Considerado um dos filmes mais românticos de todos os tempos, Brief Encounter, no Brasil
conhecido como Desencanto, é um
longa-metragem britânico dirigido por David Lean (1908-1991) e lançado em 1945. Nos
papéis principais, temos os nomes de Celia Johnson (1908-1982) e Trevor Howard
(1913-1988).
Esse filme irá abordar duas pessoas casadas, um homem e uma mulher e ambos
possuem dois filhos com seus cônjuges. Depois de um encontro por acaso, em uma
estação de trem, Laura Jesson (Celia Johnson) conhece o médico Alec Harvey
(Trevor Howard), este a ajuda a tirar-lhe um cisco do olho. Depois disso, os
dois passam a se ver constantemente, especialmente todas as quintas, que é o
dia que Laura faz compras, frequenta uma cafeteria e vai ao cinema. Não dura
muito tempo até que os dois comecem a nutrir uma paixão um pelo outro, mesmo
quando os dois são casados e tem filhos. O amor proibido os tortura dia após
dia, é como se o destino os castigasse de uma forma muito cruel.
O desenvolvimento do romance entre eles é o que há de mais agradável no
filme, mesmo se tratando de atitudes e sentimentos errados, a simpatia dos dois,
mesclado com a forma em que eles tentam lutar para superar isso, diante de
muito sentimento de culpa, faz com que nós torcemos para que eles fiquem juntos
no final. Por incrível que isso possa parecer, o filme consegue nos guiar a
essa perspectiva. Falando na estrutura narrativa, outro acerto do filme é que
toda a trama é um flashback narrado por Laura, e lá pelo final, eu
particularmente fiquei surpreendido com a pessoa a quem ela estava se dirigindo
contando toda essa história de amor proibido.
Desencanto é um filme sufocante e muita tortura mental para os
protagonistas que lutam contra si mesmos em uma batalha interna. Quando fica
claro que eles estão perdidamente apaixonados, ficamos imaginando que o filme
terminaria bem e ruim ao mesmo tempo, visto que em ambos os lados haveria
partes que seriam afetadas, não importando qual seria a decisão que Laura e
Alec tomariam em relação ao amor deles. Não tinha jeito, alguém ou algumas
pessoas sairiam machucadas com toda essa história.
E com isso em mente, eu até cheguei a pensar se aconteceria alguma
tragédia, ou se famílias seriam destroçadas. E com relação a isso, o filme
termina da melhor maneira possível, sem se tornar um drama exagerado, e de
certa foi um alívio para mim. Apesar de ser uma história que envolve adultério,
a forma como o diretor David Lean conduz o filme nos faz acompanhar a trama com
emoção e compreensão, principalmente por que tudo está sendo contada por uma
das pessoas envolvidas, no caso a Laura. Os diálogos que ela trás nos faz
entender o que ela sente e como é difícil ter que lidar com essa situação.
A fotografia em preto e branco é outro espetáculo, sobre as atuações não
preciso nem entrar em detalhes, elas foram ótimas! E se hoje em dia, as pessoas
tendem a enxergar esse filme com olhos sexuais que nos fazem lembrar traições
ou coisas do tipo, saiba que em nenhum momento no filme é feito alguma alusão
sobre sexo, e mesmo que a história aborde o tema do adultério, o conteúdo do
filme é rico e puro, não nos deixa imaginar outras coisas que envolvem um homem
e uma mulher. O foco aqui é o sentimento, a dor de não poder amar e o peso na
consciência. E é isso que os fãs do cinema clássico conseguem ver em Desencanto, e que motiva muitos críticos
a considerarem como um dos romances proibidos mais aclamados da história do
cinema.
Por outro lado, eu fiquei abismado como muita gente desconhece essa obra,
mesmo aqueles que não curtem o cinema antigo, se perguntarmos, a maioria deles
conhecem clássicos como Cidadão Kane, E o Vento Levou, Tempos Modernos, entre outros filmes. Agora, não sei se pelo
fato de não ser uma produção americana, Desencanto
não tenha tanto reconhecimento assim, e vale lembrar que o filme foi
nomeado a três Oscar em 1947: Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.
NOTA: 9/10
Grande filme. O grande acerto de David Lean foi detalhar a relação pelos olhos da personagem de Celia Johnson.
ResponderExcluirAbraço