Um dos filmes mais incríveis que vi esse ano, apesar de seu lançamento
ter sido em 2007, e é até razoável considerar este filme como sendo um dos bem
raros de encontrar, já que se trata de uma produção independente. O filme em
questão se chama O Homem da Terra, título
original Man From Earth e foi dirigido por Richard Schenkman.
Será que haveria um homem do Alto Paleolítico vivo nos dias de hoje?
Essa é uma ideia inconcebível. Mas, isso é justamente a premissa desse filme. O
protagonista John Oldman faz essa pergunta a um grupo de amigos, todos professores
universitários. Obviamente, eles pensam que se trata de um jogo de imaginação
ou até mesmo uma brincadeira. Porém, o fato é que John fez essa pergunta
durante uma pequena festa de despedida, e ele na realidade queria explicar as
razões pelas quais tinha deixar a cidade depois de 10 anos vivendo lá. E ele
choca todos com a revelação de que ele é o homem que nasceu no Alto Paleolítico
e continua vivo, após 14 mil anos.
É claro que apesar do choque, quase ninguém leva uma afirmação desse
tipo a sério. No entanto, desperta algumas curiosidades no grupo que o enchem
de perguntas sobre épocas e costumes históricos. Alguns fazem isso por acharem
a brincadeira divertida; outros fazem por curiosidade de saber mesmo se tal
afirmação é verídica; enquanto outros fazem na tentativa de ridicularizar John
pegando-o em alguma contradição. Surpreendentemente, ele impressiona a todos
com suas respostas, sua tese embora seja considerada ridícula pelos amigos,
eles por sua vez, não podem provar o contrário. E o debate se segue abordando
os sentimentos mais profundos, como no caso das pessoas religiosas.
Quando o assunto sobre a fé e figuras religiosas históricas são
colocadas em pauta, John tranquilamente faz revelações que deixam o grupo
perplexo, um deles queria obriga-lo a procurar ajuda psiquiátrica, mas mesmo
diante de ameaças, o homem continua firme e tranquilo em seu discurso. Confesso
que o assunto envolvendo a religião foi o que mais me cativou, por que não
apenas nos fez mergulhar fora da caixinha que somos acostumados a viver, como
também criticou determinados aspectos que parecem não ter importância ou que
seriam muito improváveis, visto que somos ensinados desde pequenos que aquilo é
assim e ponto final.
Como eu já fui uma pessoa extremamente religiosa, eu pude me identificar
com esses detalhes e diálogos riquíssimos em conteúdos bastante relevantes e,
em minha opinião, obrigatório coloca-los em uma discussão respeitosa. Claro que
compreendo a insatisfação que alguns poderiam ter em vista de tudo que é
revelado, como acontece com uma das personagens do filme. Foi a abordagem mais
delicada que já vi em filme envolvendo esse tema!
E não apenas a forma como o roteiro desdobra suas ideias, se desenvolvendo
a cada minuto até chegar ao desfecho final. Devo adverti-los que há um plot
twist muito impactante nos minutos finais, que acabei terminando boquiaberto. O Homem da Terra é um filme que parte de
uma premissa simples, mas muito bem trabalhada e segurada pelo elenco de uma
forma bem bacana. Não necessita efeitos, só tem um único cenário, o orçamento é
baixo e esse é mais um exemplo de que filmes simples e sem muitas complicações
podem gerar um resultado incrível e satisfatório. Altamente recomendado!
NOTA: 10/10
Veja o trailer no vídeo abaixo:
A produção e as atuações são precárias, mas a história é ótima. O roteiro questiona a história do mundo, a ciência e a religião de uma forma bastante interessante.
ResponderExcluirUma curiosidade é que este filme é de 2007 e o roteirista Jerome Bixby que escreveu a história faleceu em 1998. Provavelmente alguém desengavetou esse roteiro.
Abraço
Hugo, a produção e atuações fracas são compreensíveis por que o filme teve um baixo orçamento. Mas, mesmo para um filme assim, segurar uma ideia dessa que prende sua atenção do início ao fim é algo para tirar mesmo o chapéu. Independente se as atuações foram abaixo da média ou a qualidade de filmagem seja ruim, uma produção que ninguém daria nada julgando-a por esse aspecto ter conseguido fazer o que poucos filmes conseguem, é algo assim incrível de ver.
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