Inimigo Público é um marco do cinema gangster e uma das obras definitivas da era pré-Código Hays. Lançado em 1931, durante a Grande Depressão e o auge da Lei Seca nos Estados Unidos, o filme retrata de forma crua e direta a ascensão e queda de um criminoso, sem romantizar seus atos — uma abordagem inovadora e chocante para a época.
O longa acompanha a trajetória de Tom Powers (James Cagney), um jovem de origem humilde que, desde cedo, se envolve com pequenos delitos nas ruas de Chicago e, gradualmente, mergulha no mundo do crime organizado. Durante a Lei Seca, ele sobe na hierarquia da máfia como contrabandista de bebidas alcoólicas, acumulando riqueza, poder e inimigos — até o inevitável colapso.
A atuação de James Cagney é o grande destaque: sua interpretação enérgica, intensa e carismática transforma Tom Powers em um dos primeiros e mais influentes anti-heróis do cinema americano. A famosa cena da toranja (quando ele esmaga uma fruta no rosto da companheira, vivida por Mae Clarke) virou um ícone da cultura pop, refletindo a brutalidade fria do personagem.
Apesar do tom moralizador no final — com um epílogo alertando sobre os perigos da criminalidade — o filme deixa uma forte impressão por sua ousadia narrativa, diálogos rápidos e direção realista. A atmosfera sombria de Chicago, as relações familiares tensas e a violência urbana ajudam a pintar um retrato duro da marginalização social e da sedução do poder ilícito.
Inimigo Público é mais do que um filme de gângster — é uma peça fundamental na história do cinema. Com uma narrativa enxuta e impactante, atuações fortes e um retrato visceral da ascensão do crime organizado, o longa permanece relevante como documento cultural e como obra cinematográfica. James Cagney tornou-se, com razão, o rosto definitivo do gângster clássico.
NOTA: 8/10
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