Páginas

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A VIDA É BELA (1997)


O cinema italiano surpreendeu o mundo com uma obra cinematográfica de respeito, onde aborda com muita delicadeza os eventos durante a Segunda Guerra Mundial. Aclamado pela crítica e pelo público geral, A Vida é Bela de 1997 acabou vencendo o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, onde disputou com o também impecável filme brasileiro intitulado Central do Brasil. Além do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, A Vida é Bela também venceu mais dois prêmios da academia: O Oscar de Melhor Ator Protagonista e Melhor Trilha Sonora, portanto venceu num total de três Oscar. No entanto, o filme foi indicado a mais quatro categorias, incluindo Melhor Filme.

A Vida é Bela tem sido muito criticado pelos cinéfilos brasileiros, não pelo seu conteúdo, mas por ter vencido a produção de Walter Salles que estava tão perto de conquistar, e também do que o diretor de A Vida é Bela, Roberto Benigni fez durante a cerimônia ao receber o prêmio. Muitos brasileiros não engoliram isso, e até o dia de hoje, muitas pessoas guardam rancor. Em contrapartida, o filme brasileiro venceu a produção italiana em outros prêmios, como o BFTA. Mas se formos analisar o conteúdo do filme A Vida é Bela, creio que a maioria compreenderá o porquê o filme de Benigni venceu o Oscar, embora o filme Central do Brasil seja motivos de orgulho para o nosso cinema, e é claro que supera seu concorrente em muitos aspectos, e vice-versa.

ATENÇÃO! O texto a seguir contém alguns spoilers!

A Vida é Bela foi dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, que também escreveu o roteiro. Além de Benigni, o filme conta com Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini e Giustino Durano. O filme irá contar um drama tocante que se passa na Segunda Guerra Mundial, onde um judeu chamado Guido (Benigni), é mandado para um campo de concentração em Berlim, juntamente com seu filho, Giosuè (Cantarini). Guido é um homem simples, inteligente, espirituoso e possui um grande humor. Por ser um pai extremamente amoroso, consegue fazer com que seu filho acredite que ambos estão participando de um jogo, sem que o menino perceba o horror no qual estão inseridos.

Podemos separar o filme em duas partes distintas, onde na primeira ocorre um desenvolvimento maior dos personagens principais, como Guido e Dora (Nicoletta Braschi), que se conhecem por acaso, e acabam se apaixonando. Os momentos onde Guido flerta com Dora são recheados de humor. Sendo ele uma pessoa muito faladeira e engraçada, ele acaba se envolvendo em muitos acontecimentos só para poder ficar perto de Dora. Vale mencionar a cena onde ele rapta Dora do casamento da mesma, pois ela estava prometida a outro homem, e Guido consegue impedir, e foge com ela, a cavalo diante de todos. Foi uma cena em que eu particularmente ri muito. E foi dessa forma que Guido e Dora ficam juntos e tiveram um filho, o já mencionado Giosuè. Essa primeira parte pode parecer um pouco arrastada e um tanto cansativa, mas ela serve para desenvolver melhor os personagens, e também divertir o público com cenas bem humoradas e uma fotografia maravilhosa! Isso faz com que as pessoas não percam o ânimo para o que estaria por vir.

Quando o filme pula para a segunda parte, o clima de romance é totalmente quebrado, o humor ainda prevalece diante dos atos de Guido para com o seu filho. O drama do filme começa a partir do momento em que Guido e Giosuè são levados por soldados aos campos de concentração. Dora pede para ir junto, mas acaba sendo separada da família, pois as mulheres não podiam ficam junto dos homens, assim só resta Guido e seu filho Giosuè. Para proteger seu filho da drástica realidade que os rodeia, Guido inventa para seu filho que eles estão indo participar de um jogo, no qual ganhariam um prêmio se vencessem. Se aproveitando da inocência de seu filho, Guido a todo o momento tenta amenizar a situação, e isso ele consegue de uma forma magistral e com grande competência como pai. Além disso, o relacionamento com seu filho aumenta de uma maneira tão linda e emocionante.

Por isso, A Vida é Bela consegue mesclar duas histórias distintas, sendo uma delas a dura realidade que os judeus sofreram durante a Guerra e a história falsa de Guido a respeito do jogo que estão participando. E Giosuè em momento algum se dá conta do horror no qual ele e sua família estão inseridos. Sua inocência é refletida nos olhos do ator mirim que rouba a cena, principalmente quando a câmera foca no seu rosto.

O clima do filme fica muito tenso quando os soldados induzem todas as crianças judias para um banho, esse banho todos nós sabemos do que se trata. E Guido logo improvisa uma escapatória para seu filho, ele consegue coagir o garoto a se esconder e não deixar que ninguém o veja, caso contrário eles perderiam o jogo e posteriormente o prêmio, que segundo Guido se tratava de um tanque. É nítido perceber a quebra do clima romântico e bem humorado nessa segunda parte do filme, aqui ficamos apreensivos e chegam momentos em que é difícil controlar as emoções, principalmente nas últimas cenas, onde há uma espécie muito diferente de despedida de pai e filho, mas para não deixar o filme triste demais, a direção opta para um final um pouco feliz, onde Giosuè reencontra sua mãe, e sai como vitorioso e ganhador do grande prêmio que seu pai havia lhe falado.

Levando em consideração o conteúdo do filme A Vida é Bela, é mais do que compreensível a conquista do Oscar. Muitos cinéfilos brasileiros deixaram o rancor de lado e apreciaram uma das maiores obras do cinema italiano, e embora haja opiniões mistas a respeito sobre qual dos filmes que concorreram ao Oscar naquela ocasião era o melhor. Um fator importante sobre esses filmes é: os dois abordam o relacionamento com crianças, embora sejam feitos de formas diferentes, o que prevalece aqui é o amor que um pode sentir pelo outro e que medidas são tomadas para protegê-lo de qualquer perigo.

Enfim, A Vida é Bela é um filme que merece ser assistido e admirado, em especial por tocar em um tema sombrio de uma maneira tão delicada e ao mesmo tempo divertida, não que o filme sugere que os tratos aos judeus na Guerra sejam divertidos, mas ao se focar nos sentimentos de um pai que para salvar seu filho e protege-lo de qualquer coisa que o possa traumatiza-lo, o filme já merece todo crédito e admiração. Eu não posso dizer que ele seja melhor que Central do Brasil, e nem o inverso, de uma coisa eu digo com toda a sinceridade: os dois filmes são excelentes e que merecem seu espaço, não fazendo nenhum favoritismo ou patriotismo. Se quiserem que eu recomende mais A Vida é Bela ou Central do Brasil, a minha resposta curta e direta, sem nenhum rodeio é: assistam os dois! 

NOTA: 10/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário