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sábado, 31 de março de 2018

UM CONTO CHINÊS


Un Cuento Chino é um filme argentino de 2011 que possui um dos temas que considero ser um dos mais legais para contar uma história dramática, que é entre outras coisas, a solidariedade. Conhecemos esse filme aqui no Brasil como Um Conto Chinês, que foi dirigido por Sebastián Borensztein e é protagonizado por Ricardo Darín, Muriel Santa e Ignacio Huang. Esse filme foi um tremendo sucesso nos cinemas argentinos chegando a vencer vários prêmios. Ao chegar aqui no Brasil, o longa conquistou o público, principalmente por conta do carisma dos personagens e a simplicidade pelo qual é abordada com tamanha precisão, que nos diverte e emociona.

O filme conta a história de um veterano das Guerras Malvinas, Roberto (Ricardo Darín), que teve sua vida paralisada há vinte anos por causa de um duro golpe do destino e desde então vive entocado dentro de casa, sem contato com ninguém, apenas ao atender clientes em sua loja de ferragens. Sua vida muda completamente quando ele vê um chinês sendo jogado de um carro, após ser assaltado pelo motorista. Esse chinês chamado Jun (Ignacio Huang) cruza a vida de Roberto, pois ele estava à procura do único parente que mora em Buenos Aires, e sem nenhuma ajuda, Roberto mesmo a contragosto tenta ajudar o pobre rapaz, lhe dando abrigo. Apesar dos métodos de tentar se livrar dele, o argentino não tem coragem de larga-lo na rua.


O filme conduz essa trama mostrando a estranha convivência de Jun e Roberto que nos direciona a vários momentos engraçados. Jun não sabe falar espanhol e Roberto não sabe falar chinês, assim a convivência de ambos passa a se tornar um incômodo, mas a empatia e solidariedade consegue barrar qualquer atitude drástica, que prevemos que poderia acontecer. E mesmo sem entenderem nada um do outro, uma típica amizade vai se desenvolvendo.

O que nos surpreende é que tanto Jun quanto Roberto tem coisas em comum. Ambos sofreram perdas e vivem praticamente isolados do mundo. Roberto desde que sofreu no passado vem questionando o destino, por isso ele coleciona jornais que noticiavam tragédias, uma diferente da outra. Por outro lado, Jun morava na China e estava prestes a se casar, mas um acidente envolvendo uma vaca havia matado sua noiva, e por isso que ele havia saído da China para procurar seu tio que morava em Buenos Aires, o que ele não esperava, é o que já sabemos, ele se perde na capital argentina e se encontra agora na casa de um estranho.


É incrível como o roteiro consegue encaixar as peças e mostra que Roberto e Jun não se encontraram por mero acaso. Tecnicamente, o filme é impecável! Mas o melhor de tudo é a performance de Ricardo Darín, que mesmo interpretando um velho rabugento, é o seu carisma diante das câmeras que torna o filme mais agradável. E isso não é a primeira vez, em outros filmes do ator isso é muito claro de se notar. Lembramos do vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro O Segredo dos Seus Olhos (2009), outro filme em que ele participa de uma das histórias, o impecável Relatos Selvagens, e também o mediano Sétimo (2014), em todos estes Darín impressiona com sua atuação, e não nos admira que ele seja uma das maiores referências do cinema da Argentina.

Já o chinês Ignacio Huang reflete muita inocência e tristeza nos olhos. O filme mostra o que aconteceu com o personagem dele, algo muito triste que é até mesmo capaz de amolecer o coração do rabugento Roberto. Por fim, Um Conto Chinês é um ótimo filme! Uma produção simples, mas com uma história emocionante e muito bem interpretada e conduzida pela direção que trabalhou com delicadeza, sem perder o foco da vida dos dois personagens principais. Eu o recomendo bastante, tenho quase certeza que a maioria pode facilmente ser conquistada principalmente pelo carisma apresentado pelos personagens. 

NOTA: 9,5/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

quarta-feira, 28 de março de 2018

PÂNICO EM ALTO MAR (2006)


Pânico em Alto Mar lançado em 2006 é uma coprodução da Inglaterra com a Alemanha, dirigido por Hans Horn e protagonizado por Susan May Pratt, Eric Dane, Richard Speight Jr e Cameron Richardson. O filme conta sobre um grupo de amigos que vão passear em um Iate de luxo e ao mergulharem na água, se esquecem de instalar a escada para retornar à embarcação. E por ser muito alto, é impossível escalar, deixando o grupo à deriva no meio do mar submetido a qualquer tipo de perigo, além de enfrentar terríveis torturas psicológicas.

É um bom filme com um enredo clichê. Mas isso não compromete a tensão e agonia repassada pelo grupo após seu passeio divertido se tornar um pesadelo. O maior problema que consegui ver foi a falta de inteligência do grupo, principalmente do dono da embarcação que além de ser chato, é esnobe demais quando um dos membros do grupo resolve furar a parede do Iate para ter como escalar até em cima, e o dono tenta impedir por que o barco custou muito dinheiro. Nessas horas, é natural que pensemos: “Foda-se o dinheiro! A vida é mais importante!”! Infelizmente nem todos querem pensar assim.


Eu imaginava que iria aparecer algum tubarão no local para devorá-los, pois eles estavam completamente vulneráveis e alguns deles se ferem, e o sangue na água poderia atrair os predadores, mas felizmente isso não acontece. Por que felizmente? Por que se aparecesse algum animal que os devorasse, o filme acabaria ali mesmo, não teria a alta dose de tortura psicológica sofrida pelos personagens quando tenta de todas as formas subir no Iate. E para complementar, dentro da embarcação estava um bebê, que era filha da protagonista, que havia ficado sozinha, sem ninguém para vigiá-la, e isso durante muitas horas. Portanto, não apelar para tubarões foi um acerto do roteiro, o filme aposta mais no desespero dos personagens, e foi isso que tornou a produção bem mais interessante.

No entanto, o ato final ficou muito vago e sem explicações. Não se sabe se alguém mais sobrevive ou em que circunstâncias se encontram após todo o pesadelo que passaram. Acho que o filme deveria ter tido mais alguns minutos para desenrolar melhor tudo aquilo. Mas, de modo geral, Pânico em Alto Mar teve seus bons momentos, em especial durante o tempo em que os personagens lutam para voltar para o barco.


E falando nisso, o espectador pensa nas possibilidades de retorno e torcem para que alguém tenha a inteligência de fazer. Mas, como estão no meio do mar, há as dificuldades envolvidas que além de misturar com todo o desespero e sensação de pânico, acabam por fazer com que o grupo sofra mais. Sem contar na constante revolta contra o dono da embarcação e responsável pela principal burrice. Sim, nesses momentos há clima de disputa e motivação para sobreviver. O que acaba estragando tudo, é que nem todos estão dispostos a colaborar.

Pânico em Alto Mar não é um filme excepcional, teve seus exageros, atuações forçadas e clichês atrás de clichês. Mas como filme de terror psicológico, o longa conseguiu se sobressair diante de sua premissa inicial. A direção erra a acerta ao mesmo tempo, o que pode inclusive não ser agradável para a maioria, mas no fim de tudo, esse filme é um bom passatempo e vale a pena assistir, principalmente se você gosta de ver agonia na tela. 

NOTA: 6,5/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

terça-feira, 27 de março de 2018

ENCOLHI A PROFESSORA


De vez em quando, é sempre bom passar o tempo assistindo aqueles filmes típicos de Sessão da Tarde, principalmente quando se trata de um que pode nos divertir. E acabei de assistir a um filme alemão intitulado Encolhi a Professora que foi lançado aqui no Brasil em janeiro de 2018 e foi dirigido por Sven Unterwaldt. É um filme simples, mas que deu para se entreter. Como o filme não é muito conhecido e acho difícil se tornar, o elenco dar uma força, embora as atuações não passem de medianas. No filme temos os nomes de Oskar Keymer e Anja Kling, que são os personagens que mais aparecem, ou seja, os protagonistas.

O enredo do filme é bem clichê, se centraliza em um garoto chamado Felix Vorndran (Keymer), que estuda em uma escola cuja diretora, Frau Dr. Schmitt-Gössenwein (Anja Kling), é uma verdadeira peste. Certo dia, Feliz, determinado a se vingar desta professora, arma um esquema maluco que tem consequências complicadas: a diretora acaba encolhendo, se tornando uma miniatura de si mesma.


Além da comédia apresentada, o filme apela muito para fantasia logo no começo, onde monumentos na escola se movem como se estivessem vivos. A princípio se pode imaginar que poderia ser uma escola mal assombrada, mas passa muito longe disso. O filme se justifica em relação ao que acontece com a professora, a um espírito de um homem que pelo que pude entender, domina o ambiente escolar, e a cada decisão errada por parte dos dirigentes, haveria consequências que os motivariam a mudar.

No começo, antes da professora encolher, o filme parece um pouco meloso onde o jovem protagonista se vê meio perdido em uma escola nova. Sua família é pouco desenvolvida e não há maiores explicações sobre seu passado ou como é a convivência com o pai, pois a mãe trabalhava fora. Então, no meio desse ambiente típico de filmes da Sessão da Tarde, a coisa só começa a ficar interessante quando acontece o evento que dá o título ao filme. Embora após isso, a voz da mini professora seja tão irritante.


Felix após saber do que houve, carrega a professora consigo até conseguir um jeito de fazê-la voltar ao normal, mas haverá barreiras pela frente, principalmente quando aparece a ameaça de fechar a escola. Achei interessante poder ver a professora que antes só mandava e era extremamente dura, passa agora a ficar vulnerável nas mãos de um aluno, sendo obrigada a depender totalmente dele. Ainda por cima, em vista de tudo isso, Felix é zombado por seus colegas por aparentemente brincar e conversar com uma boneca. No geral, o filme caminha nesse rumo: a aventura de Felix e sua mini professora em busca de um meio para fazê-la voltar ao normal, e no meio disso, eles obtém a ajuda de uma colega da classe de Felix.

Mesmo com alguns furos, atuações um tanto exageradas e uma história que acaba se perdendo do meio para o fim, Encolhi a Professora teve bons efeitos especiais e se manteve em uma simplicidade bacana e singular, embora sua história seja clichê. Como eu disse antes, o filme deu para passar o tempo e diverte sim em alguns momentos. Sendo direcionado ao público infanto-juvenil, é bem provável que essas pessoas se divirtam e gostem do filme, e é muito provável também que um dia ele seja exibido na Sessão da Tarde, já que ainda ele é um filme recente. 

NOTA: 6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

segunda-feira, 26 de março de 2018

NÁUFRAGO (2000)


Cast Away conhecido como Náufrago, é um daqueles filmes em que apenas uma pessoa atua na maior parte dele. E nada melhor que Tom Hanks para desenvolver esse tipo de papel. O filme foi lançado em 2000 e foi dirigido por Robert Zemeckis. Tom Hanks impressiona muito com sua atuação, e não é pra menos, pois ele venceu o Globo de Ouro e foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, e quase conquistou o seu terceiro Oscar dessa categoria, foi vencido por Russel Crowe por sua também brilhante atuação no impecável Gladiador.

ATENÇÃO! Em vista do conteúdo do filme ser bem vasto em relação às situações retratadas na ilha, esse texto terá alguns Spoilers. Por isso, se você ainda não viu “Náufrago”, não siga a leitura. Estão avisados!


A história de Náufrago é bem montada, dividida em três segmentos que retratam situações distintas. Tom Hanks interpreta Chuck Noland, um engenheiro de sistemas da empresa FedEx, que é obcecado pela pontualidade e trabalho. Isso acaba afetando um pouco seus compromissos sociais, em especial o relacionamento com Kelly Frears (Helen Hunt), que mesmo estando prestes a se casarem, a agenda lotada de Chuck sempre interfere. Em uma ocasião natalina, Chuck interrompe a festa para resolver um problema na Malásia, deixando tudo para trás, mas prometendo à sua amada que logo voltará.

Durante o voo em uma violenta tempestade, o avião onde Chuck está cai no meio do Oceano Pacífico, sendo que ele é o único sobrevivente por ter conseguido antes da colisão com a água, improvisar uma balsa inflável, mas que perde todo e qualquer equipamento eletrônico. As ondas do Oceano, o levam para uma ilha deserta, onde não há nada, apenas a natureza. E é nessa parte que o filme caminha através de uma narrativa conduzida com perfeição, onde apenas o ator principal fica em cena, e isso dura mais de uma hora e meia, e esse tempo equivalem no filme a quatro longos anos em que o personagem se encontra perdido e isolado naquele local, sem qualquer contato com ninguém. Mas essa uma hora e meia no filme irá mostrar como Chuck se adapta à natureza.


É como se o filme quisesse retratar a relação humana no meio de muita solidão. Na ilha, Chuck luta para sobreviver, e o motivo que o leva a isso é uma foto de sua namorada que ele carrega consigo. No começo, ele enfrenta muitas dificuldades para conseguir se adaptar. Ele tem de aprender a fazer fogo, conseguir água potável e comida. Em algumas ocasiões, ele tenta sair da ilha, mas sempre é barrado por ondas marítimas que o detonam.

Depois de alguns anos, Chuck é visto como alguém selvagem e que já se adaptou à natureza, não tendo as mesmas dificuldades para conseguir comida e água, parecia um “homem das cavernas”. Mas, ele calculava a sua provável localização e o tempo que o permitiria se arriscar no oceano em busca de ajuda sem que ondas fortes o tragam de volta, e também vários pacotes da empresa onde ele trabalha vai chegando à ilha, sendo trazidos pela água, e Chuck vai utilizando aquilo que lhe é necessário.


De modo simples, o personagem é um verdadeiro sobrevivente. E com tanta solidão que o rodeia, sem qualquer possibilidade de contato, ele cria um amigo imaginário em uma bola de vôlei, que estava em um dos pacotes que estavam no avião e que foram trazidos pela água, ele batiza a bola de “Wilson” que era o nome da marca, e assim ele passa a conversar com “Wilson” a todo o momento, tentando aliviar um pouco a solidão que o rodeia.

Essa parte da ilha é o segundo ato do filme, e sem dúvida a mais interessante, pois é nela que Tom Hanks carrega o peso do filme nas costas, e que devido ao seu grande talento e carisma, ele consegue se sobressair muito bem, sem ter que apelar para diálogos e expressões forçadas. Como nessa parte não vemos nenhuma conversa, os monólogos do personagem são também dignos de serem citados, pois todos devem imaginar ou sabem que criar monólogos não é assim tão fácil, ainda mais quando isso acontece por mais de uma hora. A fotografia do filme é belíssima, o longa explora a natureza de uma maneira formidável e surpreendente, a direção teve cuidado para não deixar nenhum exagero ou ideia má apresentada.


É incrível como Tom Hanks consegue fazer com que o espectador se emocione por causa da sua separação de Wilson, que acontece após tentarem sair definitivamente da ilha, quando a bola se perde no mar. O ator cai em prantos, lamentando por seu amigo imaginário, repassando muita emoção e tristeza. Ainda nesse segundo ato, há algumas cenas bem fortes onde o protagonista se machuca quando tenta fugir ou quando vai fazer o fogo, ainda tem uma cena onde ele vai extrair um dente que é de doer na alma. Há filmes com cenas parecidas que não repassam muito a dor, mas em Náufrago, sentimos cada dor que o personagem sente ao longo filme, é como se nós estivéssemos no lugar dele. E acredito que isso acontece quando o ator sabe atuar de verdade, e com Hanks isso não é nem novidade.

Por fim, o terceiro ato do filme é um pouco corrido e não teve um desfecho que todos esperavam. Mas termina de uma forma digna e plausível, e que retratou muito bem a relação do homem com a natureza, e a força do instinto de sobrevivência. Náufrago tem sim a sua mensagem por detrás do conteúdo, a força dramática é poderosa e não peca quando sua intenção é nos repassar emoção e agonia, principalmente no segundo ato. É um filme que não me decepcionou, e claro merece elogios e considerações positivas. 

NOTA: 9,6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

sábado, 24 de março de 2018

E O VENTO LEVOU


Um dos maiores filmes da história do cinema, seja pelo sucesso de bilheteria quanto à recepção do público e também a imortalidade que leva os mesmos efeitos por várias gerações, vencedor de dez Oscar e uma aclamação geral da crítica especializada, E o Vento Levou, título original Gone With the Wind, é um filme que foi lançado em 1939 dirigido por Victor Fleming e é uma adaptação homônima de escrita por Margaret Mitchell. O filme se ambienta no sul estadunidense no século XIX, na época da Guerra de Secessão. O filme é estrelado por Viven Leigh (1913-1967), Clark Gable (1901-1960), Leslie Howard (1893-1943), Hattie McDaniel (1895-1952) e Olivia de Havilland. É um elenco de peso, e por isso devido ao bom desempenho deles, a aclamação do filme se tornou ainda maior.


Acredito que para assistir esse filme, a pessoa tem que estar bem preparada. Por que não é só simplesmente assistir o filme, entender o que ali se passa e pronto, bem longe disso, E o Vento Levou vai muito além do que uma simples história. O filme é uma verdadeira aula de cinema e adaptação. Também a longa duração pode parecer cansativa, me refiro há 238 minutos, é mole? E falando nisso, foi esse aspecto que me fez adiar tanto esse filme, assim como também por achar que seria um “novelão”. Mas não é nada disso.

O longa tem uma duração bastante longa por que é necessário, a história de romance é tão completa que é quase impossível encurta-la, e pra quem admira as maravilhas da sétima arte, isso não é problema nenhum, sem falar que esses 238 minutos passa que você não percebe. E sobre ser um “novelão”, há quem diga que as novelas se originaram aqui, por que em quase todas elas abordam temas românticos em meio a muitos conflitos, que são parecidíssimos com o que vemos em E o Vento Levou, mas achar que por parecer uma novela, não é um filme digno de ser assistido, é uma tolice muito grande.


Depois que vi o filme, tal suposição foi totalmente esquecida, e considero mais importante é ver o quão fantástica é essa adaptação e depois de analisar cada segmento, atuações, cenários, figurinos, levar em conta a época histórica em que se passa, é praticamente impossível não ficar maravilhado com esta obra. Por outro lado, sei que há pessoas que não gostaram tanto, o acharam muito superestimado. E nesse caso, cada um com sua opinião e devemos respeitar. Todavia, por experiência própria e como admirador desse filme, só eu sei como foi a sensação que tive depois de ter conferido, assim como todos aqueles que aclamam esse clássico com muito entusiasmo.

Em primeiro lugar, me encantei ao ver Viven Leigh em cena, afinal quem também não a admira? O filme gira completamente em torno de sua personagem, a famosíssima Scarlett O’Hara, que é uma jovem de temperamento forte e o centro das atenções dos marmanjos (óbvio né), e que nutre secretamente uma paixão pelo noivo de sua prima. A história caminha nessa linha narrativa sobre uma mulher apaixonada por alguém que não a corresponde dos mesmos sentimentos, enfrentando a partir disso, conflitos amorosos e desilusões. O que além de gerar desconforto, também culmina em possíveis relações amorosas com outros homens, mesmo quando não se considera apaixonada por nenhum, a não ser aquele que já está comprometido.


Em segundo lugar, o filme faz contraste desse clima romântico com uma guerra civil devastadora, que afeta todos naquela região. Quando o filme começa a mostrar as mudanças que a guerra causa, dividindo os maridos das esposas, é aí que começa a acelerar o ritmo, porém, sem perder o drama romântico que perdura entre os personagens, mesmo diante de tanta violência. Entretanto, quando tragédias passam a acontecer, as disputas amorosas vão ficando de lado, fazendo com que um cuide do outro.

O filme é dividido em duas partes, onde na primeira narra os eventos que antecedem a guerra e o inicio dela, e a segunda narra os eventos que sucedem após várias tragédias causadas no confronto. E mesmo que Scarlett seja a protagonista mais explorada, há também outro personagem que divide quase que igualmente a tela; estou falando também do famoso Rhett Butler, que é interpretado magistralmente por Clark Gable. Ele também é um protagonista, e sua participação na trama ocorre quase que por acaso após cruzar o caminho de Scarlett, mesmo sem intenção. O seu desenvolvimento, embora seja diferente de Scarlett, é bastante útil no que se refere a sua personalidade, ele é um personagem que servirá como provação em diversas situações retratadas no filme. Por isso que agora eu entendo que a dupla Gable e Leigh é muito lembrada e em alguns casos, são citados como exemplo. Butler como o galanteador que não perde uma, e Scarlett a mulher que hipnotiza qualquer homem.


Falando mais um pouco da personagem de Vivien Leigh, embora seu temperamento apresentado no filme possa parecer um tanto feminista, é justo levar em conta que sua maneira de enxergar as coisas em sua volta e por dar importância à família em momentos de desespero, torna a sua personagem bastante profunda e carismática. Entendemos também que a personagem Scarlett O’Hara é bastante complicada e que exigia o máximo da atriz, tanto pelas emoções quanto pela personalidade rude. Ao pesquisar mais sobre ela, constatei que houve mais de 1400 atrizes que foram entrevistadas e muitas delas fizeram testes para o papel, deve ter sido difícil ter escolhido, pois havia tantas atrizes de muito talento naquela época que sem dúvida fariam uma Scarlett tão bem quanto Leigh, mas depois de ver o filme, fica difícil imaginar outra atriz interpretando-a.

E o Vento Levou é um clássico épico e histórico, e que deve ser visto por todo cinéfilo pelo menos uma vez. A importância desse filme é tão grande, que mesmo hoje 79 anos depois continua tendo o mesmo efeito. Literalmente, é um filme que não envelhece, não importa o tempo que passe. Algumas pessoas o consideram como o “melhor filme de todos os tempos”, eu não posso partilhar dessa opinião por que não me sinto bem em exaltar filmes que são de fato obras-primas, em relação a outros que também são obras-primas, mas entendo perfeitamente a aclamação maior por este filme que marcou época. 

NOTA: 10/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

quinta-feira, 22 de março de 2018

O OLHO DO MAL (2008)


Filmes de terror que tem em especial a finalidade de dar sustos, nem sempre é bem recebido, em alguns casos, se a história for boa o suficiente, pode arrancar elogios do público. Mas, em filmes que são refilmagens, parece que não há perdão. O Olho do Mal, título original The Eye, lançado em 2008 e com a direção David Moreau, foi uma das refilmagens de filmes de terror que apenas assustam, e obteve muitas críticas negativas. O filme é estrelado por Jessica Alba, Alessandro Nivola e Parker Posey.

Sinopse: Sydney Well, interpretada por Jessica Alba, é uma jovem cega que recebe um transplante de córneas. Depois da operação, ela descobre que adquiriu o dom de ver pessoas mortas. Para tentar desvendar algo sobre esse poder indesejado, ela sai em busca da verdade sobre seu doador.


Em opinião particular, eu até que gostei desse filme, mesmo com sua simplicidade em algumas cenas de mortos meio clichê. A narrativa propõe um pouco de drama relacionado à vida da protagonista, que é cega desde que sofreu um acidente quando era criança. Durante boa parte do filme, esse acontecimento na vida da jovem é abordado, e após sua cirurgia parece que todo aquele sofrimento havia ficado no passado, e que agora era aproveitar a nova vida. Nesse ponto, eu concordo que o filme é lento em pegar o ritmo, mas quando pega, o clima começa a ganhar uma boa dose de tensão, que mistura aparições sombrias e misteriosas atormentando a protagonista, essa parte do filme é ótima para acompanhar.

Jessica Alba faz o que pode para manter sua personagem no devido espaço que tem, ainda que vários acontecimentos como enxergar vultos, alguns deles dão um susto bem grande no espectador. Sem levar muito para o lado sobrenatural, o filme passa a explorar bem essas aparições que começam a ocorrer após a cirurgia.


No entanto, eu achei mais interessante, e acredito que a maioria também achou, foi o momento em que Sidney não a reconhece em uma foto, e sim ao se olhar no espelho, ela vê outra pessoa. O longa vai aos poucos caminhando nesse mistério, o que motiva a protagonista a ir até o fim para saber mais sobre a vida da doadora e consequentemente descobrir o que são aquelas aparições que somente ela enxerga.

E é aí que a tensão perde o ritmo. Pois como agora tais vultos não mais assustam, e o filme passa a partir daí se importar em apenas desvendar um mistério envolvendo a pessoa que doou as córneas, o terror vai literalmente por água abaixo, e o desfecho foi muito previsível. Eu ainda não assisti a produção original e, portanto, não posso fazer comparações entre ambos. Mas ainda com todos os defeitos, O Olho do Mal dá para passar o tempo sem ficar depois chateado, mas não esperem um terror de verdade, pois as chances de se decepcionar serão muito grandes. 

NOTA: 6/10

Veja o trailer no vídeo abaixo:

segunda-feira, 19 de março de 2018

LUA DE PAPEL


Eu sempre costumo fazer listas de filmes que vou assistir em uma semana ou no mês, mas por conta de alguns imprevistos, fatores habituais no meu dia-a-dia ou o costume de dar preferência a alguns lançamentos; muitos filmes acabam sendo adiados. Isso acontece muito, e um dos filmes que sofreu com isso foi Lua de Papel, título original Paper Moon, lançado em 1973 e dirigido por Peter Bogdanovich. Fazia tempo que eu pretendia ver esse filme, nem lembro ao certo que ano eu o havia selecionado. E como é inevitável, o arrependimento é grande por tê-lo deixado de lado, por que o filme é uma obra-prima daquelas que dificilmente você se esquece.

Lua de Papel é uma comédia dramática simples, porém, divertida o suficiente para nos cativar e entreter bastante. Estrelado por Ryan O’Neal e Tatum O’Neal, e vale dizer que não é mera coincidência o sobrenome de ambos, pois são pai e filha atuando juntos. Lua de Papel tem um marco memorável na história da sétima arte, pois através desse filme que o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante foi entregue para a garotinha Tatum O’Neal que tinha apenas dez anos, se tornando a pessoa mais jovem a conquistar um Oscar dessa categoria.


A história do filme se passa durante a Grande Depressão nos anos 30, e por isso foi filmado em preto e branco, nos trazendo através disso uma fotografia maravilhosa. O enredo do filme gira em torno do vigarista Moses Pray (Ryan) que costuma aplicar golpes em viúvas, e a garotinha Addie Loggins (Tatum) que havia ficado órfã e cabe a Moses, a responsabilidade de levar a garota para a casa de seus parentes, ignorando qualquer possibilidade de que Addie seja sua filha. No caminho, os dois acabam ficando parceiros, aplicando juntos golpes para ganhar dinheiro, que juntando a lábia de Moses e a simpatia de Aggie, a dupla é até hoje conhecida por muitos como a dupla de vigaristas mais famosa do cinema.

É impossível não se encantar com a química entre os protagonistas, claro que o fato de serem pai e filha tem contribuído bastante nesse sentido. O filme te prende de uma forma impressionante! Rimos de várias cenas, as atitudes da menina para com seu tutor temporário, e vale mencionar que Aggie tem uma mentalidade bem madura para uma criança da idade dela, isso acaba se tornando um grande motivo para Moses se aproveitar dela para aplicar golpes diferentes. Mas, nem por isso ele pode fugir da esperteza da garota que não quer trabalhar de graça.


Em várias situações em que os dois golpistas se veem inseridos, chega uma hora em que a missão de levar a garota para a casa dos parentes é praticamente esquecida. Por que a maneira como eles ganham dinheiro com muita facilidade juntos, na mente deles sem dúvida, o que importa é isso. Aliás, a garota não conhece nenhum parente, e por ela se identificar melhor com aquele que pode ser seu pai, não há alternativa a não ser viver com ele, mesmo que em vários momentos, seja contra a vontade dele.

E pelo o fato do filme ser um pouco ousado na questão do politicamente correto, por conter uma criança que fuma e mente de maneira descarada, alguns podem não aprovar essa ousadia. Por outro lado, se levamos em conta a situação da época em que é retratada, a vida da garota e sua família como a mãe falecida e o provável pai, que tendência o filme poderia trazer em relação à menina? Em minha humilde opinião, isso não foi um fator desnecessário, e sim teve um grau bem realista envolvido.


Como eu disse no inicio, Lua de Papel foi um filme que eu adiei bastante, no entanto, eu sabia que o filme poderia ser bom, mas não imaginava a grandeza estabelecida por um roteiro bacana, a fotografia impecável e as atuações principais dignas de serem admiradas, se eu soubesse disso, jamais teria demorado tanto para ver o filme. Mas, isso é uma coisa que não dar para adivinharmos, às vezes por levar em conta o que a maioria diz, nem sempre irá ser a mesma coisa com a gente, por isso eu evito levar em conta a opinião de terceiros.

Mas, após assistir o filme, tenho certeza que pode agradar muita gente que ainda não viu ou que tem a curiosidade de ver. Como já é evidente, se trata de uma comédia bem diferente e original, não importando as circunstâncias pelo qual o filme irá nos retratar. Lua de Papel é um passatempo saudável que remete também aos sentimentos de perda ou decepção, seja por meios financeiros ou familiares. 

NOTA: 10/10

Assista a uma cena do filme no vídeo abaixo:

sábado, 17 de março de 2018

A OITAVA ESPOSA DO BARBA AZUL


Ao explorar o cinema da década de 30, posso afirmar que aquela época foi uma das mais marcantes da história da sétima arte, por que existem grandes feitos de quase todos os gêneros, citando alguns deles temos o drama, suspense, romance e terror. Além disso, a comédia é bem vasta e possui grandes obras divertidas e que nos conquistam facilmente. O que tem me conquistado em especial, foram algumas comédias românticas da década de 30, inclusive já falei sobre uma delas aqui no blog (clique aqui). E outro filme do gênero tem sido pra mim um grande motivo para admirar cada vez mais o cinema daquela década, esse filme é A Oitava Esposa do Barba Azul, título original Bluebeard’s Eighth Wife, lançado em 1938, e dirigido por Ernst Lubitsch (1892-1947).

O filme é baseado em uma peça teatral, e seu título faz referência ao personagem do conto infantil "Barba Azul", embora esse personagem não tenha nenhuma relação com o filme, exceto na sua personalidade que no filme é refletida em um dos protagonistas. A Oitava Esposa do Barba Azul é estrelado por Gary Cooper (1901-1961) e Claudette Colbert (1903-1996) esta inclusive foi a protagonista do filme citado no link acima. Esses dois protagonizam essa comédia romântica de uma forma bem superficial, que mesmo não indo muito a fundo na essência de cada personagem, eles conseguem prender a atenção do espectador devido a excelente química entre ambos no meio de diversas situações um tanto inusitadas, que nos diverte bastante durante 85 minutos de filme.


Sinopse: Michael Brandon (Gary Cooper) é um americano milionário que já se divorciou sete vezes. Pronto para casar-se de novo, ele encontra a bela e simpática Nicole (Claudette Colbert) de Loiselle na Riviera Francesa. Apaixonado, pede sua mão. Ela resiste porque o achou meio arrogante, mas acaba convencida pelo pai, o Marquês de Loiselle, que está sem nenhum tostão. Na festa de noivado, ela descobre tudo sobre Michael e, furiosa, consegue um vantajoso acordo pré-nupcial. Depois do casamento, entretanto, além de recusar-se a consumá-lo, Nicole ainda finge um romance com um amigo, e tudo isso faz com que Michael vá à loucura.

O filme como um todo gira em torno dos dois. Inicialmente, vemos um pouco de cada um, suas personalidades e o comportamento diante das pessoas. Vale frisar a cena do começo onde Michael entra em uma loja de roupas onde planeja comprar um pijama e logo de cara se vê incomodado com um vendedor chato que fica falando o tempo todo. Essa cena serve como uma pequena amostra de como o filme vai caminhar em direção ao humor, sem extrapolar o romance que é prometido no pôster e sinopse. Na verdade, eu achei que essa abordagem inicial é uma forma bacana de ver que rumo o filme irá tomar, e é por isso que nesse exato momento, a personagem Nicole aparece e cruza o caminho de Michael. Então, o clima do filme passa a ser bem típico, o homem apaixonado persegue a mulher aonde quer que ela vá.


No entanto, o filme nos dar um forte indício logo no começo que Michael é um homem que não entende dos princípios relacionados ao amor. Sua personalidade reflete muito bem as pessoas que se aproveitam dos bens que tem para comprar o que quiser, o que inclui comprar uma futura esposa. E isso é claro quando ele conhece o pai de Nicole, que mesmo antes de ter uma conversa com a moça, ele já acerta tudo para o noivado. Achei interessante esse aspecto, por que antigamente as mulheres não tinham liberdade de escolher seu marido, quem fazia isso eram seus pais. No caso do filme isso não é diferente, mas o legal aqui, é que o pai de Nicole louco por dinheiro age de maneira extremamente cômica a cada vez que se mencionava dinheiro envolvido no casamento. As cenas dele são hilárias demais, e esse foi um dos pontos fortes na comédia apresentada.

O filme pode ser dividido em duas partes, onde a primeira conta os eventos que antecedem o casamento de Michael Brandon e Nicole, e a segunda após esse evento. As duas partes possuem cenas pra lá de engraçadas, conforme já foi mencionado, o pai de Nicole é um dos personagens principais, no que diz respeito a roubar a cena em situações engraçadas. Mas depois do casamento da filha, o foco passará a ser ela e seu marido. Como foi mencionado na sinopse, Nicole faz um acordo onde ela seria a detentora de vários bens, e para piorar a situação de Michael Brandon, que fica em uma espécie de beco sem saída, sem poder se divorciar para não perder metade dos seus bens, ainda tem de enfrentar a rigidez de sua esposa que dorme em outro quarto, e nem sequer lhe da um beijo. (Exceto nessa cena abaixo, só que se tratou de um beijo com gosto de cebola, e por sinal é uma cena muito hilária).


Poderíamos até mesmo imaginar que essa oitava esposa pretendia roubar tudo de seu marido, mas esse não é o caso. A intenção de Nicole que chega a afirmar que ama seu marido, é dar uma lição nele, para que ele deixe de ser egoísta e respeite os direitos que uma esposa deve ter, mesmo que para isso tenha que magoá-lo muito. E durante esse festival de torturas emocionais e psicológicas, acontecem muitas cenas divertidas, onde na maioria delas o milionário Michael Brandon age como uma criança, tentando aprender a como dominar sua esposa, e claro sempre se dando mal em tudo. A química entre Claudette e Gary é sensacional, e na minha humilde opinião foi isso que tornou o filme bem eficaz em seu objetivo. O final talvez não seja previsível para algumas pessoas, mas terminou muito bem e deixou uma mensagem que eu particularmente considero muito importante, principalmente para os casais que enfrentam problemas no relacionamento.

Por isso, recomendo que assistam A Oitava Esposa do Barba Azul, que é mais uma das grandes relíquias da década de 30, uma comédia romântica de alto nível que além de nos divertir a cada instante, nos traz uma mensagem peculiar em relação a atitudes machistas e egoístas motivadas em especial por interesse e prazer próprio. De acordo com as leis brasileiras, esse filme se encontra em domínio público, o que significa que você pode assisti-lo à vontade. E em respeito a isso, recomendo que assistam no site VK, acessando este link. Lembrando que se você ainda não tem um cadastro no site, que o faça de forma gratuita para poder conferir o filme. 

NOTA: 8,2/10

quinta-feira, 15 de março de 2018

BIRDEMIC: SHOCK AND TERROR


Essa semana, eu resolvi dar uma conferida em um dos piores filmes da história. Sim, eu já conhecia a fama desse filme, e por mera curiosidade me dei ao luxo de apreciar essa “maravilha”. Essa postagem será um pouco irônica, então não estranhem caso se deparem com alguma parte em que eu faço algum tipo de sarcasmo. Mas por que irei fazer uma postagem assim? Bem, ás vezes é preciso desabafar quando assistimos coisas ruins, nesse caso, não será um desabafo, pois como eu disse, eu estava ciente da porcaria que é esse filme. Portanto, o que eu quero mesmo é soltar o verbo (moderadamente claro) contra esse filme que não é recomendável para nenhum ser humano.

O nome dessa “obra-prima” é Birdemic: Shock and Terror, lançado em 2008 e dirigido por James Nguyen, que segundo ele, tentou fazer algo parecido com o clássico Os Pássaros de Alfred Hitchcock, mas por favor, não comparem o mito Hitchcock e seu brilhante filme de pássaros com essa caganeira que apareceu em pleno século 21, e também não adianta dizer que a má qualidade se deve ao baixo orçamento que não cola, pois conheço muitos filmes com orçamento muito mais baixo que são infinitamente melhores do que esse. Pra ser bem sincero, eu não sei se o diretor resolveu fazer uma “bomba” de forma proposital, por que realmente quando começa o filme, logo nos momentos iniciais, é como se o diretor tivesse falando: “para de assistir, enquanto há tempo.” O começo é muito chato! São 3 minutos acompanhando um carro na estrada, enquanto toca uma música de fundo tão irritante que dá nos nervos. Eu vou soltar spoilers, por que eu sei que a maioria das pessoas não se importam em saber coisas desse filme, mas se não quiser saber algumas revelações, não siga a leitura.


Bem, dividimos o filme em duas partes, em que a primeira mostra um romance muito chato, entre um vendedor de Software chamado Rod (Alan Bagh), que logo “nos cativa” com sua “brilhante” atuação, e uma jovem chamada Nathalie (Whitney Moore), que com certeza nunca pisou em uma sala de teatro na vida. O filme acompanha o envolvimento dos dois nos primeiros 45 minutos de filme, onde não acontece absolutamente nada, nada de ataque de pássaros e nem mesmo uma cena de sexo entre os pombinhos, só tem blá, blá, blá. Se você está achando que só foram apenas a falta de clima romântico e tensão no filme, você não viu foi nada. Nessa primeira parte, assim como toda a produção, o filme é repleto de erros, como por exemplo, cortes mal feitos, falas mecânicas, fotografia ridícula, música de fundo de quintal, cenas aleatórias que nada contribuem no filme, roteiro mequetrefe e principalmente as atuações toscas e medonhas, no sentido extremo mesmo! São 45 minutos de pura enrolação, sem conteúdo, um enredo fraquíssimo, cenas mal feitas, aliás, parece que foi gravado com uma câmera de celular, em que mal dá pra captar o som, e como se não bastasse em várias ocasiões que a câmera acompanha os personagens de longe. Se já estava ruim, eles ainda fazem questão de deixar a coisa pior.

Quando chega o momento em que Rod e Nathalie vão para um motel de quinta categoria, a gente pensa: agora sim a coisa vai ficar boa! E então o que acontece? Nada! O cara não faz nada com a mina, a não ser esfregar seus pés nos pés dela. Quando começa o ataque dos pássaros na cidade, lá nos 47 minutos, a cena vem do nada, não há contexto pra ela. E o ataque? É as mil maravilhas! Juro pra vocês que mesmo sabendo como seriam as cenas, eu caí na gargalhada. Pra quem não sabe, os pássaros desse filme “maravilhoso” fazem barulhos de avião e os pios são terríveis, doem os tímpanos de quem tá escutando, e ao se chocarem nas casas e árvores, eles explodem, como se fossem pássaros kamikaze. Putz... E os efeitos das explosões? Meu Deus do céu. Queria saber quem foi o responsável pelos efeitos especiais, para poder dar os parabéns pelo excelente trabalho!


Quando o casal sai do quarto, eles se juntam a outro casal ali, e saem do motel armados para se protegerem das aves, e com que eles se armaram? Pasmem! Eles saem do motel com cabides para se protegerem. Oh, meu Deus do céu. A cada cena que passava a coisa ficava pior, não por causa do ataque dos animais, mas pela bizarrice que filme fazia questão de mostrar. Quando os dois casais entram em um carro depois de lutarem com seus cabides “mortais”, eles passam a usar armas... (Por que não pegaram logo ao invés de usar cabides?) E quando atiram, é munição que não acabava nunca, e para piorar eles atiravam para o nada, e sem contar que os efeitos de tiro não combinavam com o som. Tudo mal feito e tosco!

Quando os pássaros atacam, as cenas são de deixar qualquer um boquiaberto, por que simplesmente são gifs colados na tela, e os “atores” lutando contra o vento. Além disso, o modo como as aves ficam fixas não tem a menor lógica. Elas ficam com as asas abertas enquanto estão paradas. Que aves são essas? São de outro mundo? Elas conseguem driblar as leis da física? Sério pessoal, a gente tem que rir pra não chorar diante dessa ofensa ao cinema. E mais absurdo ainda, quando eles saem de carro na estrada atirando pra tudo que é lado eles encontram e salvam duas crianças e lá na frente fazem um piquenique a céu aberto. Como isso é possível? Se as aves estão atacando tudo e todos, qual a lógica de fazerem um piquenique a céu aberto? Ao invés de estarem lutando para sobreviver, estão agora passeando se divertindo? É sério gente, não sei como eu tive tanta paciência para aguentar isso, mas enfim, eu escolhi ver por que sou curioso demais, então não posso culpar ninguém a não ser eu mesmo.


Agora eu quero compartilhar com vocês a melhor cena do filme. Após uma garota ser morta, o namorado dela (não estou me referindo aos dois protagonistas), tenta salvar pessoas presas dentro de um ônibus, onde os pássaros estão atacando. O cara pega a sua arma, atira contra as aves, mas não acerta o ônibus e muitos menos as pessoas que estão ali, é como se o ônibus fosse à prova de balas, mas não à prova de pássaros... Vai entender. E o pior não é nem isso, e sim quando esse cara metido a herói entra no ônibus e tira as pessoas à força e note que elas não estavam a fim de sair, e assim que saíram foram atacados pelas aves que atiraram uma coisa gosmenta que até agora estou tentando entender se é vômito, cocô ou urina, e faz com que as vítimas morram, em uma atuação pra lá de emocionante... E outra cena pra lá de absurda é quando um velho tenta roubar a gasolina do protagonista que havia pagado caro por ela, e quando esse velho é morto por um dos pássaros, ao invés do camarada recuperar o galão de gasolina, ele entra no carro e abandona o combustível. E lá na frente ele reclama quando a gasolina do carro acaba... “Pelas barbas do profeta, como tu é burro cara!”

Então caros leitores, mesmo com toda a bizarrice vista em Birdemic: Shock and Terror, que chega a ser algo inacreditável, o filme ficou muito famoso por justamente ser ruim. E a Severin Films adquiriu os direitos de exibição e transformou Birdemic em um dos filmes mais conhecidos na categoria dos piores filmes já feitos, e o sucesso acaba chegando até mesmo a bancar uma continuação, pois mais incrível que possa parecer. O filme Birdemic: Shock and Terror é considerado um dos piores filmes da história. E como experiência pessoal, eu não vejo onde posso elogiar essa produção, e sim comentar e criticar os absurdos que somos submetidos a acompanhar, e é por isso que escrever esse texto foi muito divertido para mim, ao invés de ser um desabafo, por que eu sabia que o filme é tão ruim que chegaria a ser engraçado, todavia, eu não recomendo o filme, a não ser que você seja uma pessoa muito paciente e que tenha força de vontade em ter que aguentar noventa longos minutos de lixo puro. Se conseguir isso, você é um(a) guerreiro(a). 

NOTA: 1/10

O trailer do filme está no vídeo abaixo, como uma pequena amostra dessa “obra-prima”, se quiserem assistir o filme completo, pesquisem no YouTube que você o encontra para assistir com legendas em português. Divirtam-se!