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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O GAROTO (1921)


Há aproximadamente 100 anos atrás, o cinema não era tão popular como hoje, sendo mesmo uma das grandes novidades da época, mas sem os recursos e a tecnologia que temos hoje em dia. O até hoje aclamado Charles Chaplin era um dos principais nomes do cinema naquela época, onde suas obras se espalharam e conquistaram a satisfação do público geral. Mesmo sendo em um período conturbado, afetado por grandes guerras, Chaplin se dava ao trabalho de produzir algo engraçado que mantivessem um sorriso no rosto das pessoas. E isso de fato, ele consegue isso através de suas grandes produções até hoje lembradas como um tesouro antigo que vale a pena assistir quantas vezes for necessário.

Em 1921, Charles Chaplin dirigiu, escreveu e protagonizou aquele que seria considerado uma das suas melhores façanhas, O Garoto. Além de Charles Chaplin, o filme conta com os nomes de Jackie Coogan e Ena Purviance, o filme é uma comédia dramática que envolve o amor entre duas pessoas, para ser bem mais específico, se trata do amor que deve ter entre um pai e um filho, e como obstáculos tais como a pobreza faz com que a união de ambos deve prevalecer mesmo que para isso, alguns delitos sejam cometidos. Mas sem fazer nenhuma defesa a atitudes criminosas, O Garoto se importa unicamente em mostrar ao público o drama vivido por um menino abandonado que é criado por um homem pobre e sem trabalho, tudo conduzido de uma maneira divertida e dramática, que até mesmo fará os menos sensíveis se emocionar com as situações retratadas no filme.

Sinopse: Uma mãe solteira deixa um hospital de caridade com seu filho recém-nascido. Ela percebe que não pode dar para seu filho todo o cuidado que ele precisa assim ela prende um bilhete junto à criança, pedindo que quem o achar cuide e ame o seu bebê, e o deixa no banco de trás de um luxuoso carro. Entretanto, o veículo é roubado por dois ladrões, que, quando descobrem o menino, o abandonam no fundo de uma ruela. Sem saber de nada, um vagabundo faz seu passeio matinal e encontra a criança. Inicialmente, o homem quer se livrar dele, mas diversos fatores sempre o impedem e, gradativamente, ele passa a amá-lo, decidindo então criar o menino. Conforme os anos passam, o garoto e o vagabundo formam dupla para conseguir sustento, e juntos eles enfrentarão situações difíceis quando o governo tenta levar a criança para um orfanato. Ao mesmo tempo, sua verdadeira mãe, agora uma renomada cantora de ópera tenta reencontrar o filho, oferecendo uma recompensa a quem o achar.

Dito de maneira simples, o filme toca o coração dos pais, que são os únicos que sabem o que é o amor por um filho. O filme remete a essa perspectiva desde o inicio, e absolutamente nada tira esse pensamento, mesmo diante das situações engraçadas que o garoto e o vagabundo passam para conseguirem dinheiro e comida. Mesmo sendo alguém miserável, sem trabalho e sem nada, o personagem de Chaplin consegue demonstrar um afeto imenso para seu companheiro, e da mesma forma que o menino ama seu pai de criação, e mais parece que nada irá separá-los. São sequências ótimas que tornam o filme muito agradável de ver.

Misturando humor e tristeza em uma única trama, Charles Chaplin conduz o filme de forma impecável e sem vestígios de chatice. Por mais que algumas cenas nos emocionem, como quando os oficiais tentam arrancar o menino da casa do vagabundo e vemos seus pequenos braços esticados querendo voltar para aquele que passou a ser seu pai, de fato é uma cena muito triste e comovente, mas, ao mesmo tempo o filme não perde o grau humorístico que possui, mesmo diante de situações que são capazes de nos fazer chorar. Uma forma genial de mesclar duas situações opostas!

Também é importante mencionar o drama vivido pela mãe do garoto, que decide tomar uma decisão dolorosa para uma mãe. Não se trata aqui daqueles monstros que vemos nos noticiários, que abandonam uma criança sem mais nem menos dentro de um latão de lixo, longe disso! Os motivos pelo qual levam a mãe do garoto no filme a abandonar seu filho são devido as suas condições financeiras, e que sua esperança era que seu filho fosse cuidado por alguém que realmente possa suprir as mais importantes necessidades. Mas ainda assim, o sentimento de culpa a tortura até que ela decide tentar reencontrá-lo depois de muitos anos.

Uma lição de suma importância que eu particularmente, consegui enxergar nesse filme, é que mesmo que nós não tenhamos tantos recursos que possam suprir as necessidades de uma criança, o principal todos nós temos: o amor. Se você amar seu filho mesmo diante das dificuldades financeiras, seu filho crescerá com esse sentimento que é capaz de lidar até mesmo com a mais difícil situação. É claro que também o dinheiro é importante nisso, mas pensemos no caso do vagabundo, ele criou o garoto mesmo sem ter condições para isso. Seu afeto pelo menino foi o que realmente fez a diferença, o garoto cresceu amando seu pai adotivo que ao tentarem afastá-lo dele, é motivo suficiente para uma imensa tristeza e solidão. Portanto, o principal ingrediente para cuidar de uma criança é alimentando elas com amor.

O Garoto apesar de estar perto de fazer cem anos desde que foi lançado, é uma obra que não deve ser descartada em hipótese alguma! Mesmo que você não goste muito de filmes em preto e branco e ainda por cima mudo. O filme é uma relíquia super valiosa do cinema, que aborda assuntos de uma forma delicada e divertida. E assim como em outros filmes de Chaplin, aqui temos uma crítica social a respeito do orgulho e medo que as pessoas têm ao enfrentarem desafios e também seu foco central está no valor da família e como esta é importante na vida de uma pessoa, não importando a classe social, pois conforme já dito, onde tiver amor, há sim o prazer de viver. Enfim, O Garoto é um filme sentimental e ao mesmo tempo cômico, produzido e atuado com louvor, é claro que uma obra-prima como essa não pode ficar de fora da lista daqueles que amam o cinema. 

NOTA: 10/10

Assista ao filme completo no vídeo abaixo:


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