Matemática do Amor, lançado em 2010 e dirigido por Marilyn Agrelo, é um drama leve e introspectivo que tenta explorar a relação entre trauma emocional, isolamento e o papel da matemática como linguagem simbólica para lidar com o mundo. Protagonizado por Jessica Alba no papel de Mona Gray, o filme traz uma narrativa sensível, mas desigual, sobre uma mulher que encontra nos números uma forma de suportar a dor e a incerteza da vida.
Desde criança, Mona desenvolveu uma relação peculiar com a matemática. Quando seu pai, um brilhante matemático, adoece repentinamente e mergulha em um estado depressivo, ela abandona seus próprios sonhos e passa a usar a matemática como um escudo emocional. Já adulta, Mona leva uma vida solitária e excêntrica até ser convidada a lecionar matemática para crianças em uma escola primária. É nesse novo ambiente, cercada por jovens curiosos e colegas que desafiam seu distanciamento emocional, que ela começa, aos poucos, a se reconectar com o mundo.
A proposta do filme é promissora: explorar a matemática não apenas como disciplina, mas como uma metáfora para a ordem, o controle e, paradoxalmente, a necessidade de aceitar o que não pode ser resolvido. No entanto, o resultado final fica aquém do seu potencial. O roteiro, adaptado do livro de Aimee Bender, apresenta momentos de delicadeza, mas muitas vezes escorrega em situações pouco convincentes e diálogos artificiais. A narrativa se apoia em uma estética de conto de fadas moderno, com elementos fantasiosos e introspectivos, o que pode agradar parte do público, mas também pode soar evasivo para quem espera um aprofundamento emocional mais realista.
Jessica Alba entrega uma performance contida, com nuances de fragilidade e reserva, mas o filme não a favorece com uma construção de personagem suficientemente complexa. Os demais personagens orbitam em torno dela como figuras que têm mais função narrativa do que densidade emocional. Ainda assim, vale destacar o esforço do filme em abordar temas como o luto, a solidão e a saúde mental sem recorrer ao melodrama.
A relação de Mona com a matemática é o fio condutor da trama, mas ela raramente é explorada de forma significativa no conteúdo. A matemática aparece como símbolo de fuga e estrutura, mas não como ferramenta de descoberta ou criação — o que limita seu papel educativo. Ainda assim, a metáfora da matemática como linguagem do invisível, usada para organizar o caos da experiência humana, é válida e pode ser bem aproveitada em discussões em sala de aula sobre emoções, lógica e simbolismo.
Matemática do Amor é um filme suave, com ritmo lento e tom introspectivo, que oferece uma visão curiosa — embora superficial — sobre como a razão e a emoção convivem em pessoas marcadas por perdas e traumas. Seu maior mérito talvez esteja na tentativa de humanizar a matemática, apresentando-a não como algo puramente acadêmico, mas como expressão de vivências subjetivas. Apesar de suas limitações narrativas, é uma obra que pode despertar bons debates, especialmente quando usada como recurso complementar no contexto escolar.
NOTA: 7,5/10
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