segunda-feira, 26 de junho de 2017

A CAÇA (2012)



Nos nossos dias, é comum que as pessoas desenvolvam ódio por certos tipos de gente. Em especial, quando se trata de pedófilos. Molestar uma criança inocente nos causa revolta. Já aconteceu em muitos casos da população linchar o criminoso, ou seja, fazer justiça com as próprias mãos. Muitas pessoas concordam com tal ato, mas já parou pra se perguntar se o acusado é mesmo pedófilo? Uma menina o acusou de ter mostrado suas partes íntimas, e ela não mentiria quanto a isso, portanto, ele é um molestador sexual e que merece pena. Na maioria das vezes, por haver uma acusação vinda de uma criança, dificilmente alguém irá discordar dela, não é mesmo? No entanto, um filme dinamarquês lançado em 2012, intitulado A Caça nos faz refletir sobre questões desse tipo.

O filme foi dirigido por Thomas Vinterberg e estrelado por Mads Mikkelsen. O filme se ambienta numa cidadezinha dinamarquesa em vésperas de Natal. Lucas (Mads Mikkelsen), professor do jardim-de-infância, é acusado de agressão sexual e passa a ser alvo de perseguição por toda a comunidade. O filme foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto (2012) e competiu no Festival de Cinema de Cannes daquele ano, em que o ator Mads Mikkelsen ganhou o prêmio de melhor ator. 

Para você se dar conta de como ás vezes agimos ou pensamos de maneira injusta. Eu particularmente gostei muito do longa, me fez refletir muito. Mostrando que um julgamento precipitado causa dor e sofrimento a todos os envolvidos. Também nos traz uma triste realidade da nossa sociedade hoje, nos dando assim a reflexão necessária para saber que as pessoas são ingênuas e em meio a situações onde não conhecemos bem os fatos, acabamos por julgar de maneira errada as pessoas, e muitas vezes apelando para a violência, como se isso fosse resolver a situação. De modo direto, A Caça é um drama bem elaborado e traz uma mensagem peculiar a certas situações que têm de ser tratadas com o devido cuidado. O cinema dinamarquês tem suas qualidades e que devem ser exploradas, e esse filme é um exemplo claro disso. 

No filme, Lucas é um homem recém-divorciado que tenta refazer a vida, ao conseguir trabalho numa creche, ele todos os dias tem contato com muitas crianças. A princípio, sua relação com os alunos é boa e saudável, uma colega de trabalho aproxima-se dele e acaba por tornar-se sua namorada. Porém sua vida é completamente arrasada quando ele é injustamente acusado de ter abusado de Klara (Annika Wedderkop), uma garotinha do jardim-de-infância, sob a alegação de ter-lhe mostrado sua genitália. Na verdade, Klara havia sido exposta a material pornográfico por seu irmão mais velho, que lhe mostrara a fotografia de um pênis ereto. O que embasou seu relato confuso envolvendo Lucas. 

Ao confessar para a diretora da escola sobre isso, ela contata um psicólogo para fazer perguntas meio embaraçosas para a garota. Nesse momento, notamos que a diretora e o psicólogo acreditam na menina, e suas perguntas apenas servem para dar respaldo à aquilo que eles querem ouvir. Percebemos que as perguntas são feitas de modo condicional, para que a garota em meio ao constrangimento, apenas afirme que Lucas a molestou. E é interessante que em vários momentos, Klara chega a negar sua acusação, mostrando que ela não tem certeza de nada do que falou. Ainda assim, as pessoas preferem acreditar na acusação. Não percebem que Klara é apenas uma menininha inocente que talvez ficasse afetada psicologicamente ao ver um pênis ereto, não de Lucas, mas de um material pornográfico usado por seu irmão mais velho. 

Falando do injustiçado Lucas, depois da acusação de abuso sexual sua vida vira um inferno, literalmente falando. Ele perde o emprego, a namorada, passa a ser odiado por todos na pequena cidade e até mesmo sendo agredido verbalmente e fisicamente. E os problemas não param por aí, antes de ser acusado, Lucas aguardava ansiosamente por seu filho Marcus para a véspera de Natal. O que ele não imaginava é que Marcus também seria alvo de críticas em relação ao seu pai e também sendo agredido por alguns homens da cidade. Sem se falar na cachorra de Lucas, que foi morta de modo brutal, causando a revolta de seu dono. A injustiça era tão grande, que eu já estava com raiva daquelas pessoas. 

Vale destacar também que o pai de Klara é o melhor amigo de Lucas, e a acusação de sua filha afetou a amizade entre ambos. Lucas chega a ser preso, mas é solto, pois a polícia havia encontrado contradições na história de Klara e de outras crianças que estavam espalhando a história no vilarejo. Esse foi um ponto de partida para as pessoas verem a inocência de Lucas, mas não acontece isso. Ao ir fazer compras num supermercado local, Lucas é brutalmente agredido pelos funcionários, em uma cena revoltante! 

Até mesmo o pai de Klara não havia enxergado a real situação de seu amigo, e durante uma missa, Lucas revoltado com tudo o que estava acontecendo acaba agredindo o homem dentro da igreja na frente de sua família. Embora nada justifique a ação tomada por Lucas, mas se nos colocarmos na situação dele, podemos compreender o motivo para tal ato extremo. Por outro lado, Lucas nunca destrata Klara mesmo após a acusação, pois ele sabe que a garotinha tem uma mente fértil e pode ter imaginado coisas, e de fato foi isso que aconteceu! 

A atuação de Mads Mikkelsen foi ótima, e a fotografia do filme é linda e chamativa! E o filme ensina uma importante lição! Não devemos julgar precipitadamente sem saber dos fatos envolvidos, mesmo que pedofilia seja um crime bárbaro e passível de punição severa, temos de ter cuidado para não injustiçar ninguém. E também o filme mostra que uma pessoa sendo uma vez marcada, será sempre marcada. Nem sempre as pessoas esquecem-se da fama de alguém, seja essa fama boa ou ruim, verdadeira ou não. É triste saber que mesmo injustiçadas, as pessoas nunca terão 100% do perdão geral. Em resumo: é um excelente filme dramático e reflexivo! Com boas atuações e uma direção cheia de talento! O cinema dinamarquês ganhando seu espaço no mundo. 


NOTA: 8,9/10

Veja o trailer do filme no vídeo abaixo:

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