Uma das poucas adaptações dos escritos de
Stephen King que não nos remete ao terror, mas ao drama é o filme À Espera de um Milagre, lançado em 1999.
Dirigido por Frank Darabont, e estrelado por Tom Hanks e Michael Clarke Duncan.
Eu considero este filme como o melhor dentre as adaptações de King, não apenas
por abordar uma trama singular e emocionante, mas em especial por sua simplicidade,
personagens carismáticos e reflexões sobre o ser humano. O filme foi indicado a
quatro categorias do Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Michael
Clarke), Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado, e apesar de não ter vencido
nenhum desses prêmios, À Espera de um
Milagre é considerado até hoje um dos maiores marcos do cinema na década de
90.
Atenção! Essa resenha contém spoilers!
O filme é narrado em flashback por Paul Edgecomb. Em 1999 ao assistir o filme Top Hat (1935), ele se emociona, pois o
faz lembrar dos eventos que marcou sua vida na década de 30, durante a Grande
Depressão, quando ele era o chefe de guarda da prisão, encarregado do corredor
da morte. Onde os prisioneiros que iam para lá, aguardavam o dia da execução na
cadeira elétrica. O filme mostra a convivência entre Paul e seus colegas
oficiais. O desenvolvimento é lento, entretanto, a narrativa faz com que o
espectador mergulhe facilmente na história, onde nem se apercebe o tempo
passar, e note que são 3 horas e 10 minutos de duração. Garanto a vocês, é um
tempo que passa despercebido.
Paul sofre uma infecção na bexiga, onde ele
sente uma dor insuportável toda vez que vai urinar. Dentre
seus colegas oficiais, temos Brutus Howell (David Morse), Dean Stanton (Barry
Pepper), Harry Terwilliger (Jeffrey DeMunn) e Percy Wetmore (Doug Hutchison). O clima sombrio e
fechado do corredor da morte muda com a chegada de John Coffey (Michael Clarke
Duncan), um homem negro grandalhão e aparentemente perigoso. Porém, ao notar
sua forma branda ao falar além de um comportamento infantil, os oficiais
especialmente Paul, vai criando aos poucos uma certa aproximação. E não demora
muito para que John Coffey revele seus poderes sobrenaturais, como os de
cura, e ele usa esse dom para curar Paul de sua infecção urinária.
E diante desse fator determinante e outros
aspectos da personalidade de John, põe em xeque sobre o fato dele ter sido
condenado à morte por estuprar e matar duas meninas brancas, e isso é algo que
Paul vive refletindo. Aos poucos, ele vai se convencendo de que John é
inocente, pois o grandalhão além de ter curado sua doença, ele cura um ratinho,
que digamos é uma das atrações principais do filme. E após os demais oficiais
se convencerem a respeito do dom milagroso de John, com exceção de Percy, que é
um oficial sádico e teimoso, Paul e seus colegas armam um plano para usar os
poderes de John para curar a esposa do diretor da prisão que sofre com um tumor
no cérebro. Paul e os oficiais se convencem de que John é um instrumento de
Deus que está ali para fazer o bem.
John Coffey demonstra ter outros poderes
sobrenaturais, como por exemplo, ele consegue sentir a dor das pessoas, como
acontece na cena da execução de um preso que foi comandado pelo sádico Percy,
que deliberadamente ignora um detalhe crucial da execução que é molhar uma
esponja que ficará na cabeça do condenado, fazendo com que a eletricidade seja
conduzida ao cérebro, matando-o de forma mais rápida, e por não molhar a
esponja, o prisioneiro sofre de tal forma, que até mesmo os familiares das
vítimas dele que estavam ali para vê-lo morrer, ficaram horrorizados com a cena.
Durante a execução, é possível notar que John Coffey estava sentido a dor do
prisioneiro enquanto a eletricidade fritava literalmente o seu corpo.
E mais ainda, John Coffey é capaz de ler a
mente das pessoas e enxergar o que elas são por dentro e o que elas tem feito
na vida. E numa cena de grande impacto, ele toca em um prisioneiro que fora
levado para lá depois dele, e percebe que aquele cara era o assassino das duas
meninas brancas, o crime pelo qual ele está pagando injustamente. Mais tarde, ele
faz com que Paul o toque para que ele veja o que realmente aconteceu com
aquelas crianças. Inconformado com o fato de executar um inocente e ainda por
cima um milagre de Deus, Paul tenta convencer John a escapar, e que ele e seus
amigos oficiais o ajudariam com isso. John surpreendentemente rejeita a
proposta afirmando que está cansado de ver sofrimento no mundo e que ele passa
por tanta dor que não consegue mais lidar, esse diálogos são vistos na cena em
que eu particularmente considero a mais profunda do filme!
À
Espera de um Milagre é um filme capaz de partir nossos corações! É simplesmente
impossível não terminar chorando! E é justamente isso que o filme faz de
esplêndido, pois ele não perdoa o espectador, que naturalmente prefere ver um
desfecho feliz como forma de aliviar toda a emoção que o filme transmite de
maneira impecável! Apesar da injustiça com o final triste e comovente, é um
filme necessário. E, diga-se de passagem, Stephen King inspirou o seu livro
em uma triste história real, onde um negro foi executado injustamente na
cadeira elétrica, seu nome era George Stinney.
NOTA: 10/10
À
Espera de um Milagre está disponível na Netflix.
Veja o trailer no vídeo abaixo:
esse é inesquecível!! uma das melhores adaptações das obras de stephen king
ResponderExcluirEu acho essa a melhor adaptação dos livros dele.
Excluir