A Intrometida é uma comédia dramática delicada e bem-humorada sobre perdas, recomeços e o amor incondicional de uma mãe. Com direção sensível de Lorene Scafaria, o filme se constrói como um retrato afetivo – e às vezes incômodo – da relação entre uma mãe viúva e sua filha adulta, à medida que tentam redescobrir seus próprios caminhos.
Susan Sarandon é o grande trunfo do filme. Ela interpreta Marnie Minervini, uma mãe superprotetora que, após a morte do marido, muda-se de Nova York para Los Angeles para ficar perto da filha, Lori (Rose Byrne), uma roteirista ainda lidando com o fim de um relacionamento.
O que poderia facilmente se tornar uma caricatura de “mãe intrometida” ganha profundidade emocional nas mãos de Sarandon. Marnie é excessiva, sim, mas é também genuinamente carinhosa, solitária e perdida – como qualquer pessoa que precisa ressignificar a própria vida.
O filme evita julgamentos fáceis e trabalha com empatia. Em vez de condenar o comportamento de Marnie, o roteiro nos convida a compreender suas intenções, mesmo quando ela invade os espaços da filha ou se envolve demais na vida de estranhos. O roteiro é leve, cheio de toques de humor e ternura, mas também abre espaço para a tristeza e o luto, tratados com sutileza.
J.K. Simmons aparece em um papel secundário, mas encantador, como um possível novo interesse amoroso para Marnie. Ele traz um contraponto sereno à inquietação da protagonista e oferece ao filme momentos de paz e cumplicidade que equilibram a narrativa.
O ritmo do longa é calmo, quase contemplativo. Isso pode incomodar quem espera uma comédia tradicional ou um enredo mais acelerado. No entanto, esse compasso mais lento é coerente com a proposta do filme: mostrar um processo de reconstrução emocional.
A Intrometida é um filme afetuoso sobre aprender a soltar e, ao mesmo tempo, continuar amando. Não há grandes reviravoltas, nem drama em excesso – apenas a vida, com suas dores pequenas, seus gestos de afeto e suas possibilidades de recomeço. Com uma protagonista carismática e uma direção cuidadosa, o filme acerta ao tratar o cotidiano com humanidade.
NOTA: 6/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário