domingo, 8 de junho de 2025

MOONWALKER

Lançado em 1988, Moonwalker é uma produção musical e cinematográfica que escapa dos moldes convencionais do cinema narrativo. Estrelado por Michael Jackson e dirigido por Jerry Kramer e Colin Chilvers, o filme é, ao mesmo tempo, um tributo ao astro pop, um experimento visual ousado e uma expressão artística de temas recorrentes na obra de Jackson, como fama, infância, injustiça social e fantasia. 


Ao invés de contar uma história linear, Moonwalker se estrutura em segmentos independentes, como videoclipes, animações e cenas de ficção. Essa colagem audiovisual pode causar estranhamento ao público que espera uma narrativa tradicional, mas encanta pela inventividade visual e pela poderosa trilha sonora, composta por sucessos como Smooth Criminal, Leave Me Alone, Man in the Mirror e Speed Demon.

O destaque do filme é o segmento Smooth Criminal, que apresenta Michael em um universo noir estilizado, lutando contra o vilão Mr. Big (Joe Pesci), um traficante que ameaça crianças inocentes. Neste trecho, a dança se transforma em linguagem dramática e o videoclipe assume contornos de resistência, com Jackson como uma figura quase messiânica que protege os indefesos. A estética futurista e o uso de efeitos especiais — inovadores para a época — contribuem para a atmosfera mágica e simbólica do filme.


Outro momento notável é o videoclipe animado de Leave Me Alone, uma crítica feroz à mídia sensacionalista e à perseguição da imprensa à vida pessoal do cantor. Através de imagens surreais e irônicas, Jackson transforma sua própria figura pública em objeto de análise e sátira, demonstrando consciência sobre o preço da fama.

Embora não seja uma obra cinematográfica convencional, Moonwalker cumpre seu propósito artístico: expressar a essência de Michael Jackson como performer, criador e ícone cultural. Sua proposta híbrida — entre cinema, videoclipe, fantasia e manifesto — pode afastar parte do público, mas conquista aqueles dispostos a embarcar em uma experiência audiovisual única.


Em termos críticos, Moonwalker não é isento de excessos. O tom messiânico em alguns trechos, a falta de unidade narrativa e a idealização exagerada da figura de Jackson são aspectos que podem ser questionados. No entanto, é inegável seu valor como registro da cultura pop dos anos 1980, e como uma obra que reflete, com autenticidade, as inquietações e os sonhos de seu criador.

Em suma, Moonwalker é um filme que transcende o formato tradicional para oferecer uma visão multifacetada do universo de Michael Jackson — uma jornada entre o real e o fantástico, entre a dor da exposição midiática e a esperança de um mundo melhor através da arte. 

NOTA: 7/10

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