segunda-feira, 27 de abril de 2020

DISQUE M PARA MATAR


Disque M Para Matar, original Dial M for Murder é um filme de suspense lançado em 1954, dirigido por Alfred Hitchcock, sendo o seu terceiro filme a cores. Estrelado por Ray Milland, Grace Kelly e Robert Cummings, este filme é, em minha opinião, um dos melhores de Hitchcock (se não o melhor). Disque M Para Matar possui duas refilmagens: a primeira lançada em 1981 com o mesmo título, e a segunda lançada em 1998 com o título Um Crime Perfeito. 

O ex-tenista, Tony Wendice (Ray Milland), descobre que sua esposa Margot (Grace Kelly) está sendo infiel. Com a chegada do amante dela, Mark Halliday (Robert Cummings), Tony elabora um plano para matar sua esposa, mas para isso, ele chantageia Charles Alexander (Anthony Dawson) um antigo colega da faculdade, para que este mate sua esposa e que possa ficar com a herança. Mas, Margot mata Charles em defesa própria, e tudo dá errado. Tony, por sua vez, bola um plano B que fará Margot ser presa e condenada.  


A trama é muito bem amarrada e absolutamente imprevisível sobre como irá acabar e de que maneira vai ser. Hitchcock conseguiu transformar a peça original em um filme elegante e criativo, cheio de detalhes e, sobretudo muita tensão. É incrível poder acompanhar o ritmo de filme que praticamente tem apenas um cenário, com algumas exceções externas. O elenco é afiado e competente! Diante dos diálogos iniciais, o filme já prende nossa atenção e nos direciona ao plano malicioso, contado em detalhes por Tony Wendice. Chega a ser impressionante o quão frio e calculista ele é, mesmo depois do plano inicial não ter saído como o planejado. Ele sempre ficou buscando brechas ao seu favor.

Diante disso, um dos momentos mais tensos foi quando o amante de sua esposa, sem saber da real verdade do fato, tenta expor um plano para salvar Margot e esse plano é idêntico ao plano A de Tony. E o que não podia ser mais impressionante, é que Tony usa esses argumentos ao seu favor, mesmo que parecesse loucura. Alfred Hitchcock conduz esse filme com maestria, não deixando passar em branco um detalhe sequer. O desempenho de Ray Milland é impressionante, e ele já tinha um histórico de respeito quando venceu o Oscar de Melhor Ator em 1946 pelo filme Farrapo Humano.


Já a belíssima Grace Kelly traz uma personagem de duas faces. E falando nisso, é impossível não se cativar com o talento do diretor ao apresentar seus personagens em poucos minutos mostrando quem eles são na verdade. Grace Kelly interpretando Margot, leva uma vida dupla, onde em uma ela é uma esposa modesta ao lado do marido; e quando está com o amante, sua vestimenta é decotada e avermelhada. Dito isso, não criamos logo de cara nenhuma simpatia por Margot e nos colocamos no lugar de Tony.

Mas, como é evidente e claro ver com o diretor Alfred Hitchcock, tais clichês não iriam predominar em seu filme. O marido é então, a partir daí visto como um vingativo cruel que se deixa levar por interesses próprios, mesmo passando por cima de outros. Assim, é muito difícil ao espectador criar alguma empatia com o sujeito e torce para que final seu plano dê errado.


Disque M Para Matar é uma obra-prima do suspense e um filme estritamente obrigatório! Perceba a mudança de atmosfera e simpatia pelos personagens, à medida que eles revelam o outro lado da face, mesmo com seus erros graves. Simplesmente, uma obra simples e de baixo orçamento, mas com uma grandeza imensa que merece, de fato, ter o nome de um dos maiores cineastas de todos os tempos. 

NOTA: 10/10

Veja o trailer no vídeo abaixo: 

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