Quem
é Jafar Panahi? Você o conhece? Eu não o conhecia até três dias atrás quando
assisti o seu filme Táxi Teerã lançado em 2015. E só
digo o seguinte: Que filme maravilhoso! Panahi dirigiu diversos filmes que
foram proibidos no Irã, país onde vive o cineasta, que desagradou o
governo ditador do Irã ao apoiar um candidato da oposição em 2009, iniciando a
partir de então uma perseguição ao diretor, até que este foi preso em março de
2010 e condenado a seis anos de prisão domiciliar além de ficar vintes anos
proibido de realizar qualquer filme.
Mas
Jafar Panahi percebendo a grande injustiça que lhe fora causada não deixou de
lado o cinema e dirigiu três filmes após sua condenação, entre eles o
filme Táxi Teerã. É claro que tudo isso foi escondido do
governo iraniano. Mostrando o amor de Panahi pelo cinema e sua imensa ousadia
para com um governo autoritário de seu país.
Táxi
Teerã é um dos filmes mais criativos que já assisti até hoje! Seu
cenário é apenas dentro de um táxi dirigido pelo próprio cineasta que se passa
por taxista. Com uma câmera instalada no painel do carro, o filme se desenvolve
a partir das conversas de Panahi com seus passageiros, trazendo uma crítica
política e social sobre o Irã. Percorrendo diversas ruas da capital do país, o
cineasta gravou tudo ás escondidas, por que o país o tinha proibido de
filmar. Que coragem desse homem!
Entre
passageiros de diversos tipos, podemos ver uma característica em cada um deles
em posição crítica ao país. Um dos primeiros assuntos é a questão da pena de
morte, onde há pessoas que apoiam como há aqueles que não apoiam, cada um com
seus motivos. Também o comércio pirata é abordado, devido a censura do país que
proibia certos filmes, e os iranianos recorriam ao mercado pirata para ver o
filme ou ouvir a música que eles querem. De nenhuma maneira, o filme faz alguma
defesa sobre condutas ilegais, mas apenas mostrar o outro lado, que embora seja
errado perante a lei, em países autoritários como é o caso aqui, interferem em
quase todos os campos da vida de um cidadão que muitas vezes se vê obrigado a
recorrer nos meios ilegais para poder ter seus direitos, já que foram tirados
pela censura rígida do país.
Táxi
Teerã explora com precisão esses assuntos relevantes, do ponto de vista
social e político, nos direcionando com muita dinâmica ao bem estar do cidadão no meio das leis rígidas do país, se estas nos beneficia ou não, tudo de uma maneira divertida e
doce de acompanhar. Porém, a figura central está na personagem Hanna,
sobrinha do diretor no filme e na vida real. Ela por sua vez traz a principal
crítica do filme para com o governo do Irã sobre o cinema, lembrando a atual
situação de Panahi.
O
filme não pode ser exibido no Irã, mas se espalhou pelo exterior, inclusive o
filme recebeu o Urso de Ouro no 65º Festival de Berlim, na Alemanha. Como Jafar
Panahi está proibido de deixar o seu país, o troféu foi entregue nas mãos de
sua sobrinha Hanna Saeidi. Além disso, o filme é muito elogiado pela crítica,
em especial por conta da postura do cineasta quanto a sua situação. Panahi é
tão carismático com sua atuação, que o filme fica tão agradável de assistir que
é praticamente impossível não gostar da obra. Todos os personagens, apesar de
amadores dão um show de interpretação e que ao término do filme dá vontade de
aplaudi-los.
Táxi
Teerã também nos ensina que para fazer um filme, não se deve necessariamente contar com
equipe de produção ou algo do tipo. Tendo em mãos uma câmera e uma ideia na
cabeça, já dar pra fazer qualquer coisa e se sua criatividade for grande, o filme pode ficar ainda melhor do que muitas
superproduções cinematográficas, e o filme Táxi Teerã é um exemplo perfeito disso. Após assisti-lo e conhecer um pouco sobre a vida do cineasta, é claro que depois disso, irei procurar conhecer
mais obras de Jafar Panahi, estou confiante de que encontrarei tesouros tais
como este.
NOTA: 9,8/10
Assista ao filme no vídeo abaixo:
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