quinta-feira, 31 de maio de 2018

UM LUGAR SILENCIOSO


A Quiet Place é mais um daqueles filmes de terror psicológico e que não importa se a situação tenha um começo e um fim, pois o que vale é a tensão de altíssimo nível. Esse filme é conhecido no Brasil Um Lugar Silencioso e foi lançado em 2018 e obteve uma boa recepção do público e da crítica. Alguns talvez aleguem que este poderá concorrer a prêmios no fim do ano. Dirigido e protagonizado por John Krasinski e além dele, o elenco conta também com Emily Blunt (sua esposa na vida real).

Sinopse: Em uma fazenda nos Estados Unidos, uma família do Meio-Oeste é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.

Não tem aqueles filmes que o terror é sinônimo de grito? Isso não acontece em Um Lugar Silencioso, pode até soar estranho, mas esse filme provou que o silêncio é muito mais assustador do que os gritos. Esse filme me lembrou um pouco daquele do ano passado, Ao Cair da Noite, que dividiu opiniões. Pois a trama começa e termina sem explicar as causas de tudo que estava acontecendo, o longa também focaliza apenas uma família e é ambientado com uma atmosfera sombria e tensa, que a cada situação que acontece, por mínima que seja, pode gerar consequências fatais. Porém, diferentemente de Ao Cair da Noite, o filme Um Lugar Silencioso é muito mais intenso no que se refere a sua premissa assustadora, o clima claustrofóbico, aterrorizante e o melhor, não necessita de muitos diálogos.


Acredito que possa ter ocorrido com a maioria, pois a cada minuto do filme eu estava cada vez mais preso na história, criando diversas expectativas com cada cena e cada ação dos personagens. Krasinski provou um talento enorme para o gênero e de certa o inovou, trazendo uma produção diferente que não abusa de clichês, além do mais, o aspecto da qual ele apostou foi a tensão, e nisso obteve um sucesso tremendo, por que dos filmes mais recentes, Um Lugar Silencioso é sem dúvidas, um dos mais tensos. Além disso, ele explora elementos menores como linguagens de sinais, o mínimo de som possível, e não cai no erro de apelar para sustos previsíveis. Aos amantes do terror e suspense, muitos podem ter se agradado bastante com esse filme, no entanto, alguns o acharam cansativo e arrastado. Mas, será isso mesmo?

Como proposta do filme, o silêncio é um dos seus principais aspectos, e com toda aquela atmosfera sombria e amedrontadora, onde os personagens vivem se vigiando e tentando o máximo possível não fazer nenhum barulho, o filme triunfa ao nos direcionar para o psicológico deles. Ficamos apreensivos e torcendo para que tudo acabe bem. Por outro lado, o filme peca em se tornar previsível, aquele final acredito que qualquer pessoa que seja acostumada com filmes assim, tenha adivinhado antes da metade. Mas, isso não quer dizer que o filme seja ruim, é apenas um ponto negativo, que eu achei, você pode não achar a mesma coisa, é questão de opinião mesmo. Mas de modo geral, Um Lugar Silencioso é um baita de um filme!


Ainda temos a abordagem familiar, onde os pais tentam o possível para salvar seus filhos, nem que para isso necessite o sacrifício. A personagem de Emily Blunt é a que mais carrega tensão e agonia durante a projeção, tem aquela cena em que o monstro está tão perto e ela grávida fazendo o possível para permanecer em silêncio. Essa e outras são algumas sequencias no filme que são capazes de nos causar arrepios, digo isso por experiência mesmo! Praticamente tudo nesse filme funciona, e o elenco consegue construir situações diferentes, onde na maior parte do filme ninguém abre o bico. Uma abordagem sensacional e que merece elogios de nossa parte!

Como dito no inicio, o filme não explica como que aquelas criaturas monstruosas surgiram, e nem se preocupa em mostrar o desfecho disso. E diante de tudo que aconteceu no filme, principalmente quando se descobre o ponto fraco das criaturas, o filme termina. Bem, isso é um pouco revoltante, mas para a nossa alegria, já foi confirmada uma sequência, e claro que devido ao sucesso da produção, as expectativas estão lá no alto, só espero que não estraguem e que seja mais explorada para poder dar um complemento maior para a história. 

NOTA: 8,2/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

terça-feira, 29 de maio de 2018

DESENCANTO (1945)


Considerado um dos filmes mais românticos de todos os tempos, Brief Encounter, no Brasil conhecido como Desencanto, é um longa-metragem britânico dirigido por David Lean (1908-1991) e lançado em 1945. Nos papéis principais, temos os nomes de Celia Johnson (1908-1982) e Trevor Howard (1913-1988).

Esse filme irá abordar duas pessoas casadas, um homem e uma mulher e ambos possuem dois filhos com seus cônjuges. Depois de um encontro por acaso, em uma estação de trem, Laura Jesson (Celia Johnson) conhece o médico Alec Harvey (Trevor Howard), este a ajuda a tirar-lhe um cisco do olho. Depois disso, os dois passam a se ver constantemente, especialmente todas as quintas, que é o dia que Laura faz compras, frequenta uma cafeteria e vai ao cinema. Não dura muito tempo até que os dois comecem a nutrir uma paixão um pelo outro, mesmo quando os dois são casados e tem filhos. O amor proibido os tortura dia após dia, é como se o destino os castigasse de uma forma muito cruel.


O desenvolvimento do romance entre eles é o que há de mais agradável no filme, mesmo se tratando de atitudes e sentimentos errados, a simpatia dos dois, mesclado com a forma em que eles tentam lutar para superar isso, diante de muito sentimento de culpa, faz com que nós torcemos para que eles fiquem juntos no final. Por incrível que isso possa parecer, o filme consegue nos guiar a essa perspectiva. Falando na estrutura narrativa, outro acerto do filme é que toda a trama é um flashback narrado por Laura, e lá pelo final, eu particularmente fiquei surpreendido com a pessoa a quem ela estava se dirigindo contando toda essa história de amor proibido.

Desencanto é um filme sufocante e muita tortura mental para os protagonistas que lutam contra si mesmos em uma batalha interna. Quando fica claro que eles estão perdidamente apaixonados, ficamos imaginando que o filme terminaria bem e ruim ao mesmo tempo, visto que em ambos os lados haveria partes que seriam afetadas, não importando qual seria a decisão que Laura e Alec tomariam em relação ao amor deles. Não tinha jeito, alguém ou algumas pessoas sairiam machucadas com toda essa história.

E com isso em mente, eu até cheguei a pensar se aconteceria alguma tragédia, ou se famílias seriam destroçadas. E com relação a isso, o filme termina da melhor maneira possível, sem se tornar um drama exagerado, e de certa foi um alívio para mim. Apesar de ser uma história que envolve adultério, a forma como o diretor David Lean conduz o filme nos faz acompanhar a trama com emoção e compreensão, principalmente por que tudo está sendo contada por uma das pessoas envolvidas, no caso a Laura. Os diálogos que ela trás nos faz entender o que ela sente e como é difícil ter que lidar com essa situação.


A fotografia em preto e branco é outro espetáculo, sobre as atuações não preciso nem entrar em detalhes, elas foram ótimas! E se hoje em dia, as pessoas tendem a enxergar esse filme com olhos sexuais que nos fazem lembrar traições ou coisas do tipo, saiba que em nenhum momento no filme é feito alguma alusão sobre sexo, e mesmo que a história aborde o tema do adultério, o conteúdo do filme é rico e puro, não nos deixa imaginar outras coisas que envolvem um homem e uma mulher. O foco aqui é o sentimento, a dor de não poder amar e o peso na consciência. E é isso que os fãs do cinema clássico conseguem ver em Desencanto, e que motiva muitos críticos a considerarem como um dos romances proibidos mais aclamados da história do cinema.

Por outro lado, eu fiquei abismado como muita gente desconhece essa obra, mesmo aqueles que não curtem o cinema antigo, se perguntarmos, a maioria deles conhecem clássicos como Cidadão Kane, E o Vento Levou, Tempos Modernos, entre outros filmes. Agora, não sei se pelo fato de não ser uma produção americana, Desencanto não tenha tanto reconhecimento assim, e vale lembrar que o filme foi nomeado a três Oscar em 1947: Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro. 

NOTA: 9/10

domingo, 27 de maio de 2018

ESCRITORES DA LIBERDADE


Quando comecei a assistir filmes que aborda temas que envolvem a educação das pessoas, em especial os jovens, eu passei a ter um grande apreço por essa temática, na qual considero de suma importância. Recentemente, eu assisti ao filme Mentes Perigosas (1995) que aborda esse tema de uma forma bastante interessante e motivadora. Não irei falar desse filme aqui, ele está reservado para outra ocasião, por que agora quero chamar atenção para o filme Escritores da Liberdade lançado em 2007, que possui uma trama parecidíssima com o filme de 1995 já mencionado, inclusive eu até achava que se tratava da mesma história verídica, na qual foi baseada. Mas, eu sei que são histórias diferentes, mas a essência de cada uma é a mesma, no que se refere à educação de jovens problemáticos.

Escritores da Liberdade, título original Freedom Writers foi dirigido por Richard LaGravenese, e é estrelado por Hilary Swank. O filme vai contar a história de uma dedicada professora chamada Erin que vai trabalhar em uma escola dividida por raças, e que sua turma de alunos é composta por adolescentes que convivem no submundo da violência e das drogas. Ela tenta inspirá-los a acreditarem em si mesmos e a atingirem o sucesso, pois estão prestes a serem reprovados. O que torna esse filme forte é que ele é inspirado nos eventos reais relatados pelo livro The Freedom Writers Diaries, baseado nos relatos da professora Erin Gruwell e seus diversos alunos.


A professora Erin se vê diante de um imenso e pesado obstáculo após receber uma turma, digamos assim, da pesada. Onde a maioria dos jovens possui um comportamento bruto, e em alguns casos, pode ser considerado hostil para a professora, pois muitos deles a consideram como uma representante do domínio dos brancos no país, o que sem dúvida, gera revolta em alguns alunos que sofrem preconceito. Convenhamos enfatizar que, nos Estados Unidos, o racismo é algo preocupante, então temos aqui um realismo forte envolvido nessa história.

E para piorar, Erin não tem apoio de ninguém da direção da escola, até mesmo eles consideram aquela classe em especial, como jovens sem nenhuma solução. E isso começa a causar desconforto na professora, que não desiste de dar o melhor para seus alunos, mesmo que eles não estejam lá muito interessados em suas aulas. O maior desafio de Erin é prender a atenção dos jovens, e ela tenta de todas as formas, e mesmo fracassando na maioria delas, a professora não desiste. Ela consegue através de sua profissão, ser um perfeito exemplo de força de vontade e de nunca desistir de seus objetivos. E isso vai aos poucos amolecendo o coração de alguns dos jovens de sua classe, que passam a enxerga-la como uma pessoa disposta a ajuda-los.

Mesmo com toda a oposição dos oficiais da escola, Erin passa a utilizar diferentes métodos para conquistar seus alunos e a que surtiu efeito foi quando ela abre a oportunidade para que cada um deles escreva sobre suas vidas, como uma forma de serem ouvidos. Esse filme mostra o outro lado da moeda que muitos preferem não enxergar, e de fato, a dedicação de Erin em renunciar regras de trabalho, até mesmo deixar de lado algumas de suas tarefas pessoais, para poder mergulhar na vida de seus alunos como uma auxiliadora de problemas foi o que a fez enxergar um mundo obscuro, no qual vários dos jovens viviam suas vidas.


A simpatia da professora conquista aqueles jovens brigões e moças arrogantes, que agora são vistos como gente civilizada em sala de aula, ainda que problemas pessoais perdurem em suas rotinas. O legal é que a empatia da professora é tida como uma fonte de consolo e compreensão pelos jovens. E com isso, a brilhante atuação da talentosa Hilary Swank é o que tem feito com que o drama fosse forte, não deixando nada interferir na essência do filme. Uma grande atuação que encanta e nos prende, e os jovens que interpretam os alunos possuem uma boa sintonia com Hilary, no inicio tem o desprezo pela professora e depois passam a ter amor e carinho por ela.

Um detalhe interessante e que acho importante mencionar é que a educação que se tem em uma escola pode muito bem interferir na vida de uma criança ou jovem. No Brasil, por exemplo, existem professores dedicados e que se interessam realmente pelo desempenho escolar e a educação de seus alunos, mas também há aqueles que se consideram professores, mas que não estão exercendo sua profissão com o devido cuidado e dedicação. Alguns só estão nesse ramo por causa do dinheiro; seus alunos, não importa para eles se estão bem ou mau, não interessa. Ou seja, aqueles por quem os professores estão responsáveis por educar, ensinar, acompanhar o desempenho de cada um, são muitas vezes jogados de um lado para o outro, sem o consentimento de como estão suas notas, melhorias ou pontos a melhorar.


No caso do filme, Erin recebe aleatoriamente uma turma, por quem os outros professores haviam desistido deles. Resumindo, são jovens destroçados pela sociedade e que nem mesmo a escola se esforçou em melhorar o comportamento deles ou ajudá-los em seus problemas pessoais, não que isso justifique qualquer tipo de vandalismo ou crime cometido por essas pessoas, mas é de total responsabilidade do Estado em tentar educa-los da melhor maneira, se após isso o jovem continuar com sua vida de antes, aí já é problema dele. Por isso, o filme critica não só o racismo, mas também a falta de dedicação que profissionais tem para educar, e por mais que haja jovens problemáticos e aparentemente impossíveis de disciplinar, esse filme consegue mostrar que com dedicação e paciência se pode chegar a algum lugar, tem até um ditado popular que fala muito a verdade: “Insista, persista, mas não desista!” Isso é o que os educadores têm que fazer, mesmo em casos difíceis, afinal, se chegou até a profissão de educador é por que tem essa capacidade.

Mas, mesmo com todos estes temas importantes que são brilhantemente abordados no filme, a segregação social é o principal tema a ser discutido. Não só nos Estados Unidos, mas em várias partes do mundo sofrem com esse tipo de problema, e não se limita apenas na cor da pele, mas também na classe social que divide os ricos e os pobres. Escritores da Liberdade é um grande filme e altamente recomendável! Com sua mensagem por trás, além do drama vivido pelos personagens, o filme ainda opta por situações divertidas e descontraídas, tornando a produção muito agradável de assistir. 

NOTA: 9,5/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A VISITA (2015)


Com um começo de carreira bem sucedida, M. Night Shyamalan foi declinando em suas produções com o tempo, até que chega uma hora que todo mundo quer descer a lenha em qualquer trabalho do diretor. Mesmo sendo fã dele, reconheço que muitas de suas obras tentaram, mas falharam. Vale ressaltar que algumas são boas, mas de acordo com a crítica e o público geral, parece que tudo deve e tem que ser superior ao O Sexto Sentido, mas aí meu amigo, vai ser algo bem difícil, porém, não é impossível por que isso pode acontecer um dia. Mas, vamos parar de encher o saco e limpar os olhos para enxergar melhor o esforço do cineasta.

Como todos sabem, alguns de seus filmes recentes foram decepcionantes, mas quando o cineasta lançou o filme A Visita em 2015, podemos dizer que Shyamalan é um cara que tenta trabalhar da melhor forma possível para agradar a galera, os chatos que critica o trabalho dos outros. E esse filme foi uma espécie de levantamento de suas obras. Há, entretanto, opiniões mistas a respeito desse filme (era de se esperar que os chatos de plantão não queiram perder uma oportunidade para descer a lenha).


Pois bem, A Visita título original The Visit é um novo estilo que Shyamalan apostou, o Found Footage, que já estava fazendo muito sucesso no universo dos filmes de terror. E com esse método, o trabalho do cineasta indiano foi muito bem colocado, dentro de sua premissa, que embora seja previsível, pois não há nada de surpreendente, é um filme que prende a atenção e deixa o espectador com um nó entalado na garganta, se perguntando o tempo todo: o que diabos está acontecendo aqui?

A história desse filme se centra em dois irmãos, Rebecca (Olivia DeJonge) uma adolescente que sonha em ser uma cineasta, e que inclusive, filma tudo ao seu redor e é através da câmera dela que iremos acompanhar o filme inteiro; e Tyler (Ed Oxenbould) um menino que canta rap. Ambos são mandados por sua mãe para a casa dos avós, a quem eles nunca conheceram, e que ficava em uma casa de campo. Chegando lá, as crianças são recebidas pelos avós que os acolhem em sua casa. A estada deles na casa seria de uma semana, mas o que parecia ser um passeio divertido se torna um pesadelo, quando eles percebem que há algo errado em seus avós.


O ponto de partida para toda a bizarrice vista nesse filme é na regra estabelecida pelos velhos, que proíbe os netos de saírem do quarto depois das 21h30 e de entrarem no porão. E todas as noites após esse horário, Becca e Tyler começam a ouvir barulhos no lado de fora do quarto, e ao checarem sempre viam a avó (Deanna Dunagan) agindo de forma estranha: ela corre pela casa, engatinha no chão de forma sinistra, arranha as paredes, em alguns casos anda completamente nua pela casa. Isso começa a criar medo nas crianças, que a princípio tentam acreditar que é apenas o fato deles estarem velhos. Mas, aos poucos eles vão perceber que não é simplesmente isso, há algo extremamente perturbador em seus avós.

Algumas cenas são bem assustadoras, mas não ao ponto de se considerar um terror autêntico. A Visita constrói elementos de tensão e desespero, diante de uma situação estranha e amedrontadora, que faz com que o casal de irmãos questione os seus avós. O filme possui uma revelação lá no final, mas essa revelação é altamente previsível que já no começo de toda aquela bizarrice, já podemos prever o que realmente aconteceu. Embora o filme deixe algumas lacunas em branco, e isso serviu mais ainda para prender o espectador na história. Sim, Shyamalan depois de várias produções fracassadas, conseguiu se sobressair nessa.


É interessante que bem no meio de cenas assustadoras, A Visita contém algumas pitadas de humor que servem para dar um toque contrário e aliviar os espectadores mais medrosos. Mas, como de costume, os personagens mesmo assustados, querem ver as cenas macabras da velha. “Eu vou abrir a porta. Eu vou abrir...” A atriz Deanna Dunagan que interpreta a velha maluca, consegue criar uma personagem que foi capaz até mesmo de me assustar, e olha que isso é raro de acontecer! Mas, juro que se eu estivesse no filme e essa velha viesse correndo em minha direção, eu dava uma "voadora" nela... (risos) estou brincando!

Alguns criticaram o fato do filme não explicar muita coisa sobre o casal de velhos, mas ele deixa algumas informações como fotos e pessoas que vão até a casa procurar os avós de Becca e Tyler. E falando nos dois protagonistas e atores mirins, todos eles conseguem se sair bem com seus papéis, e em vista disso, é o elenco em si que consegue fazer o filme ficar bom e interessante. Mesmo com alguns furos, como a conexão com internet que antes não tinha e depois já tinha e o desfecho que terminou muito rápido, sem dar a chance de algumas explicações, A Visita é um bom filme de terror do estilo Found Footage, embora não seja uma grande obra do gênero. 

NOTA: 7/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

terça-feira, 22 de maio de 2018

NO FIM DO TÚNEL


No Fim do Túnel é uma coprodução da Argentina com a Espanha dirigida por Rodrigo Grande lançado em 2016. Protagonizado por Leonardo Sbaraglia e Clara Lago, esse filme é um suspense autêntico e claustrofóbico que possui uma trama extremamente interessante dividida em camadas, das quais nos prende na história e nos leva a um desfecho impactante.

Sinopse: Joaquín (Leonardo Sbaraglia) é cadeirante e cansou de viver solitário em sua velha e escura casa. Por isso, decidiu alugar um de seus quartos para a stripper Berta (Clara Lago) e sua filha, Betty (Uma Salduende). A presença das duas alegra a casa e a vida de Joaquín. Mas o que ele não imagina é que, malandramente, tudo não passa de uma estratégia da moça e de seu namorado, o criminoso Galereto (Pablo Echarri), para criar um túnel por baixo da casa e roubar um banco da região.

Os elementos base dessa história são clichês, alguns até mesmo nos fazem lembrar grandes obras de cineastas consagrados, como Alfred Hitchcock e Quentin Tarantino. Mas, o bom e acerto do diretor Rodrigo Grande, que também assina o roteiro, é fugir de clichês gritantes e nos mostrar um suspense que mesmo sendo óbvio, é capaz de nos surpreender. Sim, a trama de No Fim do Túnel praticamente entrega toda a história em sua sinopse, e dentro desse contexto é que a narrativa triunfa.


O personagem Joaquín nos conduz juntamente com ele para uma espécie de investigação clandestina sobre um assalto, e que esse golpe se passava bem embaixo dele. E como se não bastasse, a garota a quem ele alugou um quarto é a namorada do bandido, que propositalmente está em sua casa para distraí-lo. A trama caminha em um clima tenso e claustrofóbico, que na maior parte do tempo se passa dentro da casa de Joaquín. E há algumas revelações impressionantes sobre o elenco, o que de certa forma irá se desenvolver junto com a proposta principal em relação ao roubo.

E por falar em coisas que surpreendem, nesse filme não há plot twist daqueles que são capazes de deixar a pessoa boquiaberta, longe disso, a trama aposta mais na tensão. O espectador fica mergulhado na trama, ansioso para saber como tudo vai acabar, se vai dar alguma coisa errada, quem vai morrer ou quem vai preso. Nesse sentido, o suspense do filme é diferenciado, embora em algumas partes possa parecer arrastado, é bom saber que todos os elementos e situações retratadas não são para encher espaço, pois cada aspecto terá uma importância, cada camada é preenchida. Pra mim, isso valeu muito a pena!

O elenco é formidável! Começando pelo protagonista Leonardo Sbaraglia que faz uma brilhante atuação como um cadeirante aparentemente inofensivo, esse ator inclusive fez parte no elenco do impecável Relatos Selvagens. Ele consegue mostrar uma pessoa que mesmo sendo deficiente, pode ser esperta o bastante para improvisar qualquer coisa que ele tenha feito ou viu alguém fazer. A personagem de Clara Lago tem algumas limitações, ela por ser uma stripper, envolvida com um criminoso, mas sem nenhum consentimento que este tem em relação a sua filha, que não fala já há um bom tempo.


A atriz rouba a cena nos momentos que ela está dançando, esbanjando sua sensualidade e beleza, é óbvio que para nós homens, ela foi de certo modo o centro das atenções, mas eu ainda gosto mais dela no filme O Quarto Secreto. No entanto, a atriz mirim que interpreta sua filha é quem me cativou em especial, não estou falando do mesmo modo que Lago, claro que não, mas sim da atuação da garota que passa a maior parte do filme sem abrir o bico, e seu temperamento, visivelmente perturbado é o que me tem chamado atenção. As atitudes dela para com o cachorro de Joaquín revela algum sentimento oculto que ela esconde até mesmo de sua mãe. E isso acaba fazendo com que um dos bandidos vire um mocinho.

Mas, não vou falar mais detalhes do filme por que pode estragar a surpresa de quem ainda não viu, só sei que No Fim do Túnel é uma produção longe dos padrões de Hollywood, e como suspense, ele não deixa a desejar nem um pouco. Como eu já falei aqui no blog, o cinema argentino está de parabéns por fazer um ótimo trabalho que merece e deve ter o devido reconhecimento do público geral, não só na América Latina, mas no restante do planeta! 

NOTA: 7/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

domingo, 20 de maio de 2018

FALCÃO - O CAMPEÃO DOS CAMPEÕES


A maioria dos filmes famosos de Sylvester Stallone se encontra na década de 80, entre eles conhecemos as sagas Rambo e Rocky, também filmes solos como Stallone Cobra e Condenação Brutal. Mas, um deles tem um tema diferente e que chama a nossa atenção, Falcão - O Campeão dos Campeões. Stallone foi um dos roteiristas desse filme lançado em 1987 e dirigido por Menahem Golan.

Mas, que tema importante é abordado em Falcão - O Campeão dos Campeões? Alienação parental, mas especificamente entre um pai e filho. Esse tom dramático do filme é o que tem deixado seu marco ao longo dos anos, além de abordar uma competição de quebra de braço, e por se passar boa parte do tempo em uma estrada. Não é atoa que esse filme se tornou um clássico da Sessão da Tarde, e é até hoje lembrada pelos fãs.

O filme conta sobre um motorista de caminhão tem uma atividade paralela lucrativa na luta de braço e leva o seu filho de 12 anos junto na estrada após a mãe do menino ficar gravemente doente. O caminhoneiro começa a se aproximar do menino quando vão para Las Vegas no maior campeonato de luta de braço do mundo, mas o rico e insensível avô do garoto manda seus capangas para acabar com o relacionamento do pai e do filho e manda trazer o menino de volta.


Esse é um filme divertido para todas as idades, o tema familiar que envolve a trama é tão bem amarrado e retrata a situação de muitas pessoas ao redor do mundo. Sylvester Stallone consegue êxito com sua atuação e o filho dele interpretado por David Mendenhall vai aprendendo a viver com seu pai, a quem ele inicialmente achava que não liga para ele. E Falcão descobre que o afastamento do filho é causado pelo avô do garoto, a quem ele nunca teve um relacionamento amigável. E o mais revoltante é que o ex-sogro repudia o pai do garoto por ele ser pobre e um simples caminhoneiro.

O bom desse filme é que ele irá nos mostrar uma jornada de relacionamento pessoal entre pai e filho, em uma estrada. Aos poucos, os dois vão se aproximando um do outro, até que em um determinado momento, eles ficam inseparáveis. No meio disso tudo, Falcão ensina seu filho a dirigir o caminhão, participam juntos de disputas de quebra de braço, entre outras maneiras que faz os dois ficarem tão próximos que nem o avô antagonista do filme irá conseguir quebrar essa proximidade. Mas, quando se tem dinheiro, parece que sempre acha uma saída para afastar os dois.

Além do drama entre pai e filho, o longa ainda nos trás a disputa internacional de quebra de braço, onde Falcão sonha com o prêmio em dinheiro e um caminhão novo. É muito legal poder ver que ele é uma pessoa que mesmo diante do impossível, se mostra capaz de dar a volta por cima para realizar seus objetivos, entre eles conquistar o amor de seu filho.


Falcão – O Campeão dos Campeões é uma trama simples, mas que se mostra bastante profunda em sua mensagem que pode muito bem cativar qualquer pessoa, independente da idade. Além disso, a trilha sonora é marcante, a fotografia é ótima, e há pitadas de humor e algumas cenas de ação que se juntam magistralmente para um melhor desempenho da história. O filme pode não ser uma obra-prima, aliás, é bom lembrar nem todo bom filme deve ser encarado assim, mas se a narrativa explora elementos importantes e que nos cativa de uma forma bem bacana, pode sim se tornar um filme que ficará marcado na mente, por mais simples que pareça.

O triunfo dessa produção é a história em si e como ela se desenvolve. A direção pode ter cometido alguns deslizes, mas os momentos divertidos do filme consegue fazer com que deixemos de lado alguns defeitos. 

NOTA: 8,6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A DAMA OCULTA


Atualmente estou fazendo uma maratona para assistir todos os filmes dirigidos por Alfred Hitchcock, e um dos que assisti recentemente foi o suspense britânico A Dama Oculta, título original The Lady Vanishes, filme que foi lançado em 1938, na época em que Hitchcock não tinha parceria com estúdios americanos. A Dama Oculta é baseado no romance The Wheel Spins, de Ethel Lina White. O elenco principal do filme é composto por Margaret Lockwood, Michael Redgrave e Dame May Whitty. Esse filme me chamou tanta atenção que me motivou a antecipar sua resenha (iria ser escrita em junho), pois seu conteúdo é claustrofóbico e tenso, conduzido pela brilhante direção do mestre do suspense. 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

JUMANJI: BEM-VINDO À SELVA


Mesmo com muitos filmes na lista, resolvi antecipar o filme Jumanji: Bem-Vindo à Selva, que é a sequência do filme Jumanji de 1995 que comentamos nesse LINK. Esse novo filme é bem recente, chegou às salas de cinema no Brasil no dia 4 de janeiro de 2018, com a direção de Jake Kasdan com Dwayne Johnson, Kevin Hart, Jack Black, Karen Gillan e Nick Jonas nos papéis principais. Esse filme acabou sendo para mim uma diversão e tanta, igualmente ao original. Repleto de situações engraçadas e capazes de deixar os personagens malucos. É diversão garantida!

Sinopse: Quatro adolescentes encontram um videogame cuja ação se passa em uma floresta tropical. Empolgados com o jogo, eles escolhem seus avatares para o desafio, mas um evento inesperado faz com que eles sejam transportados para dentro do universo fictício, transformando-os nos personagens da aventura.


Porém, ao contrário de minhas expectativas, Jumanji: Bem-Vindo à Selva não foi feito para resgatar todos os elementos do primeiro filme, dando assim aquela sensação nostálgica, ao invés disso, o roteiro aposta mais além, buscando elementos dos quais não foram vistos antes, como o principal palco do filme ser na selva, na qual Alan Parrish foi transportado anos atrás. Portanto, a exploração principal do filme é nessa selva gigantesca, onde os jogadores vão parar lá. Mas, é interessante ver que o jogo mudou, evoluindo aos nossos tempos. O que era um jogo de tabuleiro, se tornou aqui um videogame. Essa mudança, no entanto, pode não ter agradado muito os fãs mais velhos, mas eu vi como uma fuga dos clichês, e no resultado final acabou terminando de forma satisfatória.

É importante saber que esse novo filme traz um elenco novo, que não tem relação alguma com o de 1995, exceto em algumas referências. O filme começa mostrando um jovem encontrando o tabuleiro na praia, ainda nos anos 90, sem dúvida após os eventos do primeiro filme. E esse jovem chamado Alex é um fã dos videogames, e em vista disso o jogo evolui para esse estilo, o que motiva o rapaz a usá-lo. E ao fazer isso ele é sugado para dentro. Esse rapaz é dado como desaparecido por vinte anos.

Nos dias atuais, somos apresentados a personagens adolescentes que estudam em uma instituição próxima da casa de Alex, sendo que o foco são quatro deles, dois garotos e duas garotas. Estes acabam sendo castigados por motivos diferentes e em detenção, eles terão que limpar o porão da escola e lá eles encontram o Jumanji, que agora era um vídeo game. Os adolescentes decidem jogar, cada um escolhia um personagem do jogo e ao iniciar, todos são sugados para dentro do Jumanji. Somos apresentados a partir daí a famosa selva nunca mostrada com tamanha precisão antes, só que os jovens acabam dentro dos corpos de seus personagens escolhidos. Essa foi outra coisa legal do filme!


Então, eles percebem que a única maneira de sair dali é finalizar o jogo. Na selva, eles conhecem alguns personagens que são padrões do Jumanji e que serviam de guia, além disso, os animais selvagens se tornam os primeiros adversários. Outra coisa que eu achei bacana, foi o detalhe das tatuagens que representam as vidas dos jogadores, ou seja, se um morre, ele perde um pedaço da tatuagem e retorna caindo do céu. Esses detalhes e outros como a personalidade dos jogadores foram muito bem trabalhados e se tornam motivos maiores para a diversão apresentada no filme. O garoto Alex acaba sendo encontrado pela turma, e ele se junta a eles para finalmente encontrar sua saída após vinte anos preso no jogo.

Jumanji: Bem-Vindo à Selva é um ótimo filme de aventura, mas não é algo excepcional, é um passatempo saudável e divertido e se juntarmos o carisma do elenco principal e a forma como o filme caminha dentro dessa grande aventura é o que faz valer a pena dedicar tempo assistindo. Sem falar na fotografia maravilhosa que o filme teve e os efeitos especiais. Pra quem é fã do clássico, deve ter gostado desse aqui. É claro que se pessoa esperasse o mesmo estilo de jogo, pode ter ficado frustrado, mas no fim das contas o que vale mesmo é a diversão! 

NOTA: 7,8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

segunda-feira, 14 de maio de 2018

PONTO DE VISTA


Ponto de Vista, título original Vantage Point é um filme de ação e suspense lançado em 2008, dirigido por Pete Travis. Esse é um dos filmes que costumo defender, mesmo com uma boa parte do público que o critica por que seu conteúdo é clichê e repetitivo demais. Então, para dar apenas uma opinião rápida e direta em respeito a isso é que os clichês pouco importam para a maneira em que a trama caminha, e a questão de repetir o mesmo acontecimento várias vezes é por que seu roteiro exige isso, somente dessa forma é que iria desenrolar melhor toda a história. Nesse texto, tentarei enfatizar essa questão.

Sinopse: O presidente dos Estados Unidos, Ashton (William Hurt), participará de uma conferência mundial sobre o combate ao terrorismo em Salamanca, na Espanha. Thomas Barnes (Dennis Quaid) e Kent Taylor (Matthew Fox) são os agentes do Serviço Secreto designados para protegê-lo durante o evento. Entretanto logo em sua chegada o presidente é baleado, o que gera um grande tumulto. Na multidão que assiste ao atentado está Howard Lewis (Forest Whitaker), um turista americano que estava gravando tudo para mostrar aos filhos quando retornasse para casa. A partir da perspectiva de diversos presentes no local antes e depois do atentado é que se pode chegar à verdade sobre o ocorrido.


O filme começa com uma multidão que estava à espera do presidente dos Estados Unidos que iria para a Espanha participar de uma conferência anti-terrorismo. Nessa primeira parte o foco é uma equipe de jornalistas que estava no local e que filmavam tudo e sendo observados a partir da cabine da emissora, assim que o presidente sobe na tribuna ele é atingido por um tiro e depois disso acontece duas explosões, uma nas imediações do local e a outra no palco onde estava o presidente. O filme volta minutos antes, mostrando o mesmo acontecimento, só que ao invés dos jornalistas, o foco passa a ser o agente Thomas Barnes, depois um policial espanhol, depois um turista americano e assim por diante.

É assim que o filme se segue, a cada ponto de vista, informações cruciais sobre o atentado vão sendo expostas e vai desenvolvendo cada peça que não foi observada antes. Vale destacar que a cada ponto de vista, o tempo da mesma vai aumentando à medida que a confusão vai ficando sem controle. Personagens que não se conhecem, se esbarram várias vezes, até que chega o clímax que resolve toda a situação. Recheado de cenas de ação eletrizantes, Ponto de Vista é um filme diferente, e por isso muitas vezes pode não ser bem visto por algumas pessoas, nisso eu até compreendo. No entanto, em respeito às inúmeras repetições do atentado, vale enfatizar que há reviravoltas surpreendentes a respeito de quem está envolvido com terroristas, e esse aspecto é eficaz para não fazer o filme ficar cansativo, e sim mais interessante.


Muitos podem não concordar comigo, mas eu não acho que o ator Dennis Quaid seja o protagonista do longa. Em minha opinião, o protagonismo não é ninguém, mas a história do atentado em si, pois tudo gira em torno dela. Vale lembrar que há personagens que aparecem muito pouco, como os jornalistas e outros que aparecem bastante, como o personagem de Quaid e o turista americano. Respeito a opinião de quem não gostou, e alguns alegam que nesse filme há aquele chato patriotismo americano, onde tende a mostrar a nação americana como superior as demais. Não gosto de discutir esses temas políticos, até por que eu repudio esse assunto, mas em relação ao filme, vejo que é preciso entender o contexto da história, pois no inicio é feito uma alusão ao ataque das torres gêmeas, então é natural que envolva mais uma vez, o clichezão de atentado ao presidente norte-americano.

Mas o filme Ponto de Vista triunfa no desenvolvimento. Podem reclamar de clichês, mas a narrativa do filme é impecável e não deixa pontas soltas. Os eventos reeditados a partir de perspectivas diferentes e no fim das contas revela o que realmente aconteceu ali, é uma narrativa que prende a atenção, mesmo com as mesmas cenas se repetindo, mas trazendo consigo algumas diferenças incluídas que servem para dar um entendimento maior na história, é isso que faz desse filme uma grande façanha, claro que não é uma obra-prima, mas é um ótimo filme! E particularmente, não me decepcionou. 

NOTA: 8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo: