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sábado, 21 de outubro de 2017

OS PÁSSAROS (1963)



O cineasta inglês Alfred Hitchcock já tinha seu talento reconhecido através de grandes obras do gênero suspense e terror, entre eles Disque M Para Matar e o impagável filme Psicose. No entanto, três anos após o sucesso deste último, Hitchcock resolve produzir mais um filme, só que dessa vez com uma temática diferente das outras que ele dirigiu. O filme intitulado The Birds, em português conhecido como Os Pássaros foi lançado em 1963, sendo estrelado por Tippi Hedren, Rod Taylor, Jessica Tandy, Suzanne Pleshette e Veronica Cartwright.

Sinopse: Melanie Daniels (Tippi Hedren) é uma bela e rica jovem que sempre vai atrás do que quer. Um dia ela conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em uma loja de pássaros e fica interessada nele. Após o encontro, ela decide procura-lo em sua cidade. Ela dirige por uma hora até a pacata cidade de Bodega Day, na Califórnia, onde Mitch costuma passar os fins de semana. Entretanto, Melaine só não sabia que iria vivenciar algo assustador: milhares de pássaros se instalaram na localidade e começam a atacar as pessoas.

Hitchcock provou mais uma vez o quão talentoso ele é, ao abordar um tema nunca visto antes. Os Pássaros é por via das contas, o filme misterioso que não explica o porquê dos ataques. Talvez a intenção do diretor fosse deixar múltiplas interpretações, pois alguns personagens no filme discutem a possibilidade dos animais estarem se vingando dos humanos, ao passo que outros defendem os animais e que eles não são capazes de distinguir certas atitudes. Por isso, o clima de mistério predomina o filme inteiro, que começa com um possível romance, quando de repente as aves começam a tocar o terror na pequena cidade.

Os Pássaros é considerado um filme de terror, porém, ele não assusta. Mas causa desconforto e agonia diante de perseguições e ataques brutais. O filme também consegue se equilibrar e não se torna cansativo e muito menos apelativo, há seus momentos de calmaria, em contrapartida o pânico e o horror tomam de conta em várias cenas. Para um filme da década de 60, onde não se tinha a tecnologia que temos hoje, os efeitos do filme são surpreendentemente bem feitos e não estraga com ataques exagerados. De fato, Hitchcock presenteia seu público com um terror psicológico com uma grande inovação, pois diferente de Psicose, aqui não temos um assassino. 

No entanto, se você acha que a condução do filme terá um desfecho, engana-se. O filme não se preocupa em resolver o mistério dos ataques, mas se foca no medo psicológico das pessoas sobre algo que nunca imaginaria que iria acontecer, e para alguns, o filme tem uma abordagem apocalíptica, conforme alguns personagens do filme acredita. E mesmo que nos dias de hoje o filme não incomoda tanto, mas na sua época foi um estouro, e ao assisti-lo hoje, temos que nos imaginar na década de 60.

Existe algo bem curioso nesse filme: ele não possui trilha sonora. Em nenhum momento do filme, seja no começo ou no fim, ouvimos algum tipo de fundo musical, apenas o som dos pássaros, mas em três momentos músicas são tocadas, só que dentro do cenário do filme. A primeira ocorre na casa de Mitch Brenner, quando Melanie toca o piano. A segunda acontece em uma sequência da escola, quando as crianças cantam enquanto Melanie espera do lado de fora, justamente a cena em que vários pássaros se aglomeram. E a terceira ocorre já no final, quando Mitch liga o rádio. Isso de alguma forma conseguiu contribuir para um filme mais tenso e amedrontador. O filme da essa ideia de que o ser humano tem muito medo do que ele não conhece, e o fato dos pássaros atacarem a cidade de Bodega Day no filme é uma forma de explorar esse medo, já que as pessoas acham que essas aves são inofensivas. 

As atuações são ótimas, destaque para a protagonista Tippi Hedren, linda e deslumbrante, rouba a cena logo nos momentos iniciais. Conforme já mencionado, a premissa inicial nos tende a levar para um romance, mas logo essa perspectiva cai por terra diante da realidade inesperada para os personagens. Enfim, Os Pássaros é um clássico que merece toda atenção e admiração, não apenas por conter algo diferente ou por ser dirigido pelo mito Alfred Hitchcock, mas pela abordagem sensacional que o filme nos trás: o medo daquilo que não conhecemos e também os efeitos especiais que foram muito bem encaixados, apesar da época em que a tecnologia não era muito avançada, isso em si já é uma imensa conquista, e que motiva os cinéfilos de plantão a conferir caso ainda não tenham assistido. 

NOTA: 8/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

2 comentários:

  1. Na primeira vez que assisti, eu não gostei muito, mas da segunda vez comecei a entender melhor a intenção do filme, o medo de algo que nunca pensariamos que iria atacar assim. Um belo filme do nosso querido Hitchcock.

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