Uma das melhores adaptações de Stephen
King foi dirigida por Frank Darabont, que já havia dirigido outros filmes
baseado nos livros de King, como Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de um Milagre (1999), ambos do gênero drama. Dessa vez, Darabont adapta uma
história de terror. O Nevoeiro,
título original em inglês The Mist,
foi lançado em 2007 e nos trouxe uma história amedrontadora e ao mesmo tempo
recheada de mistérios. O filme é estrelado por Thomas Jane, Marcia Gay Harden,
Laurie Braugher e Toby Jones.
Sinopse: Depois que uma violenta tempestade devasta a cidade de
Maine, David Drayton (Thomas Jane), um artista local e seu filho de 8 anos
correm para o mercado, antes que os suprimentos se esgotem. Porém, um estranho
nevoeiro toma conta da cidade, deixando David e um grupo de pessoas presas no
estabelecimento, entre essas pessoas tinha um cético forasteiro e uma fanática
religiosa. David logo descobre que o nevoeiro esconde algo sobrenatural e que
sair do mercado pode ser fatal para as pessoas. Mas conforme o grupo tenta
desvendar o mistério, o caos se instala e fica evidente que as pessoas dentro
do mercado podem tornar-se tão ameaçadoras quanto às criaturas do lado de fora.
Uma coisa interessante de notar nesse filme é a falta de informação sobre o que estava acontecendo. Quando as pessoas percebem que existe alguma coisa no nevoeiro, a fanática religiosa (Marcia Gay Harden) já começa com seus discursos apocalípticos, convencendo as pessoas de que aquilo se trata da ira de Deus sobre os homens. Há outras pessoas que acham que não tem nada de fatal no nevoeiro, e fica nessa disputa de opiniões, até que em uma garagem, alguns homens, incluindo David abrem o portão e tentáculos enormes se instalam agarrando um garoto, matando-o de forma brutal.
As criaturas do filme são assustadoras, tanto as pequenas
quanto as grandes, chegando a um determinado momento do filme, quebrar os
vidros do mercado e invadindo o local durante a noite, atacando algumas
pessoas. Parecia que o filme traria aquele suspense relacionado aos ataques das
criaturas do nevoeiro, mas não. Na verdade, o longa aborda muito mais o
confinamento das pessoas dentro daquele estabelecimento. Entre os céticos e a
fanática religiosa, há um clima de disputa e controvérsias a respeito do que
estava acontecendo.
A religiosa obtém muita vantagem, principalmente depois de uma criatura pousar nela, e não a ferir, fazendo com que algumas pessoas acreditassem que ela é uma enviada de Deus para salvar suas almas. A situação mais revoltante acontece quando o fanatismo ultrapassa os limites, começando a sacrificar algumas pessoas como uma espécie de expiação, como no caso de alguns oficiais que comentam entre si, os experimentos que eram feitos em um laboratório ali nas redondezas, nos dando uma possível explicação sobre as causas do nevoeiro. Nisso, a religiosa comanda um julgamento de um dos oficiais, condenando-o pela catástrofe que estava acontecendo, dando a sentença de morrer pelas criaturas.
O Nevoeiro é uma história de terror, mas levando para o lado
ideológico, que acaba motivando as pessoas a cometerem atos de violência,
apenas por que acreditava que isso iria trazer paz. Extremismo? Poderia dizer
que sim, afinal durante toda a história da humanidade, os atos de extremismo
sempre foram motivados pela religião, e o filme faz uma crítica quanto a isso.
Por isso, é importante mencionar que as criaturas são como coadjuvantes, que
seus ataques não são o principal foco do filme, o centro das atenções são os
personagens de diferentes opiniões que discutem durante o filme todo, foi
exatamente essa a proposta do filme, não um terror onde haveria apenas a luta
contra os monstros. Ele deixa bem claro que o verdadeiro terror é o próprio ser
humano, e ainda faz a abordagem sobre como ele reage a esses medos.
Falando das criaturas, eu achei que foram bem criativas.
Mosquitos gigantes, aranhas, e todo tipo de inseto que se possa imaginar bem
construído, além das criaturas gigantes, todos eles com habilidades mortíferas.
Se bem que algumas pessoas tenham exigido mais aparições desses bichos, mas
isso era apenas um aperitivo para a violência e o medo psicológico que iria
ocorrer nas dependências daquele mercado. E sobre o final do filme, há
diferentes opiniões sobre ele. Alguns odiaram, outros acharam o final ruim, e
tem pessoas que gostaram e tem outros que amaram o desfecho. Eu particularmente
gostei, apesar de ser um soco no estômago, ele foge daqueles clichês, e isso
foi louvável.
Vou dizer o que acontece, se você que não viu o filme e ainda tá aqui, pare de ler agora mesmo! David, seu filho, um casal de idosos e uma professora conseguem sair do mercado e estão no carro em busca de ajuda, quando o carro quebra, ainda no meio do nevoeiro, eles acreditam que tudo acabou e que não há meios de sobreviver. Assim eles combinam suicídio, usando a arma da professora que tinha quatro balas, então David mata o casal de idosos, a professora e até mesmo o seu próprio filho, acabando as balas do revólver, depois David sai do carro e se entrega para as criaturas. De repente, ele é surpreendido com um tanque do exército e carros cheios de sobreviventes, e depois nota que o nevoeiro estava sendo controlado. Que lástima para ele! Precipitou-se demais! Agora o sentimento de culpa irá tortura-lo a partir daí.
Vale mencionar que um dos sobreviventes visto em um dos
carros, era uma mulher que estava no mercado, e que após o nevoeiro ela implora
para que alguém a acompanhe até a casa dela, onde estavam seus dois filhos pequenos,
no qual estavam agora ao lado dela sãos e salvos. Realmente é um desfecho que
não agrada todo mundo. Quem criou esse final foi o diretor Darabont que já o
havia planejado muito antes de dirigir o filme, e Stephen King gostou da ideia.
Enfim, O Nevoeiro é repleto de
mistérios e situações caóticas, além de conflitos ideológicos e mortes
sangrentas. Na minha opinião, uma das melhores adaptações de Stephen King.
NOTA: 9/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
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