sábado, 21 de junho de 2025

BATEM À PORTA

Batem à Porta (título original: Knock at the Cabin) é um suspense psicológico lançado em 2023 dirigido por M. Night Shyamalan. O filme é baseado no livro The Cabin at the End of the World, de Paul Tremblay. 

A trama gira em torno de uma família — um casal homoafetivo e sua filha — que está passando férias em uma cabana isolada quando quatro estranhos invadem o local. Esses invasores afirmam que um deles deve escolher voluntariamente morrer para evitar o apocalipse global. O conflito principal gira em torno da dúvida entre loucura e verdade, e o filme trabalha com temas como sacrifício, fé, amor familiar e paranoia. A partir daí, o filme se desdobra num conflito moral e emocional que mistura tensão, ambiguidade e um apocalipse iminente. 

M. Night Shyamalan retorna ao suspense psicológico com um filme que, à primeira vista, parece seguir uma fórmula conhecida do diretor — isolamento, invasores e o eterno dilema entre fé e razão. No entanto, dessa vez, Shyamalan opta por um tom mais introspectivo e simbólico, que pode surpreender tanto os fãs quanto os críticos de seu trabalho. 

O grande mérito do filme está em sua atmosfera: claustrofóbica, silenciosa e carregada de tensão. O roteiro trabalha com poucas locações e diálogos enxutos, o que dá espaço para as atuações brilharem. Dave Bautista, em especial, entrega uma performance surpreendentemente contida, criando um personagem que transita entre ameaça e empatia com habilidade. O casal central também carrega o peso emocional da trama de forma convincente, explorando dilemas éticos e afetivos com profundidade.

Visualmente, o filme é limpo e focado, evitando exageros visuais em favor de uma direção cuidadosa. A trilha sonora é discreta, mas eficaz, contribuindo para o clima de crescente inquietação. Apesar disso, o ritmo pode parecer lento para quem espera um thriller mais convencional.

Um ponto que pode dividir o público é a decisão do diretor de suavizar os elementos mais brutais e ambíguos do livro em que o filme se baseia. Shyamalan opta por um desfecho mais esperançoso, menos cínico, o que, embora coerente com a proposta do filme, retira parte da potência emocional e filosófica do original. Para alguns, isso será uma traição ao espírito da obra; para outros, uma adaptação sensível aos tempos atuais.

No fim, Bate à Porta é menos sobre o fim do mundo e mais sobre o fim das certezas. É um filme que questiona até onde vai o amor, o quanto se pode acreditar no outro e se é possível haver fé sem evidência. Pode não ser o mais impactante dos trabalhos de Shyamalan, mas certamente é um dos mais humanos. 

O estilo de Shyamalan está presente, com tensão crescente, reviravoltas e uma atmosfera carregada. Ao contrário de outros filmes dele, esse tem uma abordagem mais contida e menos focada em um "grande plot twist". 

NOTA: 6,5/10

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