Roman Polanski escreveu e dirigiu Carnage, em português conhecido como Deus da Carnificina, baseado na peça teatral God of Carnage, cuja autora Yasmina Reza assina também o roteiro do
filme. Lançado em 2012, o longa é quase que
inteiramente filmado dentro de um apartamento, onde apenas quatro atores segura
as pontas com brilhantes diálogos e situações de incômodo. O elenco é composto
por veteranos de muito talento como Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz
e John C. Reilly.
Temos aqui um
grande elenco que segura o filme inteiro dentro de um apartamento, com diálogos
excelentes! É muito divertido ver a cada minuto que passa o circo pegar fogo
entre os casais, em meio a situações cômicas e que beiram ao ridículo sem
resolver nada do problema proposto por ambos. O desvio de assunto é inevitável
quando as diferentes personalidades se chocam uma com a outra. A direção de
Polanski manteve o ritmo e a estrutura narrativa é muito agradável diante de ótimas
atuações.
Sinopse: O casal Nancy e Alan Cowan (Kate Winslet e Christoph
Waltz) vai até a casa de Penélope (Jodie Foster) e Michael (Jonh C. Reilly)
para discutir uma briga entre os filhos. Eles tentam resolver o assunto dentro
das normas da educação e civilidade, mas, aos poucos, cada um perde o controle
diante da situação, e a briga deles se torna pior que a briga dos filhos.
O pequeno elenco se sai muito bem com seus papéis, e
surpreendentemente nenhum deles tem mais destaque que o outro, os quatro
dividem igualmente as cenas de uma forma divertida e cheia de desavenças, que à
medida que o filme corre até o final, a simples reunião de paz, se torna agora
um lugar onde predomina xingamentos, agressões, ódio, cada um querendo se
justificar devido às atitudes de seus filhos. É um filme que prendeu minha
atenção, e o fato de ter praticamente só um set de filmagem, contribuindo até
mesmo para um clima de sufoco, não percebi em nenhum momento algo cansativo,
pelo contrário, queria saber até onde tudo aquilo iria terminar e de que forma
seria isso. Deus da Carnificina é um
filme agradável capaz de nos divertir diante de situações um tanto caóticas
para ambos os personagens. O filme é uma crítica a sociedade que tenta se manter
unida, mas sua máscara cai quando situações extremas são jogadas na mesa, e que
funciona como combustível para uma explosão. Deus da Carnificina cumpre esse objetivo muito bem e ainda por cima
com um tom cômico para agradar ainda mais o público.
A direção de Polanski é genial, e a forma em como ele
consegue manter o clima divertido todo o tempo, apenas dentro das dependências
do apartamento, é claro que para que isso funcionasse, o elenco teria de
colaborar e muito. Por isso, a escolha dos atores não poderia ser melhor, todos
eles são consagrados e de muito talento, o ponto forte do filme que mais me
agradou foi os diálogos, uma verdadeira aula onde cada palavra é medida com sua
posterior consequência, e isso funcionou tão bem que todas as vezes que o casal
visitante tenta ir embora, alguma coisa que foi dita antes os fazia voltar de
novo.
Jodie Foster nos encanta com sua atuação, o que é bem
normal quando um papel é interpretado por ela, independente de qual seja. A
personagem Penélope recebe as visitas muito bem e mesmo quando as diferenças
entre eles são expostas, e a coisa começa a fugir do controle, Penélope tenta
se controlar ao máximo que pode, sendo a última a ceder aos seus extintos de
mãe e de dona da casa, tomando atitudes inesperadas, pois sua paciência tinha
limite. Do mesmo modo em que seu marido Michael que a princípio estava quieto,
começa depois a perder o controle com bebidas e juntamente com o marido
visitante que irritava todos com conversas ao telefone.
Kate Winslet está deslumbrante! Sua personagem aqui
reflete a de uma mãe que tenta defender seu filho quando outros o chamam de
delinquente. O que mais contribui para a explosão no comportamento das mães é
quando seu filho é xingado ou que toda a culpa pela confusão é dele. O filme não
se preocupa em mostrar quem estar certo ou errado, embora na primeira cena,
vemos o filho de Nancy e Alan dando uma paulada na cara do outro chegando a
quebrar dois dentes da vítima, mas não sabemos o que gerou a briga, por que o
filme não se importa em mostrar isso. O foco central está na chamada reunião de
paz e conciliação, onde se manifesta de forma genial as diferenças entre as
pessoas na sociedade, e o que pode resultar disso. Conforme já mencionado, a
briga dos pais se torna muito pior que a briga dos garotos, e o fato de ninguém
conseguir evitar a confusão já arranjada, torna-se claro que o ser humano
adulto pode ser muito mais rude do que uma criança que ainda não aprendeu a
medir as consequências de seus atos.
É interessante notar
como os personagens são falsos um com o outro, expressando pelas costas sentimentos
de raiva. Claro que em algumas ocasiões isso acontece para evitar confusão
frente a frente, mas se as visitas não saíssem logo, isso iria acontecer mais
cedo ou mais tarde. A personalidade agressiva muitas vezes se encontra oculta,
e para desperta-lo, nada melhor do que provocações. E em Deus da Carnificina, isso é o que não falta. O filme nos permite
ter uma ótica diferente naquele apartamento, é como se as pessoas que estavam
lá fossem animais presos na jaula. A intenção de Polanski é alcançada com uma
produção que por mais simples que seja ela é direta e acerta em cheio no ponto
principal, sem perder o rumo no qual o filme deve seguir.
NOTA: 8,5/10
Assista ao trailer no
vídeo abaixo:
Apesar do último terço ser um pouco exagerado, o filme é muito bom ao retratar o comportamento humano, sempre mostrando as virtudes num primeiro momento e escondendo os defeitos, que acabam vindo à tona na hora de defender seus interesses.
ResponderExcluirAbraço
Obrigado Hugo, pela visita e comentário. Abraço!
Excluireu amo esse filme. os textos da yasmina reza costumam ser incríveis. já vi vários projetos com textos dela e sempre impactantes. o elenco é majestoso. só feras. se entregam ao ridículo. gosto muito de mostrar muito como é a sociedade. que no início tudo parece impecável, mas quando os limites vão chegando há muita hipocrisia.
ResponderExcluirhttp://mataharie007.blogspot.com.br/2012/06/deus-da-carnificina.html
Isso mesmo Pedrita, a coisa fica tão preta que a única opção para quem assiste é rir da situação. kkkk
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