O filme O Professor Aloprado (1996), dirigido por Tom Shadyac e estrelado por Eddie Murphy, é uma comédia que mistura humor escrachado com uma reflexão sobre autoestima, aceitação pessoal e os padrões sociais de beleza.
A trama acompanha Sherman Klump, um professor de genética obeso, inteligente e bondoso, mas constantemente humilhado por causa de sua aparência. Ao desenvolver uma fórmula revolucionária de emagrecimento, ele cria uma versão magra e autoconfiante de si mesmo: Buddy Love, seu alter ego arrogante e egocêntrico.
Embora seja uma comédia leve, o filme traz uma crítica social relevante. A forma como a sociedade valoriza excessivamente a aparência física e desconsidera as qualidades humanas mais profundas é colocada em evidência. O contraste entre Sherman e Buddy mostra que a confiança não está apenas no corpo, mas também no modo como a pessoa lida com sua própria identidade. Nesse sentido, a narrativa vai além do riso fácil e provoca o espectador a refletir sobre preconceito, superficialidade e autoestima.
No entanto, apesar das mensagens positivas, o filme exagera em estereótipos e piadas que podem soar ofensivas quando vistas sob um olhar mais atual. A comédia baseada em gordofobia, por exemplo, pode gerar desconforto, pois muitas cenas reforçam o riso em cima da condição física do protagonista. Essa limitação faz com que o impacto crítico da obra seja enfraquecido, já que a sátira nem sempre consegue equilibrar humor e respeito.
O grande destaque do longa é a atuação de Eddie Murphy, que interpreta múltiplos personagens, desde o protagonista até vários membros da família Klump. Essa versatilidade demonstra sua habilidade como comediante e dá ritmo à narrativa. Mesmo com um roteiro previsível e piadas que nem sempre funcionam, o carisma do ator sustenta o filme.
Em resumo, O Professor Aloprado diverte e carrega uma mensagem válida sobre aceitação pessoal, mas sua abordagem cômica, por vezes, reforça preconceitos em vez de desconstruí-los. Trata-se de uma obra típica dos anos 1990: divertida, popular e marcada pela performance de Eddie Murphy, mas que exige hoje uma recepção crítica mais cuidadosa.
NOTA: 7,5/10
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