VINCENZO

Vincenzo é um k-drama que abraça o exagero de forma inteligente: mistura máfia italiana, humor ácido, crítica social e vingança estilizada, criando uma narrativa que não se leva totalmente a sério, mas que entrega personagens memoráveis e momentos de tensão genuína. 

A história acompanha Vincenzo Cassano, um advogado da máfia que retorna à Coreia buscando recuperar um tesouro escondido — e acaba envolvido numa guerra contra uma corporação corrupta. O tom da série oscila entre o cômico e o sombrio, e essa fusão é justamente parte de seu charme.

O protagonista, interpretado por Song Joong-ki, reúne frieza calculada e um magnetismo que faz o público torcer por ele mesmo quando seus métodos são moralmente duvidosos. Já Hong Cha-young (Jeon Yeo-been) surge como uma parceira perfeita: extravagante, imprevisível e espirituosa, ela forma com Vincenzo uma dupla que cativa pela química e pela ousadia na maneira de enfrentar o sistema. O elenco de apoio é um acerto à parte: os moradores do edifício Geumga, inicialmente excêntricos, vão revelando camadas mais complexas e se tornam peças essenciais da trama.

O vilão, Jang Han-seok, também merece destaque, pois representa o pior tipo de poder corporativo: arrogante, manipulador e protegido por estruturas de influência. A série constrói uma crítica direta às grandes empresas e à corrupção institucional, mostrando como a justiça tradicional muitas vezes falha — e como Vincenzo atua exatamente nas brechas dessa falha.

A narrativa tem ritmo consistente até os episódios finais, com reviravoltas bem dosadas e cenas de ação coreografadas com capricho. Há momentos em que o humor exagerado parece destoar da seriedade de certos conflitos, e algumas soluções soam um pouco convenientes, mas a construção emocional dos personagens e a criatividade da direção compensam esses tropeços.

No conjunto, Vincenzo é uma obra que diverte, provoca e mantém o espectador preso até o fim. É uma série que sabe quando rir de si mesma e quando apostar no drama, entregando um equilíbrio incomum entre sátira e violência estilizada. Para quem gosta de tramas de vingança, crítica social e personagens carismáticos, é uma experiência que vale cada capítulo. 

NOTA: 9/10