Páginas

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

UM CONTRATEMPO


Sou um cara que ama filmes de suspense, em especial aqueles em que contém uma reviravolta pra deixar a pessoa boquiaberta. Conheço e aprecio diversos filmes assim como Psicose, Testemunha de Acusação, Os Outros, A Chave Mestra, O Sexto Sentido, Jogos Mortais, A Órfã, entre muitos outros. O cinema espanhol também não fica de fora dessa, após assistir Um Contratempo do diretor Oriol Paulo, fiquei abismado com um roteiro tão inteligente, bem conduzido e atuado. Uma trama extremamente interessante e que nos prende à tela durante seus 106 minutos de duração, sendo até mesmo considerado como uma alusão ao imortal mestre do suspense Alfred Hitchcock.

O filme foi lançado em 2017 nos cinemas e obteve uma recepção muito favorável do público. E por ser uma produção espanhola, algumas pessoas pode não se interessar logo de cara, mas em contrapartida depois de dar uma chance ao filme, sairá impressionado, não apenas pela qualidade técnica, mas pela fotografia, as atuações e a maneira como o filme se desenvolve, que abusa dos flashbacks ao contar os acontecimentos do filme, montando um gigantesco quebra-cabeça. A película é estrelada por Mario Casas, Ana Wagener, José Coronado e Bárbara Lennie.

Sinopse: Tudo está indo muito bem na vida de Adrian Doria (Mario Casas): seu negócio é um sucesso, sua família é linda e sua amante Laura (Bárbara Lennie) não tem problemas com o fato de manterem seu caso em segredo. Até o dia em que ele desperta num quarto de hotel, depois de ser atingido na cabeça, e encontra Laura morta no banheiro. Como o quarto está trancado por dentro, sem nenhuma maneira de entrar ou sair, ele é imediatamente acusado pelo crime, mas recorre à melhor advogada de defesa da Espanha, Virginia Goodman (Ana Wagener), para tentar reconstruir o que realmente aconteceu. É quando Doria confessa uma história terrível envolvendo um acidente e a morte de um jovem inocente.

Um Contratempo é uma trama repleta de grandes reviravoltas que surpreende a cada minuto, além de possuir um desfecho impressionante! A direção de Oriol Paulo é excelente, ele consegue construir através de teorias propostas pelos personagens um grande quebra-cabeça, que está cheio de mentiras camufladas e que até mesmo quem está dentro do filme terá de usar a inteligência para distinguir um relato verdadeiro de um falso. A ligação das cenas é bem sintonizada e isso se deve a um roteiro complexo, porém, muito bem elaborado. Cada peça do filme, mesmo as minúsculas são de grande importância e que contribuirá para cada reviravolta. Temos que prestar atenção também nos diálogos, movimentos e as situações pelo qual os personagens se veem inseridos. Para tudo há um propósito, e o roteiro não deixa passar quase nada.

As atuações de Mario Casas e Bárbara Lennie refletem muita frieza e determinação ao lidar com assuntos difíceis, mesmo quando eles estão sendo encurralados. Agora quem mais cativou foi à atriz Ana Wagener, interpretando a advogada de Adrian, seu jeito calmo e equilibrado se torna muito evidente quando ela passa a mostrar uma inteligência incrível! As atuações dela mostra o quão astuta foi, chegando a impressionar a cada segundo que passa. A trama envolvendo assassinato é mesclada com outro acontecimento que se desenvolve de acordo com o depoimento que o protagonista relata para a advogada, mas com alguns furos na história dele, o filme passa a nos mostrar através das palavras da advogada, as diferentes teorias do que tinha acontecido, como forma de montar um argumento em defesa de Adrian, mas com muitas mentiras sendo jogada na mesa, a premissa inicial vai aos poucos perdendo o foco, sem que percebamos, mas o clima de suspense e tensão só aumenta, causando grandes expectativas da parte de quem assiste.

Assim, quando começa com o assassinato no hotel, a página vira e se foca no acidente envolvendo um jovem, onde seus pais tentam desesperadamente saber o que aconteceu a ele. O filme de alguma forma chega a criticar a postura de pessoas ricas que se aproveitam do dinheiro para cobrir seus erros e afetando os mais carentes, e isso acontece sem que ninguém se importe. O que talvez possa corroborar para atos extremos, tal como em uma das teorias da advogada Virginia sugere. Ainda assim, quando o filme chega ao impactante e surpreendente desfecho, parece que fica algumas coisas em branco, só que mais nada poderia ser feito, pois se prestarmos mais atenção vamos ver Adrian confessando o crime em um determinado momento. (Obs: só percebi isso na terceira vez que assisti esse filme). 

O filme é difícil de entender? Não se você prestar a detida atenção, nos diálogos e os pequenos detalhes. Um Contratempo não é um filme complexo, por que ele nos explica os detalhes com muita naturalidade, sem se contradizer. Pois já vi algumas pessoas afirmarem que o filme se contradiz nos relatos, mas leve em conta que os relatos feitos pelos personagens vêm a partir da sua visão dos fatos, e como é um jogo de verdades e mentiras, isso não quer dizer que a primeira sugestão seja a verdadeira. Pois se trata de teorias. E aos poucos, o caso do assassinato no hotel se torna irrelevante, quando o foco passa a ser o jovem acidentado, e assim como Adrian havia participado ou até mesmo sendo o responsável pelo desaparecimento do jovem, o caso do hotel fica em segundo plano. Todavia, se resolvesse o caso do jovem, automaticamente o caso do hotel também fica resolvido. Logicamente o filme é cheio de perspectivas que fica a cargo do espectador.

Um Contratempo é um suspense de qualidade e autêntico, mergulhado em um clima de mistério diante de um caso intrigante, conduzido por um roteiro inteligente e recheado de reviravoltas. Dos filmes que assisti nesse ano de 2017, que por sinal, está acabando, Um Contratempo está entre os melhores que tive o prazer de acompanhar, pois fiquei maravilhado com o principal aspecto que torna o filme uma produção extremamente grandiosa: a manipulação das perspectivas através das falas. Isso é fácil de notar apenas nos minutos finais, onde a grande reviravolta se manifesta, é que iremos nos dar conta dos diálogos ditos lá no inicio, onde jamais iríamos imaginar que tal coisa poderia ser assim, isso me faz lembrar o clássico, O Sexto Sentido, mas aqui com um tema diferente e também muito bem encaixado. 

Nota 10/10


Assista o trailer no vídeo abaixo:

2 comentários:

  1. Ótimo filme, com uma trama extremamente bem amarrada.

    Por sinal, todos os filmes de Oriol Paulo (como diretor ou apenas roteirista) seguem o mesmo estilo.

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. O MELHOR FILME QUE JÁ ASSISTI.

    ResponderExcluir