Cast Away conhecido como Náufrago,
é um daqueles filmes em que apenas uma pessoa atua na maior parte dele. E
nada melhor que Tom Hanks para desenvolver esse tipo de papel. O filme foi
lançado em 2000 e foi dirigido por Robert Zemeckis. Tom Hanks impressiona muito
com sua atuação, e não é pra menos, pois ele venceu o Globo de Ouro e foi
indicado ao Oscar de Melhor Ator, e quase conquistou o seu terceiro Oscar dessa
categoria, foi vencido por Russel Crowe por sua também brilhante atuação no
impecável Gladiador.
ATENÇÃO! Em vista
do conteúdo do filme ser bem vasto em relação às situações retratadas na ilha,
esse texto terá alguns Spoilers. Por isso, se você ainda não viu “Náufrago”,
não siga a leitura. Estão avisados!
A história de Náufrago é bem montada, dividida em três segmentos que
retratam situações distintas. Tom Hanks interpreta Chuck Noland, um engenheiro
de sistemas da empresa FedEx, que é obcecado pela pontualidade e trabalho. Isso
acaba afetando um pouco seus compromissos sociais, em especial o relacionamento
com Kelly Frears (Helen Hunt), que mesmo estando prestes a se casarem, a agenda
lotada de Chuck sempre interfere. Em uma ocasião natalina, Chuck interrompe a
festa para resolver um problema na Malásia, deixando tudo para trás, mas
prometendo à sua amada que logo voltará.
Durante o voo em uma violenta tempestade, o avião onde Chuck está cai no
meio do Oceano Pacífico, sendo que ele é o único sobrevivente por ter
conseguido antes da colisão com a água, improvisar uma balsa inflável, mas que
perde todo e qualquer equipamento eletrônico. As ondas do Oceano, o levam para
uma ilha deserta, onde não há nada, apenas a natureza. E é nessa parte que o
filme caminha através de uma narrativa conduzida com perfeição, onde apenas o
ator principal fica em cena, e isso dura mais de uma hora e meia, e esse tempo
equivalem no filme a quatro longos anos em que o personagem se encontra perdido
e isolado naquele local, sem qualquer contato com ninguém. Mas essa uma hora e
meia no filme irá mostrar como Chuck se adapta à natureza.
É como se o filme quisesse retratar a relação humana no meio de muita
solidão. Na ilha, Chuck luta para sobreviver, e o motivo que o leva a isso é
uma foto de sua namorada que ele carrega consigo. No começo, ele enfrenta
muitas dificuldades para conseguir se adaptar. Ele tem de aprender a fazer
fogo, conseguir água potável e comida. Em algumas ocasiões, ele tenta sair da
ilha, mas sempre é barrado por ondas marítimas que o detonam.
Depois de alguns anos, Chuck é visto como alguém selvagem e que já se
adaptou à natureza, não tendo as mesmas dificuldades para conseguir comida e
água, parecia um “homem das cavernas”. Mas, ele calculava a sua provável
localização e o tempo que o permitiria se arriscar no oceano em busca de ajuda
sem que ondas fortes o tragam de volta, e também vários pacotes da empresa onde
ele trabalha vai chegando à ilha, sendo trazidos pela água, e Chuck vai
utilizando aquilo que lhe é necessário.
De modo simples, o personagem é um verdadeiro sobrevivente. E com tanta
solidão que o rodeia, sem qualquer possibilidade de contato, ele cria um amigo
imaginário em uma bola de vôlei, que estava em um dos pacotes que estavam no
avião e que foram trazidos pela água, ele batiza a bola de “Wilson” que era o
nome da marca, e assim ele passa a conversar com “Wilson” a todo o momento,
tentando aliviar um pouco a solidão que o rodeia.
Essa parte da ilha é o segundo ato do filme, e sem dúvida a mais
interessante, pois é nela que Tom Hanks carrega o peso do filme nas costas, e
que devido ao seu grande talento e carisma, ele consegue se sobressair muito
bem, sem ter que apelar para diálogos e expressões forçadas. Como nessa parte
não vemos nenhuma conversa, os monólogos do personagem são também dignos de
serem citados, pois todos devem imaginar ou sabem que criar monólogos não é
assim tão fácil, ainda mais quando isso acontece por mais de uma hora. A
fotografia do filme é belíssima, o longa explora a natureza de uma maneira
formidável e surpreendente, a direção teve cuidado para não deixar nenhum
exagero ou ideia má apresentada.
É incrível como Tom Hanks consegue fazer com que o espectador se
emocione por causa da sua separação de Wilson, que acontece após tentarem sair definitivamente
da ilha, quando a bola se perde no mar. O ator cai em prantos, lamentando por
seu amigo imaginário, repassando muita emoção e tristeza. Ainda nesse segundo
ato, há algumas cenas bem fortes onde o protagonista se machuca quando tenta
fugir ou quando vai fazer o fogo, ainda tem uma cena onde ele vai extrair um
dente que é de doer na alma. Há filmes com cenas parecidas que não repassam
muito a dor, mas em Náufrago, sentimos
cada dor que o personagem sente ao longo filme, é como se nós estivéssemos no
lugar dele. E acredito que isso acontece quando o ator sabe atuar de verdade, e
com Hanks isso não é nem novidade.
Por fim, o terceiro ato do filme é um pouco corrido e não teve um
desfecho que todos esperavam. Mas termina de uma forma digna e plausível, e que
retratou muito bem a relação do homem com a natureza, e a força do instinto de
sobrevivência. Náufrago tem sim a sua
mensagem por detrás do conteúdo, a força dramática é poderosa e não peca quando
sua intenção é nos repassar emoção e agonia, principalmente no segundo ato. É
um filme que não me decepcionou, e claro merece elogios e considerações
positivas.
NOTA: 9,6/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
A direção de Robert Zemeckis e a atuação de Tom Hanks conseguem prender a atenção do espectador explorando um fio de história.
ResponderExcluirÉ um ótimo longa.
Abraço