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terça-feira, 24 de outubro de 2017

ASSALTO AO BANCO CENTRAL


Em 2005, o Brasil foi palco de um dos maiores roubos feito na história, digo maiores pela engenhosidade dos criminosos que cavaram um túnel de 80 metros de comprimento, 70 cm de largura e 4 metros de profundidade para chegar até o Banco Central em Fortaleza no Ceará. Tudo isso foi feito às escondidas, um grupo de criminosos planejaram de forma astuta toda a ação e furtaram mais de 164 milhões de reais em dinheiro vivo. Só se soube do roubo 2 dias depois, por que havia sido em um sábado e apenas na segunda é que se deram conta. A polícia ficou perplexa com a astúcia dos bandidos. Saiba mais sobre esse roubo clicando aqui.

É claro que mais cedo ou mais tarde, isso iria acabar se tornando um filme, e não deu outra. Em 2011, apenas seis anos depois do ocorrido, o cinema brasileiro produziu um filme retratando essa façanha, intitulado Assalto Ao Banco Central. A direção ficou a cargo de Marcos Paulo e o roteiro de Renê Belmonte. O elenco é composto por Milhem Cortaz (O Cel. Fábio de Tropa de Elite), Eriberto Leão, Hermila Guedes, Lima Duarte, Giulia Gam e Vinicius de Oliveira (O Josué de Central do Brasil, só que já adulto).

Infelizmente para alguns, o filme não é totalmente fiel ao que realmente aconteceu, existem algumas diferenças, no entanto, a proposta real do filme é fazer uma retratação do plano dos criminosos, se centralizando em como o projeto seria feito e quais dificuldades eles poderiam enfrentar durantes os 3 meses de trabalho. De minha parte, eu não vou exigir mais do que isso, é claro que a coerência com o fato tem que prevalecer, e de certo modo sim, o filme consegue. Apesar disso, é possível detectar furos de roteiro, situações extremamente irrelevantes diante da proposta principal do longa.

Muitos consideram Assalto Ao Banco Central um filme de suspense. Mas que suspense? Uma vez que todos nós sabemos como vai terminar e sabemos quem são os bandidos? Não há suspense nenhum no filme, eu simplesmente não consegui ver. O gênero que identifiquei foi crime e policial, e com poucas cenas de ação. Logo no inicio nos damos de cara com os bandidos já presos sendo interrogados pelo delegado Amorim (Lima Duarte), ele junto com Telma (Giulia Gam) são os policiais federais responsáveis por investigar o roubo. E o filme tem essa estrutura narrativa, e se desenvolve a partir de flashbacks, e apenas depois que os criminosos são presos. Por isso, não há suspense, pois já sabemos que o plano deles deu “merda”.

Apesar da polícia ter prendido a maioria deles, tanto filme quanto na realidade, o filme mostra todos os detalhes do plano. Tudo bem arquitetado, e o responsável pelo plano, Barão (Milhem Cortaz) contrata seus melhores amigos para trabalhar duro para que no fim todos saiam ricos. O filme explora a ganância no começo e no fim do filme, mas que para a infelicidade deles, nem todos conseguem se controlar quando percebem que pode comprar de tudo. E isso acaba sendo um tiro no próprio pé, levantando suspeitas e posteriormente a prisão ou a morte. 

Um dos grandes defeitos do filme é a quebra do clima de tensão. Apelando muito para piadas forçadas, algumas são até boas, já outras são totalmente descartáveis. E mesmo com um bom humor, o filme além de mostrar a engenhosidade do roubo e a investigação policial, ainda chega a criticar os policiais corruptos e nem mesmo a Igreja escapa, naquela famosa questão do dízimo. Além disso, há um conflito interno, envolvendo um triângulo amoroso, mas que isso não chega a afetá-los quando eles se juntam para buscar uma saída ao perceberem que a policia os caça. Por isso, mesmo com alguns furos, o roteirista caprichou em algumas coisas para tornar o filme mais dinâmico, não que o deixa excepcional, mas dá pra “quebrar o galho”.

Há quem diga que Assalto Ao Banco Central tenta imitar os estilos dos filmes de Hollywood. Pode até ser, mas há aqui um típico filme brasileiro, onde seus personagens são identificáveis, seja pelo seu sotaque ou pelo modo como age, o brasileiro mesmo que é aquele povinho ingênuo que se deixa levar facilmente pela mídia. É claro que não dá pra comparar com os grandes filmes americanos (me refiro aos bons, por que tem aqueles ruins também). 

De todo modo, assistir a esse filme pode ser uma boa surpresa, mas não espere obter informações sobre o assalto, por que você irá quebrar a cara, conforme já mencionado, a proposta do filme é mostrar os detalhes de como foi efetuado esse roubo, nada mais e nada menos. 

Sobre alguns detalhes irrelevantes no roteiro está na personagem Telma, que durante todo o filme é vista falando ao telefone com alguém, um namorado. Mas para a surpresa do espectador e também do delegado Amorim, é que Telma se revela homossexual e que tem uma namorada. Não sei por que o roteirista incluiu esse detalhe no filme, por que simplesmente não tem nada a ver com a abordagem do longa, talvez seja mesmo para preencher o tempo. 

Enfim, não vou mais entrar nos detalhes do filme, acho que os pontos já mencionados aqui são suficientes para entender que esse filme passa longe de ser um filme de ação, tampouco suspense. E mesmo que haja esforço em produzir um bom filme, os produtores acabaram pecando em inúmeros aspectos toscos, mas que não tira de forma alguma a premissa inicial. O filme também não foi fiel à realidade, mas tentou ser um pouco e também chegou a ser divertido em algumas cenas cômicas. Em suma, é um filme que vale a pena conferir, mas sem muitas expectativas. 

NOTA: 6,2/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

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