É difícil encontrar alguém que não conheça um dos grandes
clássicos do cinema nacional. Cidade de
Deus estreou em 30 de agosto de 2002. Teve um orçamento de oito milhões de
reais e arrecadou mais de 30 milhões de dólares. Grande sucesso tanto Brasil
como no exterior. Dirigido por Fernando Meirelles, o filme foi baseado no
romance de Paulo Lins que conta a história da Cidade de Deus, uma favela
localizada na zona oeste do Rio de Janeiro. A história aborda o tráfico de drogas
na favela, com a visão de dois personagens diferentes: Buscapé e Dadinho.
Buscapé sonha em ser fotógrafo e teme ter que entrar na vida de bandido. Por
outro lado, Dadinho se torna um dos maiores traficantes de drogas do Rio de
Janeiro.
Uma das curiosidades do filme Cidade de Deus, é
que a maioria dos atores eram amadores. Poucos dos nomes ali eram
profissionais. Cidade
de Deus exigiu a contratação de mais de 60 atores principais, 150
secundários e 2 600 figurantes, a maior parte sendo crianças e adolescentes. Os
personagens principais como Buscapé, Cabeleira, Zé Pequeno e Bené; todos foram
interpretados por atores amadores. Porém, segundo Meireles, todos eles tinham
talento, só faltava descobrir. Cidade de Deus foi produzido em
torno de mais ou menos dois anos, tempo suficiente para treinar os jovens
atores a encarnar os personagens do filme.
Podemos
dividir o filme em três partes. A primeira, baseada nos anos 60 traz à nossa
atenção o trio ternura que realizam assaltos na favela; a segunda fala sobre o
crescimento do tráfico de drogas na Cidade de Deus e a terceira sobre a eclosão
de uma guerra pelo domínio da favela, entre as gangues de Zé Pequeno contra
Cenoura. Dirigido de modo impecável por Meirelles, o filme prende a atenção do
início ao fim. O modo como nos é repassada a história com a narração de Buscapé
é extraordinariamente esplêndido! Desde os assaltos, tráfico de drogas,
guerra, violência, ao jovem sonhador Buscapé, o filme é uma grande obra do
cinema brasileiro, considerado um dos melhores filmes já feitos no Brasil.
Em sua
primeira parte, o filme se centra na gangue do trio ternura que é composta por
três marginais da favela, são eles: Cabeleira (Jonathan
Haagensen), Alicate (Jefechander Suplino) e Marreco (Renato de Souza). Eles são
assaltantes e roubam as pessoas de fora que entram na favela e também ajudam os
moradores. Em retribuição, os moradores os protegem da polícia.
Sempre ao
lado do trio ternura vinha acompanhando o grupo os garotos: Dadinho (Douglas
Silva) e Bené (Michel Gomes). Dadinho era um moleque que não respeita ninguém,
e chega até a induzir o trio ternura com seus assaltos. Percebe-se que é
muitíssimo claro ver que uma criança é fácil de ser influenciada. O filme nos
mostra o futuro de Dadinho e o que ele acaba se tornando. Essa primeira parte
mostra também que a favela Cidade de Deus estava em formação, pois no início
vemos muita gente nova chegando à favela que era um meio de abrigar pessoas que
ficaram sem suas casas.
A segunda
parte se baseia a década de 70, nessa época a Cidade de Deus havia mudado.
As ruas tinham asfalto, havia prédios que antes não tinha. A favela estava
evoluindo, inclusive o tráfico. Muitos traficantes tomaram de conta da Cidade
de Deus, porém, quando Dadinho completa 18 anos, ele muda seu nome para Zé
Pequeno e elimina toda a concorrência, matando todos os traficantes e se
apoderando do "negócio", com exceção de Cenoura, interpretado pelo
brilhante ator Matheus Nachtergaele, que era amigo de Bené, companheiro de
infância do Zé Pequeno.
O filme
também retrata a ambição de um traficante de drogas, que acha que pode tudo,
tanto na questão do dinheiro como para prejudicar outros. Zé Pequeno
sempre queria arrumar desculpa pra matar o tal Cenoura, mas sempre seu amigo
Bené o impedia. No clímax do filme, Bené acaba sendo assassinado, e que
desperta a fúria de Zé Pequeno. Não se pode deixar de mencionar a rivalidade
entre Zé e Mané Galinha (Seu Jorge), pois Galinha quer vingança contra Zé por
ter matado seu irmão e estuprado a namorada. Ao se unir com Cenoura que fica feliz
com a parceria, pois Mané Galinha é campeão de tiro ao alvo, o que faz a gangue
de Cenoura ter vantagem. Assim eclode a guerra na Cidade de Deus.
O roteiro
do filme baseado no livro de Paulo Lins é deveras magnífico e juntamente com a montagem de Daniel Rezende andam lado a lado. Isso
acaba fazendo o necessário para que a dinâmica constante do filme seja mantida
durante seus 130 minutos, e isso não para e nem chega a ser cansativo em
momento algum. Ao lado da direção temos a emblemática fotografia de César
Charlone, que já nos planos iniciais tira o nosso fôlego – não é à toa que o
plano circular do início do filme se tornou tão famoso. A fotografia apresenta
um verdadeiro domínio de sua arte, sabendo trabalhar de forma impecável mesmo
nas diversas cenas noturnas. É muito mais do que digno de ser considerado
um dos maiores filmes nacionais de todos os tempos. A violência
também chega a ser muito nítida e impactante! Há cenas fortes e que faz com que
o realismo apresentado no filme seja digno de uma produção muito bem preparada
e competente para uma obra cinematográfica que posteriormente seria admirada e
venerada por todos!
Nota: 10/10
Veja o
trailer do filme no vídeo abaixo:
Já nasceu clássico, Cidade de Deus !!. José Remi R. Reis.
ResponderExcluirVerdade! Um marco na história do cinema brasileiro.
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