American Son é um
filme lançado em 2019 na Netflix do gênero drama. Dirigido por Kenny Leon e
estrelado por Kerry Washington, Steven Pasquale, Jeeremy Jordan e Eugene Lee.
Baseado na peça da Broadway com o mesmo nome, o filme foca na luta de um
ex-casal interracial, Kendra e seu marido Scott, enquanto procuram respostas sobre
o desaparecimento de seu filho adolescente, Jamal.
Com uma proposta eficiente e feito em apenas um cenário, esse filme é como um alerta a um problema muito grave e muito comum no
dia-a-dia: o racismo. Com uma enfatização muito clara da discriminação, que
acaba fazendo com que as pessoas tenham ideias pré-concebidas em relação à
polícia e as pessoas brancas, porém, de uma forma que jamais deveríamos dizer
que é desnecessária. O racismo infelizmente ainda é uma das coisas que muitas
pessoas têm, ou mesmo por definir o caráter das pessoas pela cor da pele. Além
de absurdo, é altamente inconcebível tirar conclusões a partir disso.
Mas, é exatamente nisso que
o filme foca. Kendra está na delegacia à procura de ajuda para saber sobre seu
filho desaparecido, e o único policial de plantão na madrugada é um nojento que
parece não está nem aí para o desespero de uma mãe. E pior que isso, ao tentar
ajuda-la, ele a trata com uma diferença escrota que me causou muita raiva.
Quando ele faz perguntas sobre o filho dela, as perguntas são altamente
condicionais como: “Ele tem tatuagem?”; “Ele já preso alguma vez?” E mesmo com
a mãe do rapaz negando tudo isso, ele ainda pergunta: “Tem certeza?”. Como se a
mãe não conhecesse o filho, é revoltante não é mesmo?
No entanto, o filme vai
ainda mais além. Com a chegada do ex-marido de Kendra, que é branco, há uma
série de diálogos que vai muito além do racismo. Abandono e classe social é
algumas delas, e o filme acerta em cheio por criticar as condições que o pai de
Jamal tentou construir para o filho, como se ele não sofresse da mesma
discriminação que outros jovens negros sofrem em um país extremamente racista.
Mesmo não sendo culpa de Scott, já que ele obviamente quer o melhor para seu
filho, ele parece não conseguir enxergar a realidade das pessoas de cor. É por
isso que é interessante assistir ao filme, por que por mais que compreendemos a
dor de uma pessoa discriminada racialmente, nós brancos nunca vamos saber como
é essa dor. E é exatamente por isso que nunca, jamais devemos criticar as
pessoas que protestam por essa causa, muito pelo contrário, devemos apoia-las
nesse sentido.
Contudo, há outra crítica no
filme que me chamou muita atenção e acredito que poucos puderam notar. Já perceberam
que alguns negros (importante frisar que é uma minoria), cansados de serem
discriminados fazem o mesmo com os brancos? Já notaram que sempre que algum
negro morre em algum tipo de ocorrência, a polícia é a principal culpada? Pois
bem, a situação que o filme American Son mostrou é a seguinte: Jamal estava
no carro com dois amigos, que também eram negros. Um deles estava dirigindo e
ao notar um adesivo daqueles que protestam pela causa dos negros, só que de uma
forma bastante radical, um patrulheiro os aborda. Durante a abordagem, o motorista
é flagrado com maconha, e tentou resistir a abordagem policial, ao pedir
reforços um deles foge e o policial se sente obrigado a atirar.
Muitos chamariam o policial
que abordou Jamal e seus amigos de racista não é mesmo? Porém, quando um outro
oficial da delegacia chega para conversar com Kendra e Scott, ele afirma que esse
policial também era negro. E repreende Kendra por sempre induzir sua causa como
vítima da situação. Apesar de não ter como comparar as horríveis discriminações
que acontecem aos montes pelo mundo, alguns resolveram protestar de uma forma
radical, como por exemplo: “Matem os assassinos de farda!” Há policiais racistas?
Sim, há. Mas, também há policiais negros, que com certeza devem sofrer da mesma
discriminação. E aí? Devemos generalizar até esse ponto? Quem for sensato, é
óbvio que vai discordar de tal atitude. Para combater o racismo, ninguém deve
apelar para violência, ao invés de ajudar isso só vai atrapalhar a causa que
tantos lutam para vencer.
Portanto, American Son não
critica apenas atos racistas. Mas também chama atenção, ainda que camuflado para
as formas radicais de combater essa discriminação, colocando no mesmo patamar
pessoas que também sofrem desse problema. Assim sendo, é um filme altamente
necessário para nossa reflexão, não apenas dos brancos, mas também faz as
pessoas negras refletirem sobre algumas atitudes então adotadas por aí. Como
dito no início, as ideias pré-concebidas sobre a polícia e pessoas brancas
também é comum dentro desse contexto. Por isso, que esse filme serve de alerta para
as pessoas. Seria tão bom e ainda sonho com o dia em que o racismo será apenas
coisa do passado, mas para isso temos que fazer nossa parte aqui no presente.
Diga NÃO ao racismo! Ame o próximo!
Bons filmes!
NOTA: 8,5/10
Assista ao filme na Netflix.
Veja o trailer no vídeo abaixo:
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