Capitães
da Areia é um filme
brasileiro lançado em 2011 dirigido por Cecília Amado, o filme é baseado no
livro escrito por Jorge Amado, que contém o mesmo título. O filme aborda a vida
de meninos abandonados que viviam em um trapiche na década de 1930. Os meninos
eram liderados por um chamado Pedro Bala, e eles praticavam assaltos na cidade
de Salvador. O filme é estrelado por Jean Luis Amorim, Ana Graciela, Robério
Lima, Paulo Abade e Israel Gouvêa. Uma curiosidade interessante é que Cecília
Amado é neta do autor do livro, sendo então a estreia dela como diretora, e
conseguiu de certa forma cumprir seu trabalho de forma digna, nos dando uma
crítica política e social sobre crianças de rua.
No começo do filme, já nos deparamos com
crianças atrevidas e mal educadas, praticando furtos e ainda por cima, usando
um linguajar nada comum para menores. No decorrer do filme iremos entender um
pouco sobre a vida dessas crianças. Na realidade, esses furtos são o único
jeito que elas encontram para sobreviverem, pois o governo não tomavam atitudes
quanto à educação que eles poderiam ter, deixando-os viverem nas ruas e não se
importando se eles roubam ou não. O filme critica o fato das autoridades acreditarem
que não há remédio que cure essas crianças do vandalismo, e que nunca elas
seriam cidadãos normais. Mas, ao mesmo tempo, a polícia os tortura, como por
exemplo, ao pegarem Pedro Bala (Jean Luis Amorim) o líder dos capitães de
areia, ele passa vários dias sem água e comida, e ainda sendo torturado.
Por motivos óbvios, os capitães de areia
roubam para sobreviver. As características de cada um condizem com aquilo que poderíamos
chamar de grupo unido e esperto. Um deles sabe ler e desenhar, outro sabe
arquitetar planos e outros são valentes a ponto de enfrentar um adulto. E para
completar, eles lutam capoeira, que os ajudam muito no decorrer do filme, sejam
para se livrar da polícia ou para lutar com gangues rivais. Também o lado
emocional deles é claro de ser facilmente enxergado, pois eles são companheiros
um do outro, ajudam uns aos outros, mesmo que algumas vezes alguém saia
magoado.
A trama por mais simples que seja traz uma
dinâmica boa sobre os personagens. Principalmente quando uma garota chamada
Dora (Ana Graciela) e seu irmão se juntam ao grupo depois de ficarem órfãos e
sem casa. A princípio por haver uma garota no meio de um bando de meninos, em
grande parte deles que nutriam pensamentos pervertidos ao verem uma menina,
achando que todas eram putas e que o homem poderia fazer aquilo que quisesse.
Uma crítica contra machismo? De certo modo sim, pois como nenhuma daquelas
crianças tinha educação, os pensamentos errados eram inevitáveis diante de uma
sociedade que não pensam no próximo, ainda mais por ser baseado em uma época em
que as mulheres, em uma grande parte eram tratadas como objeto.
Mesmo com toda crítica politica e social a
respeito do abandono e a falta de oportunidade de se reintegrar à sociedade,
que fora feita de maneira esplêndida, o filme ainda não está desprovido de
defeitos no roteiro. Um exemplo é o irmão de Dora, que entra no grupo junto com
a irmã, mas acaba sendo esquecido no resto do filme, aparecendo apenas nas
últimas cenas, uma vez que nesse intervalo de tempo acontecem inúmeras
situações que colocariam à prova o amor entre irmãos, que deveria ter se
manifestado, mas o filme resolve deixar isso de lado. A trilha sonora às vezes
chega a exagerar, atrapalhando a narrativa em momentos importantes. E por mais
que o filme contenha uma mensagem interessante e necessária para a sociedade,
ele peca feio nestes e outros aspectos.
Capitães
da Areia reflete os
sentimentos de alguém que não recebem o amor e carinho que deveriam. E se nada
o ajuda, a única opção que resta é a criminalidade, e isso não é culpa deles, e
sim das autoridades que os esquecem, como se não valessem nada. O filme ainda
retrata uma época em que a Varíola era uma epidemia muito temida e que tinha
tirado a vida de muitos, o que inclui algumas das crianças que perderam seus
pais e acabaram ficando sem nada e nem ninguém. E embora o filme retrate uma
época bastante antiga, ele se torna muito atual devido a assuntos que merecem
ser discutidos, sejam os tratos que o governo tem para com jovens delinquentes
e também a questão da maioridade penal. Enfim, é um filme que mesmo que não agrade
muito, deve ser visto e refletido.
NOTA: 6/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
eu amo esse filme. é muito bom. o livro é maravilhoso e se tornou um belíssimo filme. com ótimo elenco. comentei aqui http://mataharie007.blogspot.com.br/2011/11/capitaes-da-areia.html
ResponderExcluirLi sua análise, e como sempre muito bem feita! E obrigado Pedrita, mais uma vez pela sua visita e comentário.
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