Dirigido por André Øvredal, Autópsia é um thriller de terror psicológico que se destaca por sua atmosfera claustrofóbica, narrativa engenhosa e construção gradual do suspense. O filme gira em torno de Tommy e Austin Tilden, pai e filho que trabalham como médicos legistas em uma pequena cidade americana. A rotina é quebrada quando recebem o corpo não identificado de uma jovem – a Jane Doe do título – encontrada misteriosamente enterrada em uma cena de múltiplo homicídio, mas sem nenhum sinal externo de violência.
Ao iniciar a autópsia, os Tilden se deparam com uma série de achados inexplicáveis: costelas quebradas, língua cortada, sinais de tortura interna – tudo isso em contraste com a pele intacta e o rosto sereno da jovem. A tensão aumenta quando fenômenos estranhos começam a acontecer no necrotério, sugerindo que a morte de Jane Doe pode estar ligada a forças sobrenaturais.
O roteiro, escrito por Ian B. Goldberg e Richard Naing, é eficiente ao misturar mistério e terror de forma cadenciada, revelando os elementos mais perturbadores aos poucos. A escolha de concentrar a maior parte da trama em um único ambiente contribui para a sensação de confinamento, o que potencializa o suspense. Além disso, a trilha sonora minimalista e os sons ambientes contribuem significativamente para o clima de inquietação.
A atuação de Brian Cox (Tommy) e Emile Hirsch (Austin) é convincente, conseguindo transmitir tanto o profissionalismo médico quanto a vulnerabilidade diante do inexplicável. O relacionamento entre pai e filho também serve como âncora emocional, evitando que o filme se resuma apenas ao horror.
No entanto, o terceiro ato perde parte da força acumulada nos dois primeiros. À medida que o enigma se encaminha para uma explicação envolvendo bruxaria e rituais antigos, o filme troca o horror sutil por uma resolução mais explícita, o que pode não agradar a todos. Ainda assim, o desfecho é coerente com a proposta sobrenatural e deixa espaço para reflexão sobre o ciclo de violência e a ideia de culpa coletiva.
Autópsia é um exemplar acima da média no gênero do terror contemporâneo. Com uma narrativa original, atmosfera bem construída e atuações sólidas, o filme consegue assustar sem recorrer aos clichês fáceis do gênero. Mesmo com algumas fragilidades no final, permanece como uma experiência intensa e perturbadora – exatamente o que se espera de um bom thriller sobrenatural.
NOTA: 8/10
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