Durante a produção do já considerado um clássico do cinema nacional, Cidade de Deus, o diretor Fernando
Meirelles participou junto com Guel Arraes na direção de um episódio da série Brava Gente. Esse foi o pontapé inicial
para o desenvolvimento de uma história pelo qual Meirelles queria utilizar com
sua oficina de atores, dos quais iriam participar do filme Cidade de Deus. E assim foi lançado o curta-metragem Palace II adaptado da obra de Paulo
Lins. E com o sucesso do filme Cidade de
Deus foi que surgiu a ideia de realizar uma série derivada trazendo como
protagonistas dois jovens da comunidade. Essa série é conhecida como Cidade dos Homens que fora exibido 4
temporadas entre 2002 a 2005. A série foi um sucesso e de fato contém um bom conteúdo que envolve a
influência de crescer rodeado com a criminalidade, família, amizade e conflitos
na infância e adolescência entre outros aspectos que são abordados com muita
frequência no decorrer da história dos protagonistas Laranjinha e Acerola.
E
era de se esperar que a história desses dois jovens se tornasse posteriormente
um filme, e assim se sucedeu. Em 2007 foi lançado Cidade dos Homens O Filme, dirigido por Paulo Morelli e baseado na
série de mesmo nome e no curta-metragem Palace
II. A história do filme é praticamente uma continuação da série, onde os
dois protagonistas já estão na faixa dos 18 anos e muita alusão à série é feita
no decorrer do longa. Assim sendo, o elenco é composto por Darlan Cunha,
Douglas Silva, Jonathan Haagensen, Eduardo BR, Rodrigo dos Santos e Camila
Monteiro.
Sinopse: Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva) são
amigos que cresceram juntos em uma favela do Rio de Janeiro e agora estão com
18 anos. Acerola tem um filho de 2 anos para cuidar, mas sente-se preso pelo
casamento e lamenta a paternidade precoce. Já Laranjinha está decidido a
encontrar seu próprio pai, que ainda não conhece. Paralelamente o morro em que
vivem é sacudido pelo mundo do tráfico, já que Madrugadão (Jonathan Haagensen),
primo de Laranjinha, perdeu o posto de dono do local para Nefasto (Eduardo BR).
Não há muita diferença da série, claro se trata da mesma história. Mas,
existe um diferencial que é apontado em especial para longas-metragens. Em Cidade dos Homens isso não é visto, mas
ainda assim é um filme bacana, bem produzido, uma história coerente, bons
atores, enfim... Com relação ao tema que será abordado, o longa nos traz o
drama envolvendo os dois protagonistas, um quer conhecer o pai e o outro já é
pai, mesmo sendo muito novo. No decorrer da história, a situação para ambos vai
começando a ficar mais tensa e complicada.
No caso de Acerola, ele além de ter um filho para cuidar, sua esposa
viaja para São Paulo em busca de dinheiro para a família deixando ele sozinho
com o menino e ainda por cima ele tem de enfrentar o mal entendido envolvendo a
divisão das gangues no morro de onde mora, sendo até mesmo jurado de morte, e
assim ele não vê outra opção a não ser se juntar com a gangue rival que disputa
o domínio da favela. Laranjinha por sua vez, tenta encontrar o pai e assim obtém
sucesso. Porém, a personalidade fria e misteriosa de seu pai fará com que a
amizade entre Laranjinha e Acerola seja posta à prova.
E mesmo com tudo isso envolvido, o filme retrata cenas de confronto
entre gangues, tiroteios, invasões, mortes, tudo aquilo que habitualmente é
visto em morros dominados pelo tráfico. Uma das forças dramáticas do filme que em
minha opinião, é o que torna um filme digno de ser assistido, é justamente a
questão da amizade e da família. Ambas entram em conflito devido às
circunstâncias que envolvem a história, mas que elas são dosadas na medida
certa pelos protagonistas que tomam suas decisões baseando-se no melhor para
cada um. No entanto, o tráfico de drogas não é o foco de Cidade dos Homens, como é no filme Cidade de Deus.
A história, embora seja derivada procura estabelecer ao público outro
ângulo dentro das comunidades, e acerta em cheio por abordar dois jovens que
desde a infância crescem em um ambiente, digamos assim, hostil para sua
educação e desenvolvimento pessoal. E com isso a produção como um todo, tanto o
filme quanto a série, mostra o outro lado da moeda nas favelas, que nem todos estão
envolvidos com a criminalidade, são pessoas carentes que lutam pelo seu espaço
na sociedade atual. E por esses e outros motivos, é que aprecio essa produção
desde que a conheci e, além disso, ela nos abre uma reflexão geral sobre nossa
sociedade, não importando a classe social.
NOTA: 7,6/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
É um ótimo filme, uma espécie de filhote de "Cidade de Deus".
ResponderExcluirAbraço