sábado, 8 de fevereiro de 2025

O CONTO DA PRINCESA KAGUYA

 

Dirigido por Isao Takahata e produzido pelo Studio Ghibli, O Conto da Princesa Kaguya (2013) é uma obra-prima da animação japonesa que reinventa o clássico conto popular japonês O Conto do Cortador de Bambu. O filme narra a história de Kaguya, uma pequena criatura descoberta em um bambu luminoso, que cresce rapidamente e encanta todos ao seu redor. Criada por pais adotivos, Kaguya experimenta a vida humana em toda sua complexidade, enquanto carrega consigo um destino misterioso. 

O primeiro elemento que se destaca em O Conto da Princesa Kaguya é sua impressionante estética visual. Diferente das produções tradicionais do Studio Ghibli, o filme adota um estilo artístico que lembra pinturas em aquarela e caligrafia japonesa. Essa escolha não só reflete a origem folclórica da história, mas também evoca uma sensação de temporalidade e poesia. A animação, com traços minimalistas e suaves, transmite uma delicadeza que combina perfeitamente com o tom melancólico da narrativa.

Outro ponto de destaque é a profundidade emocional da história. Takahata explora temas universais, como o conflito entre dever e desejo, a efemeridade da vida e a busca pela verdadeira felicidade. Kaguya, como personagem, é fascinante: ao mesmo tempo em que tenta se adaptar às expectativas da sociedade aristocrática, ela expressa uma saudade intrínseca por sua liberdade perdida, que simboliza um desejo humano por autenticidade. Essa dualidade ressoa de maneira poderosa, tornando-a uma figura profundamente empática.

A trilha sonora também merece elogios, complementando perfeitamente as imagens etéreas do filme. As músicas, muitas vezes minimalistas, capturam a inocência, a alegria e a tristeza que permeiam a jornada de Kaguya, ampliando o impacto emocional da obra. Entretanto, apesar de sua beleza inquestionável, O Conto da Princesa Kaguya pode ser desafiador para alguns espectadores devido ao seu ritmo contemplativo. A narrativa avança lentamente, priorizando momentos introspectivos e visuais, o que pode afastar aqueles acostumados a enredos mais ágeis.

Além disso, a simplicidade do enredo principal – que é uma característica do conto original – pode ser percebida como um ponto fraco por quem busca tramas mais complexas ou reviravoltas marcantes. No entanto, essa simplicidade serve a um propósito artístico, permitindo que as emoções e reflexões ganhem protagonismo.

O Conto da Princesa Kaguya é uma obra profundamente enraizada na cultura japonesa, mas sua mensagem é universal. A crítica às pressões sociais, especialmente em relação ao papel das mulheres, e a celebração da beleza efêmera da vida tornam o filme relevante em qualquer contexto. Takahata demonstra mais uma vez sua habilidade de criar histórias que transcendem barreiras culturais e tocam as emoções mais humanas.

O filme também oferece uma rica interpretação sobre a relação entre o ser humano e a natureza. A transição de Kaguya do mundo natural para a sociedade aristocrática é retratada de maneira visual e metafórica, convidando o público a refletir sobre o impacto da civilização em nossa essência. 

Em suma, o filme é uma joia cinematográfica que une arte visual e narrativa poética em um equilíbrio raro. Embora seu ritmo lento e simplicidade narrativa possam não agradar a todos, a obra compensa com sua profundidade emocional e visual deslumbrante. É uma experiência que transcende o entretenimento, oferecendo uma meditação sobre a vida, a liberdade e a efemeridade da existência. 

NOTA: 9,6/10

Um comentário:

  1. é lindo demais!!! comentei aqui https://mataharie007.blogspot.com/2016/11/o-conto-da-princesa-kaguya.html

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