quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

FRENESI

 

Frenesi (Frenzy, 1972) marca o retorno de Alfred Hitchcock ao seu país natal e ao gênero que o consagrou: o suspense. Ambientado na Londres da década de 1970, o filme conta a história de Richard Blaney (Jon Finch), um homem comum acusado de uma série de assassinatos cometidos pelo verdadeiro culpado, Bob Rusk (Barry Foster), um amigo próximo e aparentemente inofensivo. 

Com Frenesi, Hitchcock adota uma abordagem mais explícita do que em seus trabalhos anteriores, refletindo a mudança nos padrões cinematográficos da época. A brutalidade das cenas de crime e a exploração psicológica dos personagens são mais gráficas, mas nunca gratuitas. A famosa cena do assassinato no apartamento de Rusk é emblemática: Hitchcock conduz a tensão de maneira magistral, equilibrando o horror com a sugestão visual, um elemento que sempre foi sua marca registrada. 

As atuações são sólidas, com Barry Foster entregando uma performance perturbadora e magnética como Rusk, o vilão aparentemente charmoso. Jon Finch, por sua vez, encarna bem o papel do protagonista imperfeito, cuja vida desmorona devido a falsas acusações. A atmosfera londrina, com seus mercados, pubs e becos, é capturada de forma quase documental, reforçando o realismo da trama.

Por outro lado, Frenesi enfrenta críticas por seu tom ambíguo. Algumas cenas parecem oscilar entre o suspense visceral e o humor negro, criando uma desconexão que pode dificultar a imersão do espectador. Além disso, a representação das mulheres como vítimas de violência extrema levanta questões sobre o olhar masculino e o impacto ético da narrativa.

Ainda assim, Frenesi se destaca como uma obra madura, refletindo a evolução de Hitchcock como cineasta. Ele subverte expectativas ao transformar uma trama relativamente simples em um estudo profundo sobre culpa, moralidade e os segredos que as pessoas escondem sob fachadas respeitáveis.

Frenesi não é apenas um suspense; é um retrato sombrio e ácido da sociedade londrina da época, envolto na maestria técnica de Alfred Hitchcock. Embora não seja isento de escolhas controversas, o filme continua a intrigar e provocar discussões décadas após seu lançamento. 

NOTA: 8/10

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