por muito tempo, mas no filme ela perde o celular e só se dá conta dois dias depois. Aonde isso se encaixa? Por outro lado, a atriz mirim Jodelle Ferland muda o clima do filme com sua personagem que foi muito bem interpretada, mas de meio para o fim, houve momentos de tensão e desespero por parte de Emily que já havia descoberto que na verdade o hóspede em sua casa era um demônio que estava consumindo-a, e o que poderia levar para um final melhor, acabou decepcionando, conforme já mencionado.


De modo geral, assistir a esse filme pode ser uma boa experiência, caso você goste muito de filmes do gênero, mas os defeitos são gritantes e que julgando por esse lado, o filme pode ser considerado esquecível, ou um simples passatempo. Um aspecto interessante sobre essa produção, é que ela foi filmada em 2006 e devido a muitos problemas, seu lançamento se deu apenas em 2009. Houve também um incêndio em um dos sets de filmagem, devido a uma cena em que conteria fogo e que acabou perdendo o controle. Em resumo, Caso 39 é sim um bom filme, mas que não deve ser assistido com grandes expectativas. 

NOTA: 6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

domingo, 19 de novembro de 2017

PÂNICO NA FLORESTA (2003)


Quem é acostumado com filmes de terror, sem dúvida já viu muitos em que existem assassinos sanguinários. Desde a década de 80, o cinema de horror é repleto de filmes em que um vilão se diverte matando pessoas. Pra falar nesse texto de um filme assim, escolhi o longa Pânico Na Floresta, título original Wrong Turn lançado em 2003 e que teve um baixo orçamento, cerca de 10 milhões de dólares. Dirigido por Rob Schmidt, o filme é estrelado por Desmond Harrington, Eliza Dushku, Emmanuelle Chriqui e Jeremy Sisto. O título em inglês significa “curva errada”, isso acaba fazendo com que o título brasileiro tenha sido uma idiotice, e de fato é. Mas não vamos falar do título aqui no Brasil, e sim do conteúdo do filme.

O filme se centra em Chris (Desmond Harrington) que é um estudante de medicina a caminho de uma entrevista de emprego. Mas um acidente na estrada interfere em seus planos, e o fazem recuar e escolher um caminho alternativo onde num momento de distração, ele acaba batendo em outro carro que estava parado no meio da estrada. Ali ele encontra cinco jovens: Scott (Jeremy Sisto), Carly (Emanuelle Chriqui), Francine (Lindy Booth), Evan (Kevin Zegers) e Jessie (Eliza Dushku). O carro desse grupo teve os pneus rasgados com arames que foram deixados misteriosamente no meio da estrada. Chris se junta a eles em busca de ajuda, deixando Evan e Francine no carro, e ao encontrarem uma velha cabana no meio da floresta, eles encontram lá várias armas e muita carne. Logo eles percebem que aquela casa pertence a um grupo de canibais deformados, que já havia matado Evan e Francine, os dois integrantes do grupo que ficaram no carro.

É dessa forma que o filme Pânico na Floresta se desenvolve, os personagens ao se darem conta de onde foram parar, tentam desesperadamente escapar dali o mais depressa possível, antes que se tornem a comida das criaturas. O filme não dá muitos detalhes sobre esses canibais, a não ser as notícias logo no inicio de pessoas deformadas e desaparecidas. Mas isso acaba por gerar inúmeros furos de roteiro. Um deles é o fato do polícia nada saber sobre o que acontece e quem vive naquela região, vale mencionar uma cena onde há diversos carros, que eram as outras vítimas da família de canibais. Outras falhas do filme se encontram na cena onde os personagens pulam do alto de uma torre para os galhos de uma árvore próxima, onde eles passam por galhos pequenos e pontudos, mas não se machucam.

Pra quem é acostumado com filmes de terror, não vai se impressionar com a violência deste filme, sejam nas mutilações ou mortes brutais. Os canibais não são identificados por nome, exceto nos créditos finais. Eles se comunicam através de rugidos e são extremamente fortes e duros na queda, e isso é que torna tão difícil para as vítimas escaparem deles. Pânico na Floresta é um filme curto, de apenas 84 minutos, mas durante toda a projeção, podemos notar algumas homenagens a outros filmes de terror bem mais famosos.

A fotografia do filme que se passa em uma imensa floresta combina muito bem com as situações ali mostradas. O clima de tensão é grande, mas também chega a ser clichê. Apesar de não ser um grande filme do gênero, ele contém algumas cenas de decapitação memoráveis, tal como aquela em que uma das personagens tem a cabeça arrancada em cima de uma árvore. Sendo um pouco previsível para o que iria acontecer no final, o filme acaba nos surpreendendo com uma cena pós-créditos, dando a entender que não acabou ali. E de fato, houve sequências, num total de seis filmes, cheguei a ver uma notícia sobre o sétimo, mas nada foi confirmado. Porém, essas sequências foram uma pior do que a outra, restando apenas a este primeiro filme na qual estamos falando aqui, como o melhor de todos, que apesar dos furos que contém, é o único filme dessa franquia que consegue agradar uma boa parte do público amante de filmes de terror.

Uma curiosidade interessante e que vale a pena mencionar aqui se trata a respeito do título do filme aqui no Brasil. Houve muita confusão a respeito disso. Principalmente com a chegada de um filme em que nada tinha a ver com essa franquia, chamado Timber Falls de 2007 (que eu recomendo que assistam). E o tema deste também se passava na floresta, e foi aí que os comerciantes do Brasil com o intuito de atrair o público passou a chama-lo de Pânico na Floresta 2. Só que a verdadeira sequência de Pânico na Floresta acabou vindo logo em seguida e foi nomeado Floresta do Mal. Uma confusão muito grande e que muita gente ainda não sabe qual é a sequência da franquia. 

NOTA: 7,4/10

Veja o trailer de Pânico na Floresta no vídeo abaixo:

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

QUASE 18


Ser adolescente não é nada fácil, quem já passou ou está passando por essa fase sabe o quanto é complicado ter que lidar com inúmeras mudanças no corpo, comportamento e a forma de ver o mundo. Quando se está perto de entrar para a vida adulta, há o sentimento de que estamos perdidos, sem nenhum rumo a seguir. Na história do cinema, já houve diversos filmes em que abordavam temas da adolescência, e muitas vezes não criamos nenhuma expectativa para temas assim, no entanto, a diretora Kelly Fremon estreou seu primeiro longa-metragem com o filme Quase 18, título original em inglês The Edge of Seventeen. O longa foi lançado em 2016 e cativou o público com seu roteiro bem construído e excelentes atuações, o que destaca a talentosíssima atriz Hailee Steinfeld, que foi indicada ao Globo de Ouro com sua brilhante performance. Além de Steinfeld, o elenco do filme conta com os nomes de Woody Harrelson, Kyra Sedgwick, Blake Jenner, Haley Lu Richardson e Hayden Szeto.

Sinopse: Crescer não é nada fácil para alguns, como para Nadine (Hailee Steinfeld), uma estudante que está enfrentando uma difícil situação desde que sua melhor amiga, Krista (Haley Lu Richardson), está namorando com o seu irmão mais velho, Darian (Blake Jenner). Nadine se sente mais sozinha do que nunca, ao menos até começar uma amizade com um jovem atencioso (Hayden Szeto).

Durante a trama, fica impossível não nos identificarmos com a protagonista. Ela passa por tanta dificuldade, desde a morte de seu pai, que era o único com quem ela era achegada, e depois ela passa a ter que lidar com a mãe e irmão, ambos não se dão bem com ela. E pra piorar, sua melhor e única amiga começa a namorar e se distancia de Nadine, causando ciúmes e revolta. Nadine é aquela típica adolescente antissocial, que tem dificuldades para interagir com outras pessoas, se enturmar e curtir a juventude.

Rodeada de problemas familiares, e para resolver problemas, a garota muitas vezes age sem pensar, utilizando métodos estúpidos e é claro que ela se dar mal em tudo. Kelly Fremon conduz a história com perfeição, sem perder o ritmo. Também explora os personagens que rodeiam a protagonista de uma forma magistral, sem apelação e tudo com um propósito.

Ao contrário do que se poderia pensar por se tratar de um filme em que a adolescência é o ápice, o filme não decepciona em absolutamente nada! Além de ser muito divertido acompanhar as situações cômicas em que Nadine se mete, seja na convivência com sua amiga, também quando ela esta do lado do rapaz que parece estar interessado nela, e quando ela marca um encontro com seu crush que acontece da forma mais bizarra possível. Com situações comuns da juventude, o filme não desafia a nossa inteligência e é extremamente honesto ao abordar dramas familiares e amorosos que ocorrem em uma jovem.

Quase 18 é um filme que não cria expectativas com sua sinopse e cartaz, mas ao assisti-lo, podemos sair surpreendidos com tamanha devoção e tranquilidade no desenvolvimento e do elenco em si. O roteiro escrito pela própria Kelly Fremon não deixa margens para possíveis clichês, mesmo quando já existem filmes com esse tipo de tema. Trazendo uma trama simples e interessante, que diverte e entretém. E à medida que o filme caminha para o desfecho, acontece que não nos damos conta do tempo, mesmo quando na primeira cena não ficamos muito interessados, mas quando a trama se desenvolve, ela prende a nossa atenção de uma maneira suave e emocionante. E isso é uma das coisas que o filme tenta fazer: nos emocionar. Quando a protagonista passa a aprender a lidar com seus problemas e agarrar a juventude tal como deve ser com todos os jovens, quem passa ou já passou por isso, consegue entender e compreender o que Nadine tem enfrentado no filme. Ela é uma espécie de espelho da personalidade de todos os adolescentes.

E não posso terminar sem deixar de descrever a minha admiração por Hailee Steinfeld e seu desempenho no filme. Não me surpreendi com isso, já que a jovem atriz já tinha feito outros trabalhos excelentes, tal como sua estreia em Bravura Indômita dos irmãos Coen. Em Quase 18 ela consegue se entregar à sua personagem de forma natural e convincente. O modo como ela se expressa como Nadine é muito engraçado, nos diverte e ao mesmo tempo emociona, sem dúvida essa foi uma das melhores atuações de Haille até agora, perdendo apenas para o faroeste já mencionado. Sua indicação ao Globo de Ouro foi mais que merecido, e o filme Quase 18, embora não aparenta ser o que é, eu recomendaria sem hesitar. 

NOTA: 8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O VOO DO DRAGÃO


Além de lutar e atuar, Bruce Lee também mostrou ser um bom diretor e roteirista. Ele escreveu, dirigiu e atuou em seu terceiro filme conhecido como O Voo do Dragão lançado em 1972, que é considerado por muitos o melhor filme dele, por que além de conter ótimas cenas de luta, o filme ainda traz diversos momentos engraçados envolvendo o personagem de Bruce, e também por que foi neste filme em que ele travou uma luta histórica contra o até então sete vezes campeão norte-americano de Karatê, o grande Chuck Norris, que era na verdade um grande amigo de Bruce Lee com quem aprendeu mais coisas sobre artes marciais.

É óbvio que muitos não gostaram do fato de Lee ter derrotado Norris no filme, por que Norris era imbatível, mas considerando que era apenas um filme, muita gente discutia a possibilidade de Lee derrotar Norris em uma luta real, o que infelizmente nunca aconteceu. Mas, a luta entre essas duas lendas no filme é sensacional, vale o filme inteiro, seja pela coreografia (uma das melhores já vistas) ou pelos momentos engraçados durante o combate.


O Voo do Dragão contém uma história muito simples. Tang Lung (Bruce Lee) viaja para Roma na Itália, para ajudar alguns amigos chineses que trabalham em um restaurante. A dona do restaurante é Chen Ching Hua (Nora Miao), que sofre pressão de um sindicato criminoso que quer obriga-la a vender o restaurante. Assim, ela passa a sofrer ameaças e prejuízo, já que os criminosos não deixam as pessoas irem comer lá. E Tang Lung veio ajudar a parar os bandidos e ele sendo especialista em artes marciais consegue expulsar os criminosos várias vezes, não importando a quantidade que venha. Pressionado, o chefe do sindicato contrata lutadores estrangeiros, entre eles um europeu e um japonês. E também chama o campeão americano de Karatê, Colt (Chuck Norris), para tentar parar Tang Lung, onde a luta brutal entre os dois acontece no Coliseu de Roma.

Bem simples e recheado de cenas cômicas, O Voo do Dragão conquista seu público alvo. Falando das cenas engraçadas, tem uma logo no inicio, onde o personagem de Lee está no aeroporto sem saber de absolutamente nada do idioma italiano, e quando vai pedir comida em um restaurante local, ele acaba pedindo tudo do cardápio. Além disso, ele com um jeito estranho de reagir em situações nada comuns para ele, por exemplo, do nada ele conhece uma meretriz que logo o leva para seu quarto, e ele sem entender nada do que estava acontecendo, e de repente a garota aparece nua na sua frente, e ele sai correndo kkk. Essa meretriz foi interpretada pela bela modelo Malisa Longo, que fora convidada pelo próprio Bruce Lee a fazer uma ponta em seu filme.


As atuações do filme são fracas, assim como foram nos dois filmes anteriores de Lee, se salvando apenas a dele. No entanto, aqui Nora Miao não decepciona, sendo ela uma das atrizes mais famosas de Hong Kong na década de 70, os demais personagens não se salva nenhum em termos de atuação, até mesmo Chuck Norris que só fala uma frase no filme, mas tudo bem, não vamos exigir muito do cara, afinal, essa foi sua primeira participação no cinema, onde a partir daí rendeu um grande sucesso no mundo cinematográfico, tudo graças a Bruce Lee que foi o homem que abriu as portas para Norris no cinema. Lembramos também que em A Fúria do Dragão, Bruce Lee estreou usando seu famoso Nunchaku, em O Voo do Dragão ele usa o dobro, ou seja, dois Nunchakus são utilizados pelo mestre na luta contra os capangas mafiosos, em ótimas cenas de ação misturadas com boas doses de comédia.

Voltando a falar da luta entre Bruce Lee e Chuck Norris, que foi a principal atração de O Voo do Dragão, essa luta não teve espectadores, a não ser um gatinho que assistia tudo. Foi um combate brutal, onde apenas um sai vivo (já sabemos até quem foi), agora volto a mencionar que a grandeza dessa cena está claro nas duas lendas das artes marciais se enfrentando, mas também a coreografia de luta foi tão bem feita, que nunca havia tido em outro filme do gênero. E conforme todos sabem, esse estilo de luta passou a ser adotado em filmes posteriores. E de quem é o mérito das coreografias? Nada mais, nada menos que Bruce Lee, que deu seu sangue na produção deste filme, e além de ter mostrado novas técnicas que não foram mostradas antes. Um pulo muito alto para o astro que estava no auge de sua carreira, uma pena que não durou muito... 

NOTA: 8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

sábado, 11 de novembro de 2017

OBSESSIVA (2009)


Em alguns filmes são abordados temas conjugais, e que chamam atenção logo de cara ao lermos a sinopse. A aprovação do enredo varia de pessoa para pessoa, dependendo do gosto ou das expectativas que esta tinha antes de assistir. Pois bem, um dos filmes onde nos deparamos com situações conjugais é o filme Obsessiva do diretor Steve Shill, lançado em 2009. O elenco conta principalmente com Idris Elba, Beyoncé Knowles e Ali Larter.

Sinopse: No filme, um bem-sucedido operador de mercado financeiro, Derek Charles (Idris Elba), casado com a bela Sharon (Beyoncé Knowles), com toda a vida pela frente e sua carreira em ascensão. Tudo muda a partir do momento em que Lisa Sheridan (Ali Larter) chega ao escritório como estagiária e passa a ficar obcecada por Derek, que a rejeita de todas as formas, isso acaba resultando em um comportamento louco da parte de Lisa, que passa a ameaçar o casamento de Derek e também a sua carreira.

O filme é considerado uma cópia de Atração Fatal de Adrian Lyne, e por esse motivo acabou sendo detonado pelas críticas, além de conter clichês e atuações fracas. No entanto, minha opinião é a seguinte: eu gostei muito de Obsessiva. Foi um filme que conseguiu prender minha atenção pela trama que começa com a família de Derek nas mil maravilhas, quando de repente tudo muda com a chegada de Lisa, que passa a assediar Derek, que de todas as formas resiste para não prejudicar seu emprego e muito menos seu casamento. De fato, eu não liguei para os clichês ou por alguns detalhes criticados, como a presença da cantora Beyoncé que só esteve no filme por causa de seu pai que era o produtor da fita. Portanto, vamos deixar isso de lado, e nos atentemos ao conteúdo do longa.

Um problema comum do filme que nos choca com a realidade é os problemas conjugais que acontecem devido a uma traição ou um mal entendido. No filme Obsessiva há apenas um grande mal entendido, e não houve traição da parte de Derek, a não ser alguns flertes iniciais, que por causa desses flertes, foi que desencadeou toda a confusão na vida dele, briga com a esposa que resulta em uma separação, afastamento de certas obrigações no trabalho e ainda por cima um sequestro relâmpago de seu filho. Tudo isso ocorre dentro do filme, predominando um suspense muito grande, pois ficamos ansiosos para ver até onde tudo aquilo irá.

Achei muito interessante a persistência de Lisa em relação a Derek, mesmo quando este deixa muito claro que não haverá nada entre eles. Lisa mostra ser uma psicopata chegando a dopar Derek para que ela possa dormir com ele, em um hotel onde Derek e outros colegas de trabalho estavam hospedados. Uma desgraça acontece após outra, que poderiam muito bem deixar o cara enlouquecido, mas ele ainda consegue manter o autodomínio, mesmo quando prevê seu casamento e carreira desmoronando. Porém, seu caráter foi criticado por que ele quebra a promessa de contar tudo a sua esposa, e que toda a confusão que acontece poderia ser facilmente evitada, mas ele agiu como imprudente e deixou a merda acontecer, e perder temporariamente a confiança de sua esposa.

Derek é tão injustiçado no filme que até mesmo a polícia tenta encurrala-lo com as fantasias que Lisa afirma ter tido com ele. Idris Elba foi o ator que segura o filme todo com sua performance, o modo como ele encara as grandes dificuldades no casamento e no trabalho refletem a de um homem inocente que tenta de todas as maneiras esclarecer o mal entendido perante todos, no entanto, mais parecia que havia um muro diante dele, e que ele tentava derrubar mas não consegue. Beyoncé de fato, já tinha feito outros trabalhos bem melhores como atriz, aqui ela não aparece tanto até descobrir o que realmente estava acontecendo com seu marido, e do mesmo modo que Ali Larter não está em sua melhor atuação, mas ela consegue convencer com sua personagem louca e obcecada.

A condução do filme em seus minutos iniciais pode parecer lenta, embora ali haja os primeiros flertes entre Derek e Lisa, mas quando a situação começa a fugir do controle, o filme passa a ganhar um clima maior de tensão, devido a inúmeros acontecimentos, um pior que o outro que acontece com os personagens principais. Vale ressaltar a esperteza e sutileza de Lisa, ao conseguir informações importantes sobre Derek de um secretário fofoqueiro que trabalha na empresa. E mesmo depois da ficha de Lisa cair e a polícia começar a persegui-la depois de toda essa confusão, ela ainda consegue entrar na casa de Derek, criando fantasias, mostrando claramente que Lisa é perturbada e que precisava de tratamento. As atitudes dela chegam a nos causar revolta e torcemos para que ela termine presa ou morta.

Uma das melhores cenas do filme está na briga entre Lisa e Sharon, chegando a ser alucinante e tensa. Mas infelizmente, tal cena contém alguns defeitos, o principal deles é que Sharon consegue andar no sótão com um salto alto, no meio de uma região frágil que poderia facilmente desmoronar, e nessa cena Lisa tenta acertá-la com um pedaço de madeira, mas ironicamente não acerta, mesmo quando Sharon se encontrava encurralada. Mas ignorando esse defeito, a cena de luta é boa, até mesmo as pessoas que não gostaram do filme, chegaram a elogiar essa cena.

Obsessiva pode não ser uma obra-prima, e que apesar de ser clichê, o filme pode agradar algumas pessoas, conforme dito no inicio, o gosto varia de pessoa pra pessoa, mas eu consegui ver um grau bem realista que fora abordado, seja na vida conjugal ou profissional, e como esses campos podem ser afetados se tomarmos decisões erradas, ou apenas um mal entendido. Ambos podem ter consequências devastadoras na vida de alguém. Em suma, o filme consegue repassar uma importante lição para as pessoas casadas.  

NOTA: 6,8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A VIDA É BELA (1997)


O cinema italiano surpreendeu o mundo com uma obra cinematográfica de respeito, onde aborda com muita delicadeza os eventos durante a Segunda Guerra Mundial. Aclamado pela crítica e pelo público geral, A Vida é Bela de 1997 acabou vencendo o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, onde disputou com o também impecável filme brasileiro intitulado Central do Brasil. Além do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, A Vida é Bela também venceu mais dois prêmios da academia: O Oscar de Melhor Ator Protagonista e Melhor Trilha Sonora, portanto venceu num total de três Oscar. No entanto, o filme foi indicado a mais quatro categorias, incluindo Melhor Filme.

A Vida é Bela tem sido muito criticado pelos cinéfilos brasileiros, não pelo seu conteúdo, mas por ter vencido a produção de Walter Salles que estava tão perto de conquistar, e também do que o diretor de A Vida é Bela, Roberto Benigni fez durante a cerimônia ao receber o prêmio. Muitos brasileiros não engoliram isso, e até o dia de hoje, muitas pessoas guardam rancor. Em contrapartida, o filme brasileiro venceu a produção italiana em outros prêmios, como o BFTA. Mas se formos analisar o conteúdo do filme A Vida é Bela, creio que a maioria compreenderá o porquê o filme de Benigni venceu o Oscar, embora o filme Central do Brasil seja motivos de orgulho para o nosso cinema, e é claro que supera seu concorrente em muitos aspectos, e vice-versa.

ATENÇÃO! O texto a seguir contém alguns spoilers!

A Vida é Bela foi dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, que também escreveu o roteiro. Além de Benigni, o filme conta com Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini e Giustino Durano. O filme irá contar um drama tocante que se passa na Segunda Guerra Mundial, onde um judeu chamado Guido (Benigni), é mandado para um campo de concentração em Berlim, juntamente com seu filho, Giosuè (Cantarini). Guido é um homem simples, inteligente, espirituoso e possui um grande humor. Por ser um pai extremamente amoroso, consegue fazer com que seu filho acredite que ambos estão participando de um jogo, sem que o menino perceba o horror no qual estão inseridos.

Podemos separar o filme em duas partes distintas, onde na primeira ocorre um desenvolvimento maior dos personagens principais, como Guido e Dora (Nicoletta Braschi), que se conhecem por acaso, e acabam se apaixonando. Os momentos onde Guido flerta com Dora são recheados de humor. Sendo ele uma pessoa muito faladeira e engraçada, ele acaba se envolvendo em muitos acontecimentos só para poder ficar perto de Dora. Vale mencionar a cena onde ele rapta Dora do casamento da mesma, pois ela estava prometida a outro homem, e Guido consegue impedir, e foge com ela, a cavalo diante de todos. Foi uma cena em que eu particularmente ri muito. E foi dessa forma que Guido e Dora ficam juntos e tiveram um filho, o já mencionado Giosuè. Essa primeira parte pode parecer um pouco arrastada e um tanto cansativa, mas ela serve para desenvolver melhor os personagens, e também divertir o público com cenas bem humoradas e uma fotografia maravilhosa! Isso faz com que as pessoas não percam o ânimo para o que estaria por vir.

Quando o filme pula para a segunda parte, o clima de romance é totalmente quebrado, o humor ainda prevalece diante dos atos de Guido para com o seu filho. O drama do filme começa a partir do momento em que Guido e Giosuè são levados por soldados aos campos de concentração. Dora pede para ir junto, mas acaba sendo separada da família, pois as mulheres não podiam ficam junto dos homens, assim só resta Guido e seu filho Giosuè. Para proteger seu filho da drástica realidade que os rodeia, Guido inventa para seu filho que eles estão indo participar de um jogo, no qual ganhariam um prêmio se vencessem. Se aproveitando da inocência de seu filho, Guido a todo o momento tenta amenizar a situação, e isso ele consegue de uma forma magistral e com grande competência como pai. Além disso, o relacionamento com seu filho aumenta de uma maneira tão linda e emocionante.

Por isso, A Vida é Bela consegue mesclar duas histórias distintas, sendo uma delas a dura realidade que os judeus sofreram durante a Guerra e a história falsa de Guido a respeito do jogo que estão participando. E Giosuè em momento algum se dá conta do horror no qual ele e sua família estão inseridos. Sua inocência é refletida nos olhos do ator mirim que rouba a cena, principalmente quando a câmera foca no seu rosto.

O clima do filme fica muito tenso quando os soldados induzem todas as crianças judias para um banho, esse banho todos nós sabemos do que se trata. E Guido logo improvisa uma escapatória para seu filho, ele consegue coagir o garoto a se esconder e não deixar que ninguém o veja, caso contrário eles perderiam o jogo e posteriormente o prêmio, que segundo Guido se tratava de um tanque. É nítido perceber a quebra do clima romântico e bem humorado nessa segunda parte do filme, aqui ficamos apreensivos e chegam momentos em que é difícil controlar as emoções, principalmente nas últimas cenas, onde há uma espécie muito diferente de despedida de pai e filho, mas para não deixar o filme triste demais, a direção opta para um final um pouco feliz, onde Giosuè reencontra sua mãe, e sai como vitorioso e ganhador do grande prêmio que seu pai havia lhe falado.

Levando em consideração o conteúdo do filme A Vida é Bela, é mais do que compreensível a conquista do Oscar. Muitos cinéfilos brasileiros deixaram o rancor de lado e apreciaram uma das maiores obras do cinema italiano, e embora haja opiniões mistas a respeito sobre qual dos filmes que concorreram ao Oscar naquela ocasião era o melhor. Um fator importante sobre esses filmes é: os dois abordam o relacionamento com crianças, embora sejam feitos de formas diferentes, o que prevalece aqui é o amor que um pode sentir pelo outro e que medidas são tomadas para protegê-lo de qualquer perigo.

Enfim, A Vida é Bela é um filme que merece ser assistido e admirado, em especial por tocar em um tema sombrio de uma maneira tão delicada e ao mesmo tempo divertida, não que o filme sugere que os tratos aos judeus na Guerra sejam divertidos, mas ao se focar nos sentimentos de um pai que para salvar seu filho e protege-lo de qualquer coisa que o possa traumatiza-lo, o filme já merece todo crédito e admiração. Eu não posso dizer que ele seja melhor que Central do Brasil, e nem o inverso, de uma coisa eu digo com toda a sinceridade: os dois filmes são excelentes e que merecem seu espaço, não fazendo nenhum favoritismo ou patriotismo. Se quiserem que eu recomende mais A Vida é Bela ou Central do Brasil, a minha resposta curta e direta, sem nenhum rodeio é: assistam os dois! 

NOTA: 10/10

Veja o trailer no vídeo abaixo: