Há aproximadamente 100 anos atrás, o cinema não era tão
popular como hoje, sendo mesmo uma das grandes novidades da época, mas sem os recursos
e a tecnologia que temos hoje em dia. O até hoje aclamado Charles Chaplin era
um dos principais nomes do cinema naquela época, onde suas obras se espalharam
e conquistaram a satisfação do público geral. Mesmo sendo em um período
conturbado, afetado por grandes guerras, Chaplin se dava ao trabalho de
produzir algo engraçado que mantivessem um sorriso no rosto das pessoas. E isso
de fato, ele consegue isso através de suas grandes produções até hoje lembradas
como um tesouro antigo que vale a pena assistir quantas vezes for necessário.
Em 1921, Charles Chaplin dirigiu, escreveu e protagonizou
aquele que seria considerado uma das suas melhores façanhas, O Garoto. Além de Charles Chaplin, o
filme conta com os nomes de Jackie Coogan e Ena Purviance, o filme é uma comédia dramática que envolve o
amor entre duas pessoas, para ser bem mais específico, se trata do amor que deve
ter entre um pai e um filho, e como obstáculos tais como a pobreza faz com que
a união de ambos deve prevalecer mesmo que para isso, alguns delitos sejam cometidos.
Mas sem fazer nenhuma defesa a atitudes criminosas, O Garoto se importa unicamente em mostrar ao público o drama vivido
por um menino abandonado que é criado por um homem pobre e sem trabalho, tudo
conduzido de uma maneira divertida e dramática, que até mesmo fará os menos
sensíveis se emocionar com as situações retratadas no filme.
Sinopse: Uma
mãe solteira deixa um hospital de caridade com seu filho recém-nascido. Ela percebe
que não pode dar para seu filho todo o cuidado que ele precisa assim ela prende
um bilhete junto à criança, pedindo que quem o achar cuide e ame o seu bebê, e
o deixa no banco de trás de um luxuoso carro. Entretanto, o veículo é roubado
por dois ladrões, que, quando descobrem o menino, o abandonam no fundo de uma
ruela. Sem saber de nada, um vagabundo faz seu passeio matinal e encontra a
criança. Inicialmente, o homem quer se livrar dele, mas diversos fatores sempre
o impedem e, gradativamente, ele passa a amá-lo, decidindo então criar o
menino. Conforme os anos passam, o garoto e o vagabundo formam dupla para
conseguir sustento, e juntos eles enfrentarão situações difíceis quando o
governo tenta levar a criança para um orfanato. Ao mesmo tempo, sua verdadeira
mãe, agora uma renomada cantora de ópera tenta reencontrar o filho, oferecendo
uma recompensa a quem o achar.
Dito de maneira simples, o filme toca o coração dos pais,
que são os únicos que sabem o que é o amor por um filho. O filme remete a essa
perspectiva desde o inicio, e absolutamente nada tira esse pensamento, mesmo
diante das situações engraçadas que o garoto e o vagabundo passam para conseguirem
dinheiro e comida. Mesmo sendo alguém miserável, sem trabalho e sem nada, o
personagem de Chaplin consegue demonstrar um afeto imenso para seu companheiro,
e da mesma forma que o menino ama seu pai de criação, e mais parece que nada
irá separá-los. São sequências ótimas que tornam o filme muito agradável de
ver.
Misturando humor e
tristeza em uma única trama, Charles Chaplin conduz o filme de forma impecável
e sem vestígios de chatice. Por mais que algumas cenas nos emocionem, como
quando os oficiais tentam arrancar o menino da casa do vagabundo e vemos seus
pequenos braços esticados querendo voltar para aquele que passou a ser seu pai,
de fato é uma cena muito triste e comovente, mas, ao mesmo tempo o filme não
perde o grau humorístico que possui, mesmo diante de situações que são capazes
de nos fazer chorar. Uma forma genial de mesclar duas situações opostas!
Também é importante
mencionar o drama vivido pela mãe do garoto, que decide tomar uma decisão
dolorosa para uma mãe. Não se trata aqui daqueles monstros que vemos nos
noticiários, que abandonam uma criança sem mais nem menos dentro de um latão de
lixo, longe disso! Os motivos pelo qual levam a mãe do garoto no filme a
abandonar seu filho são devido as suas condições financeiras, e que sua
esperança era que seu filho fosse cuidado por alguém que realmente possa suprir
as mais importantes necessidades. Mas ainda assim, o sentimento de culpa a
tortura até que ela decide tentar reencontrá-lo depois de muitos anos.
Uma lição de suma
importância que eu particularmente, consegui enxergar nesse filme, é que mesmo
que nós não tenhamos tantos recursos que possam suprir as necessidades de uma
criança, o principal todos nós temos: o amor. Se você amar seu filho mesmo
diante das dificuldades financeiras, seu filho crescerá com esse sentimento que
é capaz de lidar até mesmo com a mais difícil situação. É claro que também o
dinheiro é importante nisso, mas pensemos no caso do vagabundo, ele criou o
garoto mesmo sem ter condições para isso. Seu afeto pelo menino foi o que realmente
fez a diferença, o garoto cresceu amando seu pai adotivo que ao tentarem
afastá-lo dele, é motivo suficiente para uma imensa tristeza e solidão.
Portanto, o principal ingrediente para cuidar de uma criança é alimentando elas
com amor.
O
Garoto apesar de estar perto de fazer cem anos desde que
foi lançado, é uma obra que não deve ser descartada em hipótese alguma! Mesmo que
você não goste muito de filmes em preto e branco e ainda por cima mudo. O filme
é uma relíquia super valiosa do cinema, que aborda assuntos de uma forma
delicada e divertida. E assim como em outros filmes de Chaplin, aqui temos uma
crítica social a respeito do orgulho e medo que as pessoas têm ao enfrentarem
desafios e também seu foco central está no valor da família e como esta é
importante na vida de uma pessoa, não importando a classe social, pois conforme
já dito, onde tiver amor, há sim o prazer de viver. Enfim, O Garoto é um filme sentimental e ao mesmo tempo cômico, produzido
e atuado com louvor, é claro que uma obra-prima como essa não pode ficar de
fora da lista daqueles que amam o cinema.
NOTA: 10/10
Assista ao filme completo no
vídeo abaixo:
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