terça-feira, 4 de novembro de 2025

PRESSÁGIO (2009)


O filme Presságio (Knowing), dirigido por Alex Proyas e estrelado por Nicolas Cage, mistura elementos de ficção científica, mistério e drama apocalíptico em uma narrativa que busca refletir sobre destino, acaso e a fragilidade da existência humana diante do inevitável. Lançado em 2009, o longa acompanha John Koestler, um professor de astrofísica que, ao analisar uma folha retirada de uma cápsula do tempo enterrada há cinquenta anos, descobre que os números nela escritos preveem com precisão datas, locais e o número de mortos de grandes desastres.

A partir dessa descoberta, o protagonista mergulha em uma investigação que o leva a confrontar não apenas sua descrença e dor pessoal pela perda da esposa, mas também o sentido de controle que o ser humano tenta impor ao desconhecido. A trama ganha força ao mostrar como ciência e fé se entrelaçam em um contexto de catástrofe global. Enquanto John tenta decifrar os últimos números da lista, que indicam um evento de proporções devastadoras, o filme se transforma em uma corrida contra o tempo, unindo o suspense racional ao terror existencial.

Um dos aspectos mais interessantes de Presságio é o equilíbrio que o diretor tenta construir entre a tensão científica e a simbologia religiosa. Em vários momentos, o filme sugere que a humanidade está sendo observada ou guiada por forças superiores, o que desperta reflexões sobre predestinação e livre-arbítrio. Essa ambiguidade é sustentada pela atmosfera sombria e pela fotografia fria, que reforçam o tom de mistério e isolamento do protagonista. A trilha sonora, composta por Marco Beltrami, colabora de forma eficaz ao criar um clima de crescente inquietação.

A atuação de Nicolas Cage é adequada, embora marcada por momentos de exagero emocional que já se tornaram característicos de sua carreira. Ainda assim, ele consegue transmitir o desespero de um homem que tenta proteger o filho enquanto lida com a iminência do fim. O elenco coadjuvante, em especial Rose Byrne, contribui para o equilíbrio dramático da história, mesmo que algumas motivações de seus personagens fiquem pouco desenvolvidas.

Do ponto de vista técnico, as cenas de desastre são bem executadas, especialmente considerando a época do lançamento. O acidente de avião e o descarrilamento do metrô são sequências visualmente impactantes e demonstram o cuidado da produção em criar realismo. Contudo, à medida que o filme se aproxima do final, a narrativa tende a perder a coerência lógica que sustentava o mistério inicial, caminhando para uma explicação de cunho metafísico que divide opiniões.

O desfecho, carregado de simbolismo, representa uma tentativa de reconciliação entre ciência e espiritualidade. Muitos espectadores o consideram ousado e poético; outros, excessivamente fantasioso. De qualquer forma, o final reforça a mensagem de que o conhecimento humano, por mais avançado que seja, ainda é pequeno diante da imensidão do universo e dos ciclos da vida e da morte.

Presságio é um filme que provoca mais pela ideia do que pela execução. Apesar de tropeçar em alguns momentos narrativos e adotar um desfecho controverso, ele se destaca por sua atmosfera tensa e por levantar questões filosóficas sobre o sentido da existência, o papel do acaso e a inevitabilidade do destino. É uma obra que convida o espectador a refletir — e talvez esse seja seu maior mérito: lembrar que, no fim, o verdadeiro presságio pode estar na própria condição humana de buscar respostas para o que não pode ser controlado.

NOTA: 8/10

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