De uma coprodução do Canadá,
Irlanda e Luxemburgo, nasceu um filme de animação deveras bastante emocionante
e com uma mensagem profunda sobre as crianças que tentam ajudar a família em
épocas difíceis, além de abordagens apontando a intolerância contra as mulheres.
A Ganha-Pão, título original The Breadwinner foi dirigido por Nora
Twomey e lançado em 2017. Concorreu ao Oscar 2018 na categoria Melhor Animação.
Sinopse: Parvana (Saara Chaudry) é
uma jovem que vive em um Afeganistão governado pelas forças do Talibã. Quando
seu pai é preso de maneira injusta, ela precisa se disfarçar como um menino
para trabalhar e garantir o sustento de sua família.
Esse filme mexeu muito comigo, contém muitas
lições importantes, mas a que mais me chamou à atenção foi à falta de
consideração pelas mulheres, de modo que o filme me fez refletir o quanto
devemos dar valor a essas guerreiras e companheiras do dia-a-dia. Imagine o
seguinte: você vive em um país autoritário e extremista, com regras religiosas cruéis
e bizarras, um país devastado pela guerra, um lugar onde você não consegue
suprimir suas necessidades básicas por falta de dinheiro, e como se isso não
fosse bastante o suficiente para considerar sua vida a pior possível, você é
uma mulher. De modo que você não tem direito sequer de andar livremente na rua,
a não ser quando estiver toda coberta, e ainda acompanhada de homens. Imagine
como é a vida das mulheres em um país como o Afeganistão? É algo que nos fazem
pensar, mesmo a nós, homens.
A
Ganha-Pão é um filme bastante eficiente, no que se refere a mostrar tamanha intolerância,
mesmo se tratando de crianças desesperadas para sobreviver. É um filme com uma
pegada muito forte, da qual você chora e se revolta. Porém, ao mesmo tempo você
se emociona com tamanha história de superação e amor pela família! Diante de
tais fatores, essa produção merece e muito ser vista por todo aquele que ama o
cinema. Além disso, é uma animação belíssima e não fica atrás das produções da
Disney, Pixar e nem dos Studios Ghibli.
É interessante perceber a forma como a
protagonista lida com as dificuldades, no qual ela busca apoio em narrativas
sobre os antepassados do povo dela. Entre muitas das lendas, uma dizia que Deus
amava as mulheres, ao contrário do que se via no mundo real em que a jovem
criança se encontrava, onde se acreditava que as mulheres não tinham utilidade
alguma, a não ser conceber seus descendentes. Fora isso, mesmo quando não tiver
nenhum homem por perto, nada se poderia fazer para ajudar. Gente do céu, isso é
revoltante! Porém, o filme não vai simplesmente mergulhar em uma panela cheia
de atitudes e crenças malditas que não pensam no ser humano que mais sofre na
vida, devido às muitas barreiras que enfrentam, há, entretanto, o lado bom e
motivador que torna o filme mais completo em sua essência.
De coração, eu quero muito que vocês assistam
essa obra magnífica! Ela ensina entre muitas coisas a importância do ser
humano, não importa o gênero. No caso em especial das mulheres, essas sim são
verdadeiras guerreiras! Posso tomar como exemplo as nossas mães, todo mundo tem
uma mãe. Eu pergunto a você: quem em sã consciência se negaria ajudar a mulher
extraordinária que sofreu dores inimagináveis para nos dar a luz? Quem em sã
consciência desejaria o mal para a mulher que nos criou, nos amou e nos
protegeu durante boa parte de nossa vida? Outro exemplo a se aplicar é sobre
quem é casado, pergunto a você: quem é o idiota que tranca a mulher dentro de
casa não permitindo que esta trabalhe, sendo que na maioria das vezes o que ela
quer é ajudar o esposo nas coisas da casa diminuindo assim o fardo pesado que
ele carrega desde que casou e assumiu uma família? Por que ser tão infeliz e
medíocre em tratar as mulheres como mero objeto, uma vez que elas possuem os
mesmos sentimentos que nós temos, sente a dor que nós sentimos?
A todas as mulheres eu só tenho a dizer:
existem homens que reconhecem o seu valor e o que você significa na nossa vida.
Sem as mulheres, o que seria dos homens? Que coisa melhor há em ver um sorriso
maravilhoso brilhado por elas quando estão felizes? É algo para se refletir
muito! A Ganha-Pão é um filme que
apesar de retratar um governo autoritário, diferente do que vivemos hoje no
nosso país, a essência ao abordar a intolerância contra as mulheres se aplica a
todo e qualquer caso que a coloque em posição inferior aos homens. A grande
verdade é: somos todos iguais, independente do que somos.
NOTA: 8,6/10
A Ganha-Pão
está
disponível na Netflix.
Veja o trailer no vídeo abaixo:
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