quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

VOZES

 

Dirigido por Ángel Gómez Hernández, Vozes é um filme espanhol de terror sobrenatural que explora o poder perturbador das vozes do além em um cenário familiar, mas eficaz. Repleto de elementos clássicos do gênero, o longa se destaca pelo uso atmosférico do som e pela construção de um suspense envolvente, ainda que tropece em sua originalidade.

A trama segue Daniel (Rodolfo Sancho) e Sara (Belén Fabra), um casal que se muda para uma antiga casa com seu filho Eric (Lucas Blas). Rapidamente, eles começam a experimentar fenômenos estranhos, que culminam em uma tragédia devastadora. Daniel, consumido pelo luto e pelo desejo de entender o que aconteceu, busca a ajuda de Germán (Ramón Barea), um especialista em fenômenos paranormais, e sua filha Ruth (Ana Fernández). O filme mergulha em temas como perda, arrependimento e o impacto destrutivo do desconhecido, enquanto explora a linha tênue entre ciência e superstição.

Ángel Gómez Hernández utiliza habilmente o som como uma ferramenta de terror, criando uma experiência auditiva inquietante. Os ruídos estranhos e sussurros macabros amplificam o clima de tensão, tornando a ausência de som tão perturbadora quanto a sua presença. A cinematografia é escura e claustrofóbica, capturando a sensação de isolamento e perigo iminente.

O filme evita jump scares baratos, preferindo construir o medo de forma gradual, embora em alguns momentos caia em clichês do gênero. As influências de outras obras, como Invocação do Mal e Poltergeist, são evidentes, mas Vozes ainda consegue encontrar sua identidade em meio a esses paralelos.

O elenco entrega performances sólidas, com Rodolfo Sancho transmitindo a angústia de um pai devastado pela perda. Ana Fernández se destaca como Ruth, trazendo uma vulnerabilidade que equilibra bem o ceticismo e a crença em forças sobrenaturais. Ramón Barea adiciona gravidade ao papel do investigador Germán, oferecendo uma perspectiva mais racional em meio ao caos.

Vozes é mais eficaz em sua construção atmosférica e no uso do design de som do que em sua narrativa. Embora consiga criar momentos genuínos de tensão, a história é previsível e recorre a convenções já exploradas em outros filmes de casas assombradas. Além disso, o desfecho, embora impactante, pode parecer abrupto e pouco satisfatório para alguns espectadores.

Vozes é uma adição competente ao gênero de terror, com uma execução técnica notável e momentos de suspense genuínos. Apesar de sua falta de originalidade, é um filme que entrega uma experiência envolvente, especialmente para fãs de histórias de casas mal-assombradas. Se não revoluciona o gênero, ao menos confirma o talento de Ángel Gómez Hernández como um diretor promissor. 

NOTA: 7/10

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