Dirigido por Billy Wilder e baseado no romance homônimo de Charles R. Jackson, Farrapo Humano é um dos primeiros filmes a tratar o alcoolismo de maneira séria e realista, rompendo com os estigmas do período. Com uma abordagem corajosa e inovadora para sua época, o longa se tornou um marco no cinema, conquistando quatro Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro.
A trama
acompanha Don Birnam (Ray Milland), um escritor fracassado e alcoólatra,
enquanto ele enfrenta um final de semana devastador em Nova York. Don tenta
desesperadamente obter álcool, enquanto lida com a rejeição social, o colapso
de suas relações pessoais e o confronto com seus próprios demônios internos. O
filme alterna entre flashbacks de seu passado promissor e os eventos sombrios
de seu presente, criando um retrato profundamente humano e angustiante.
Ray Milland
entrega uma das atuações mais impactantes de sua carreira. Seu retrato de Don
Birnam é visceral, autêntico e devastador, capturando tanto o charme manipulado
por Don para obter simpatia quanto a dor crua de sua batalha interna. Milland
evita caricaturas, permitindo que o público compreenda a complexidade do
personagem – sua vergonha, seus fracassos e suas esperanças despedaçadas.
A direção de
Billy Wilder é magistral, utilizando sombras, enquadramentos apertados e trilha
sonora para criar uma atmosfera sufocante. A música de Miklós Rózsa,
especialmente com o uso do theremin, sublinha o estado mental frágil de Don,
imergindo o espectador em sua paranoia e desespero. A cinematografia de John F.
Seitz reflete a jornada emocional do protagonista, alternando entre o realismo
sombrio e momentos quase expressionistas que intensificam o impacto
psicológico.
O roteiro é
outro ponto forte, com diálogos afiados que exploram as dimensões psicológicas
do alcoolismo. Em vez de condenar Don, o filme humaniza sua luta, revelando
como o vício é tanto uma doença quanto um sintoma de traumas mais profundos. Ao
mesmo tempo, o roteiro aborda a maneira como a sociedade trata os dependentes,
expondo preconceitos e falta de compreensão.
O final que
sugere uma redenção abrupta, pode parecer otimista demais em relação à
complexidade do alcoolismo, especialmente considerando o tom sombrio do
restante da narrativa. No entanto, essa escolha provavelmente reflete a
necessidade de atender às expectativas do público e do código moral vigente na
época.
Farrapo
Humano é um filme essencial, não apenas
por sua relevância histórica, mas também por sua coragem em abordar um tema
tabu de forma tão honesta. Com uma combinação de direção visionária, atuação
poderosa e uma narrativa profundamente envolvente, o longa transcende seu tempo
e permanece uma obra de arte impactante e atemporal.
NOTA: 9,5/10
é um filme difícil de ver. tb vi. o nome no brasil q é péssimo pra variar. comentei aqui https://mataharie007.blogspot.com/2014/03/farrapo-humano.html
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